Tesouro planeja acelerar projeto de títulos verdes para iniciar emissão em 2023

Tema está sob análise em conjunto com o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários

24 jan 2023 - 05h10

Brasília - Dois anos depois do primeiro anúncio, ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro, o Tesouro Nacional quer estrear o mais breve possível no mercado de títulos verdes. "Esse projeto está sendo resgatado. É possível (que haja emissão ainda em 2023)", disse o secretário Rogério Ceron, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Brasil é o quarto país mais fechado do mundo, quando considerada a relação entre comércio exterior e PIB, aponta o Ministério da Fazenda
Brasil é o quarto país mais fechado do mundo, quando considerada a relação entre comércio exterior e PIB, aponta o Ministério da Fazenda
Foto: Divulgação / Estadão

Em janeiro de 2021, o Tesouro informou que iniciaria a construção de um arcabouço para emitir títulos ligados à ESG (sigla em inglês para padrões ambientais, sociais e de governança). Já se sabia que entre os estudos ligados ao projeto até a colocação prática de títulos levaria tempo, mas o ritmo do processo perdeu força por causa da pandemia de coronavírus naquele ano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está fora do País, em visita à Argentina, prometeu à ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, que a pauta estaria em todos os ministérios da Esplanada. Mesmo antes da vitória de Lula, o Tesouro estudava o tema junto com o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Estadão/Broadcast apurou que a falta de oferta de títulos sustentáveis vem até limitando a agenda verde do BC.

Ceron comentou que o lançamento de um título pelo governo é importante também para o setor privado. "Com a emissão, se cria uma curva de preços para ser a referência para as emissões privadas. Depois que a gente vai ao mercado, constrói essa curva, facilita muito mais, abre o mercado para grupos econômicos que querem acessá-lo. Ter funding para fazer investimentos em energia limpa e indústria verde fica mais acessível. É uma pauta estrutural. Do lado do Tesouro, ter isso viável é importante, estamos trabalhando para isso", afirmou.

Paralelamente ao trabalho do Executivo, o Congresso Nacional também vem atuando no setor. Na Câmara, tramita o Projeto de Lei 2860/22 do deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA), que cria o Programa de Financiamento do Combate às Mudanças Climáticas. Na prática, os investidores terão de aceitar receber menos dividendos pelos títulos verdes em relação aos que existem hoje, como os vinculados à Selic, IPCA ou prefixados, por exemplo.

A diferença do prêmio maior, pelo PL, seria aplicado em projetos ambientais, como preservação de biomas e projetos sustentáveis. O texto prevê a criação de um fundo com esses recursos que seria gerido pelo Banco do Brasil e que caberá à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) definir todos os anos o montante de emissão dos títulos verdes. Já o Tesouro é que detalharia os objetivos da gestão da dívida por meio de seu tradicional Plano Anual de Financiamento (PAF).

Publicidade
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se