Em um mercado marcado por ciclos de euforia e queda, cresce o interesse por formas de investir em ações com menos turbulência. É nesse contexto que os ETFs de baixa volatilidade, conhecidos como "low volatility ETFs" vêm ganhando relevância entre investidores que buscam previsibilidade sem abandonar o potencial de retorno da Bolsa.
Segundo Danilo Moreno, analista da Investo, a proposta dos low volatility ETFs é clara: reduzir a turbuência e, ao mesmo tempo, garantir diversificação à carteira.
"A estrutura de um ETF dilui o risco específico de cada empresa dentro de uma carteira diversificada. Em vez de depender do comportamento isolado de uma ação, o investidor acompanha um conjunto amplo de ativos", diz Moreno.
Pedro Mota, gestor de portfólios da Nu Asset, destaca que, no caso de ETFs focados especificamente em estabilidade, como o LVOL11, a suavização é ainda mais direcionada.
"Esse ativo em específico replica empresas do Ibovespa que historicamente variam menos, muitas delas de setores regulados e de resultados mais previsíveis. A carteira é ajustada periodicamente para manter o foco em baixa volatilidade", explica.
Menos risco não significa menor retorno
Uma ideia comum entre investidores é a de que menor volatilidade é sinônimo de retornos menores. Contudo, esse raciocínio não é necessariamente correto.
"A teoria sugere que maior risco deveria gerar maior retorno, mas na prática ações mais estáveis muitas vezes superam a média do mercado. Elas caem menos em crises e acumulam performance superior ao longo do tempo pela força do retorno composto", afirma Moreno.
Mota reforça que a lógica dos índices de baixa volatilidade é selecionar empresas de maior previsibilidade, o que tende a favorecer o desempenho acumulado:
"Companhias de energia elétrica, saneamento e setores regulados formam uma base mais sólida. Elas perdem menos nos períodos de queda e acompanham bem os ciclos de alta."
Quais ETFs de baixa volatilidade são mais procurados?
Entre investidores da Investo, Moreno destaca três produtos:
- BVBR11 - replica o Índice Constância Fatores Defensividade, priorizando empresas de baixa volatilidade, alta qualidade contábil e bons dividendos.
- LFTS11 - ETF que replica o Tesouro Selic, procurado por quem busca preservação de capital com liquidez.
- LFTB11 - combina Selic com uma pequena parcela de Tesouro IPCA+ 2060, funcionando como alternativa estável com potencial de ganho real.
Na Nu Asset, Mota observa que a demanda se divide entre:
- LVOL11 - replica o Ibov Smart Low Volatility B3, com foco em empresas historicamente mais defensivas.
- HIGH11 - voltado a quem busca aumentar potencial de retorno dentro de uma estrutura ainda diversificada.
Pontos de atenção ao escolher e gerir seus ETFs
Os investidores alertam que muitos investidores que procuram estabilidade acabam cometendo equívocos que, na prática, aumentam os riscos.
Um dos mais frequentes é abandonar posições em momentos de turbulência geral do mercado, ignorando o fato de que ETFs de baixa volatilidade são pensados para ciclos longos, não para vencer o mercado todos os meses.
"Em momentos de turbulência, todo o mercado oscila. Até estratégias defensivas", alerta Moreno.
Outro comportamento que joga contra o próprio objetivo é comparar produtos de renda variável com o CDI ou analisar resultados no curtíssimo prazo.
"Quando o horizonte é de meses, qualquer oscilação vira 'perda definitiva'. Isso leva a decisões impulsivas que correm resultados", diz Mota.
Há ainda quem tente montar uma carteira defensiva escolhendo apenas algumas ações "estáveis", acreditando que isso basta para reduzir volatilidade.
"Um único evento pode comprometer toda a carteira. A verdadeira redução de volatilidade vem da diversificação ampla", explica Moreno.
No fim, os especialistas reforçam: buscar menos volatilidade não significa esperar retornos lineares ou eliminar riscos, mas sim construir uma experiência mais estável e coerente com o longo prazo, algo que ETFs de baixa volatilidade conseguem oferecer com eficiência.