Redes de cinema do Brasil criticam compra da Warner pela Netflix: 'Concentração de poder'

Manifestação conjunta foi publicada pela Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex) e pela Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec)

5 dez 2025 - 19h53

As associações que representam as redes de cinema brasileira criticaram a negociação para a compra da Warner pela Netflix nos Estados Unidos, alegando que o negócio - se aprovado pelas autoridades - vai concentrar ainda mais a distribuição de conteúdo ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

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A manifestação conjunta foi publicada pela Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex) e pela Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec).

Ou seja, sinalizou que o tempo de exibição nas salas tende a diminuir para as obras migrarem mais rapidamente para o streaming, o que deve enfraquecer o apelo dos cinemas. Na conferência, Sarandos não especificou como isso deve ocorrer, o que lançou dúvidas e receios.

"O desafio se agrava quando lembramos que a própria Netflix já afirmou, em diversas ocasiões, que a indústria cinematográfica estaria perto do fim e que não teria compromisso em manter um fluxo contínuo de produção para as salas", declararam as associações de cinemas.

"Do outro lado, o setor exibidor é formado por centenas de empresas e milhares de salas que dependem exclusivamente da bilheteria. Esse descompasso estrutural cria um desequilíbrio competitivo evidente", emendaram.

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A Abraplex e Feneec defenderam uma janela mínima de nove semanas como intervalo entre a estreia de um filme nas salas e sua chegada aos streamings. Na visão das representantes dos cinemas, este intervalo representa um mecanismo essencial de estabilidade, pois "protege a previsibilidade do negócio, mantém espaço para a competição e assegura a presença do cinema em todas as regiões do país", defenderam.

O cinema já vem enfrentando dificuldade nos últimos anos, como reflexo da popularização do streaming e também de mudanças de hábitos impulsionadas pela pandemia.

O conjunto de salas no País contabilizou R$ 1,9 bilhão de renda em 2025, o que representa queda de 2,1% em relação ao mesmo período de 2024 e retração de 41,6% em termos reais frente a 2019 (ajustado pela inflação).

No mesmo intervalo, o público total alcançou 93,91 milhões de ingressos, uma redução de 4,9% em comparação a 2024 e de 37,3% em relação a 2019, segundo as associações.

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