Lula diz que UE não deve conseguir aprovar acordo com Mercosul e que desistirá se houver adiamento

Presidente afirma que irá a Foz do Iguaçu na expectativa de que europeus 'digam sim': 'Se disserem não, vamos ser duros daqui para frente com eles'

17 dez 2025 - 13h53
(atualizado às 13h56)

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 17, que teve informações de que a União Europeia não conseguirá aprovar o acordo com o Mercosul a tempo da assinatura no próximo sábado, 20. Em tom duro, Lula afirmou que se o acordo não for assinado agora, "o Brasil não fará mais acordo" enquanto ele for presidente.

A declaração ocorreu durante reunião ministerial na Granja do Torto nesta quarta. Lula reclamou do fato de a reunião do Mercosul ter sido adiada de 2 para 20 de dezembro a pedido da União Europeia, justamente para que fosse possível a assinatura.

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"É importante lembrar que nessa reunião do Mercosul, que era para ser dia 2 de dezembro, mudei para 20 de dezembro porque a União Europeia pediu, porque só conseguiria aprovar o acordo no dia 19. Agora estou sabendo que eles não vão conseguir aprovar. Está difícil, porque Itália e França não querem fazer por problemas políticos internos", afirmou o presidente.

"Eu já avisei para eles que se a gente não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. Faz 26 anos que a gente espera esse acordo. Esse acordo é mais favorável para eles do que para nós. O Macron não quer fazer por causa dos agricultores deles, a Itália não quer fazer não sei por quê", completou.

Lula afirmou que o acordo é mais benéfico aos europeus do que aos sul-americanos. Disse que se não houver a assinatura agora, o governo "será duro daqui para frente com eles".

"Nós do Brasil trabalhamos muito para aceitar esse acordo e passar uma ideia, em um momento em que o presidente dos Estados Unidos quer fragilizar o multilateralismo e fortalecer o unilateralismo. Mostrar ao mundo que um PIB de US$ 22 trilhões estava fazendo um acordo para defender o multilateralismo", afirmou.

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"Vou para Foz do Iguaçu na expectativa de que eles (europeus) digam 'sim'. Mas também, se disserem 'não', vamos ser duros daqui para frente com eles. Nós cedemos a tudo o que era possível a diplomacia ceder", declarou.

Lula adiantou que viajará à Índia no início do ano que vem e que sua última viagem internacional de 2026 será à Coreia do Sul. Disse que não pretende ir à reunião do G7 porque está em "franca campanha".

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