Juros altos e 30% de inadimplência: como reorganizar as finanças

Organizar o orçamento e escolher investimentos de baixo risco tornou-se essencial para atravessar 2026 com estabilidade

25 dez 2025 - 06h19
Resumo
Organizar o orçamento, reduzir dívidas de juros altos e optar por investimentos seguros, como Tesouro Selic, são passos essenciais para estabilizar as finanças e planejar 2026 com disciplina e clareza financeira.
Foto: Freepik

Com o endividamento das famílias brasileiras ainda acima de 77% e mais de 30% da população inadimplente, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e do Serasa, cresce a busca por reorganização financeira para começar em 2026 no azul. Em um cenário de juros reais elevados e retomada gradual da renda, o início do ano é o melhor momento para rever hábitos, reestruturar o orçamento e escolher investimentos de baixo risco e alta liquidez, especialmente para quem deseja formar uma reserva ou quitar dívidas ainda no primeiro trimestre.

É dentro desse contexto que André Bobek, consultor financeiro e fundador da Mhydas Planejamento Financeiro, lista os principais passos para iniciar 2026 com mais estabilidade financeira, mesmo para quem nunca conseguiu manter uma rotina de organização.

Publicidade

1) Comece revisando seu orçamento e definindo objetivos

Segundo Bobek, o primeiro movimento é simples e decisivo: ganhar clareza. “Tudo começa ao definir quais são seus objetivos para 2026: quanto deseja investir, qual renda quer atingir e, se houver dívidas, qual é o tamanho real delas. Sem esse diagnóstico, qualquer planejamento vira tentativa e erro”, afirma.

Criar, ou revisar, um sistema de controle financeiro é determinante. Um orçamento bem estruturado traz previsibilidade e ajuda a distribuir o dinheiro de maneira inteligente entre despesas, metas e investimentos ao longo do ano.

2) Hábitos diários que ajudam a manter disciplina ao longo do ano

A disciplina financeira não depende de soluções complexas, mas de constância. “O hábito mais poderoso é atualizar o controle financeiro, seja em planilha ou aplicativo. Ter clareza das despesas fixas, variáveis e da reserva de emergência mantém o foco, mesmo em meses de mais gastos”, afirma Bobek.

Outro princípio é separar a quantia destinada a investimentos no próprio dia do recebimento. “Pague-se primeiro, mas sempre com consciência dos limites. Essa lógica funciona porque cria compromisso com o futuro”.

Publicidade

O consultor também destaca o impacto de buscar maneiras de ampliar a renda: “Quando a pessoa se pergunta como pode gerar mais valor no trabalho ou assumir novos projetos, abre espaço para crescer. Mais renda significa mais capacidade de investir”.

3) Como definir metas realistas de poupança e investimento

Bobek recomenda a metodologia do PIF (Presente, Imprevistos e Futuro), validada por especialistas de Wall Street. “O ideal é direcionar até 70% da renda para despesas do presente, 5% para imprevistos e 25% para investimentos de longo prazo”, explica.

A partir dessa divisão, torna-se mais fácil projetar quanto investir mensalmente e qual renda passiva se pretende alcançar nos próximos anos. “Quando a pessoa enxerga onde quer chegar, evita frustrações e mantém um planejamento consistente”.

4) Dívidas caras primeiro, investimentos depois

No Brasil, as dívidas de cartão de crédito e cheque especial ultrapassam facilmente 15% ao mês, mesmo em um cenário de Selic alta. Para Bobek, insistir em investir enquanto paga juros tão elevados é um dos erros mais comuns.

Publicidade

“Você não pode receber 1% e pagar 15%. O primeiro passo é organizar a casa: mapear, renegociar e priorizar as dívidas com juros mais altos”, alerta. Depois de reduzir essas despesas, é possível direcionar recursos para a reserva de emergência e iniciar uma estratégia estruturada de investimentos.

5) Ferramentas simples que evitam surpresas no fim do mês

Embora existam aplicativos avançados, o consultor afirma que o básico continua sendo o mais eficiente. “Pode ser planilha, app ou papel. O importante é registrar entradas e saídas, categorizar despesas e acompanhar o patrimônio. O simples funciona, e evita sustos no fim do mês”.

6) Onde investir em 2026: segurança e retorno rápido

Para quem está começando, a prioridade é montar a reserva de emergência e o investimento mais indicado, segundo Bobek, é o Tesouro Selic. “O Brasil tem um dos maiores juros reais do mundo, o que torna a renda fixa extremamente atrativa. E como 2026 é ano eleitoral, é natural que a renda variável tenha mais volatilidade. Por isso, começar pelo Tesouro Selic oferece segurança, liquidez diária e previsibilidade”, completa.

Após construir a reserva, o investidor pode avançar para uma estratégia de diversificação, começando por produtos de renda fixa de médio prazo, como Tesouro IPCA+, CDBs com bons emissores e LCIs/LCAs, que oferecem previsibilidade e ajudam a proteger o poder de compra no horizonte de alguns anos. A partir desse ponto, é possível incorporar gradualmente ativos de renda variável, sempre de forma planejada e proporcional aos objetivos de longo prazo. Isso inclui desde fundos de índice (ETFs) e ações de empresas consolidadas até produtos específicos para aposentadoria, como planos de previdência com boa gestão e taxas competitivas. 

Publicidade

“A lógica é simples: quanto mais claro estiver o objetivo final, mais eficiente será a combinação entre risco e retorno ao longo do tempo”, finaliza André Bobek. 

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

Homework
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações