A não-renovação do contrato de Astrid Fontenelle com o canal GNT, pertencente à Globo, após 18 anos, ressalta a mudança na relação das grandes empresas de mídia — especialmente emissoras de TV — com os profissionais de vídeo.
Apresentadores e repórteres não garantem o emprego mesmo se entregarem alta produtividade, boa audiência, repercussão nas redes sociais e prestígio institucional.
O fator determinante passou a ser o salário. Jornalistas com remuneração mais alta tornaram-se os mais vulneráveis a cortes motivados pela necessidade de reduzir a folha de pagamentos.
Astrid, um dos rostos mais associados ao GNT e líder de projetos marcantes — como o ‘Happy Hour’, primeiro programa diário ao vivo do canal, e o ‘Saia Justa’ — acabou não resistindo à atual política de contenção de despesas.
Houve quem sugerisse etarismo, já que ela tem 64 anos, mas a apuração da coluna indica que o principal fator para o desligamento foi o alto salário que recebia.
Movimento semelhante atingiu, nos últimos anos, diversos repórteres veteranos da Globo — como Isabella Assumpção e Marcelo Canellas — dispensados principalmente em razão dos salários elevados.
A nova ‘vítima’ desta política de economia a qualquer custo é Giana Mattiazi, dispensada da Rede Bahia, afiliada da Globo, depois de 10 anos se destacando na reportagem.
Recentemente, outros jornalistas populares de emissoras ligadas à Globo foram desvinculados. Entre eles, Adriana Oliveira e Joyce Guirra, também da Rede Bahia, e Wilson Solar, da paranaense RPC.
Salários menores para sanar a crise
Antes rainha absoluta no mercado publicitário, a TV aberta agora recebe menos verbas de agências do que o digital, segundo dados do Cenp-Meios.
Há um impacto direto: grandes emissoras enfrentam dificuldade de aumentar as receitas de um ano para o outro, enquanto os custos operacionais não param de crescer.
Resta cortar na carne: diminuir o gasto com salários para fazer a conta fechar.
Os mais experientes — cujo salário naturalmente aumenta com o longo tempo de casa — são substituídos por novatos com remuneração mais baixa.
Cada vez mais pressionada pela concorrência, a TV adota medidas cada vez mais duras para tentar gerar lucro e garantir a sobrevivência do negócio.