A guerra pelas propriedades da Warner Bros. Discovery parece estar longe do fim e ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira, 8 de dezembro. A Paramount Skydance anunciou uma oferta hostil para adquirir a totalidade da Warner Bros., em uma tentativa direta de superar o acordo já firmado entre a empresa e a Netflix na última sexta-feira. A proposta de US$ 30 por ação avalia a companhia em US$ 108,4 bilhões — valor significativamente acima dos cerca de US$ 83 bilhões que a Netflix concordou em pagar, incluindo dívidas.
A iniciativa, impulsionada pela família Ellison, marca a ofensiva mais agressiva da Paramount desde que as conversas informais começaram há alguns meses. A empresa destaca que sua proposta seria "superior" por oferecer mais dinheiro à vista aos acionistas e ter maiores chances de passar pelo escrutínio de reguladores nos EUA e na Europa. Entre os apoiadores financeiros da operação está Jared Kushner, genro de Donald Trump, segundo documentos enviados à SEC.
O presidente Trump já afirmou publicamente que a compra da Warner pela Netflix "poderia ser um problema", levantando preocupações sobre concentração de mercado dada a força global do serviço, hoje com mais de 300 milhões de assinantes. O CEO da Skydance, David Ellison, reforçou esse ponto em entrevista à CNBC, alegando que permitir que a Netflix controle o vasto catálogo da Warner, que vai de Looney Tunes e Harry Potter às produções da HBO, seria "um péssimo negócio para Hollywood".
A disputa teve início meses atrás, quando a Paramount começou a enviar ofertas preliminares. A pressão levou a Warner Bros Discovery a abrir formalmente um processo de venda, do qual a Netflix saiu vencedora na semana passada. O acordo com a plataforma de streaming prevê que, antes da conclusão da compra, partes do conglomerado — como a CNN — serão separadas em uma empresa independente.
A entrada da Paramount reacende dúvidas sobre o futuro do setor. Para analistas, a compra por parte da Netflix pode levantar bandeiras vermelhas por ampliar ainda mais a concentração no streaming, enquanto a aquisição pela Paramount geraria preocupações sobre o impacto em anunciantes e distribuidoras de TV, especialmente por unir duas gigantes com ampla força em esportes, programação infantil e televisão aberta.
A Paramount argumenta que sua estratégia garantiria escala e sinergias necessárias para competir com gigantes do setor. Ellison criticou o plano da Warner de separar suas redes tradicionais, afirmando que isso "as condenaria ao fracasso" e reduziria seu valor a longo prazo.
No mercado, a movimentação mexeu com investidores: as ações da Warner Bros subiram mais de 6% na abertura, enquanto os papéis da Paramount também registraram alta. Já a Netflix viu suas ações caírem mais de 3%, refletindo a incerteza gerada pela ofensiva rival.
Para analistas de Wall Street, o lance da Paramount pode fazer mais sentido estratégico do que o da Netflix. "A Paramount precisa mais desse acordo do que a Netflix", avaliou Ben Barringer, da Quilter Cheviot. "A empresa ainda é um provedor tradicional que não tem a escala necessária para o novo cenário do entretenimento."
Fonte: BBC
