Novas demissões na Globo mostram que salário pesa mais que talento

Televisão põe a perder longa relação com apresentadores e repórteres em nome do equilíbrio das contas

6 dez 2025 - 16h18
(atualizado às 16h18)

A não-renovação do contrato de Astrid Fontenelle com o canal GNT, pertencente à Globo, após 18 anos, ressalta a mudança na relação das grandes empresas de mídia — especialmente emissoras de TV — com os profissionais de vídeo.

Apresentadores e repórteres não garantem o emprego mesmo se entregarem alta produtividade, boa audiência, repercussão nas redes sociais e prestígio institucional. 

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O fator determinante passou a ser o salário. Jornalistas com remuneração mais alta tornaram-se os mais vulneráveis a cortes motivados pela necessidade de reduzir a folha de pagamentos.

Astrid, um dos rostos mais associados ao GNT e líder de projetos marcantes — como o ‘Happy Hour’, primeiro programa diário ao vivo do canal, e o ‘Saia Justa’ — acabou não resistindo à atual política de contenção de despesas.

Houve quem sugerisse etarismo, já que ela tem 64 anos, mas a apuração da coluna indica que o principal fator para o desligamento foi o alto salário que recebia.

Movimento semelhante atingiu, nos últimos anos, diversos repórteres veteranos da Globo — como Isabella Assumpção e Marcelo Canellas — dispensados principalmente em razão dos salários elevados.

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A nova ‘vítima’ desta política de economia a qualquer custo é Giana Mattiazi, dispensada da Rede Bahia, afiliada da Globo, depois de 10 anos se destacando na reportagem.

Recentemente, outros jornalistas populares de emissoras ligadas à Globo foram desvinculados. Entre eles, Adriana Oliveira e Joyce Guirra, também da Rede Bahia, e Wilson Solar, da paranaense RPC.

A repórter Giana Mattiazi, um dos rostos mais conhecidos da Globo na Bahia, foi demitida após uma década
A repórter Giana Mattiazi, um dos rostos mais conhecidos da Globo na Bahia, foi demitida após uma década
Foto: Reprodução

Salários menores para sanar a crise

Antes rainha absoluta no mercado publicitário, a TV aberta agora recebe menos verbas de agências do que o digital, segundo dados do Cenp-Meios.

Há um impacto direto: grandes emissoras enfrentam dificuldade de aumentar as receitas de um ano para o outro, enquanto os custos operacionais não param de crescer.

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Resta cortar na carne: diminuir o gasto com salários para fazer a conta fechar.

Os mais experientes — cujo salário naturalmente aumenta com o longo tempo de casa — são substituídos por novatos com remuneração mais baixa. 

Cada vez mais pressionada pela concorrência, a TV adota medidas cada vez mais duras para tentar gerar lucro e garantir a sobrevivência do negócio.

Mesmo comandando programas bem-avaliados, como o 'Admiráveis Conselheiras' e o 'Chegadas e Partidas', Astrid Fontenelle não teve o contrato renovado com o GNT, da Globo
Foto: Reprodução
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