'Love is in the Bin': a obra semidestruída de Banksy vendida a R$ 121 milhões em leilão

Quadro, que se autodestruiu parcialmente quando foi arrematado em 2018, foi vendido agora por um valor superior ao dobro do preço estimado.

15 out 2021 - 09h01
(atualizado às 10h52)
O leiloeiro Oliver Barker bate o martelo e afirma estar aliviado que a obra de Banksy 'ainda estava lá'
O leiloeiro Oliver Barker bate o martelo e afirma estar aliviado que a obra de Banksy 'ainda estava lá'
Foto: Haydon Perrior / BBC News Brasil

Uma obra de arte de Banksy que se autodestruiu parcialmente em um leilão anterior foi arrematada agora a um preço recorde de 16 milhões de libras (cerca de R$ 121 milhões).

Love is in the Bin (O Amor está no lixo, em tradução livre) foi o que restou da obra Girl with Balloon (Menina com balão), picotada ao vivo após ser arrematada por 1 milhão de libras (aproximadamente R$ 7,5 milhões na cotação de hoje) em 2018.

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O martelo foi batido mais uma vez na famosa Sotheby's, em Londres, na quinta-feira (14/10), e a obra foi vendida por um valor superior ao dobro do preço estimado de 4 a 6 milhões de libras.

Incluindo as taxas, o comprador pagou 18,5 milhões de libras (cerca de R$ 140 milhões) no total.

A venda, disputada por nove licitantes que travaram uma batalha por cerca de 10 minutos, bateu o recorde anterior de 14,4 milhões de libras (16,8 milhõesde libras com as taxas) estabelecido por Banksy em março.

Após o fechamento do leilão, o leiloeiro Oliver Barker brincou dizendo que estava aliviado que a obra de arte "ainda estava lá".

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'Um verdadeiro ícone'

Antes de abrir o leilão, Barker afirmou que o quadro se tornou uma "obra de arte performática inesperada" quando foi picotada na mesma sala após ter sido vendida a um "investidor privado europeu" três anos atrás.

Com um lance inicial de 2,5 milhões de libras, o preço da obra atingiu 10 milhões de libras em poucos minutos, conforme uma série de ofertas eram feitas.

Os lances subiram então gradualmente para 15 milhões de libras à medida que a corrida desacelerava progressivamente com menos concorrentes.

Houve um momento de expectativa depois que o licitante Nick Buckley Wood, representando um investidor privado, esperou para ver se alguém superaria a oferta de 16 milhões de libras de seu cliente.

Um aceno de cabeça de seu concorrente finalmente indicou que ele estava fora do páreo.

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"Por 16 milhões de libras, senhoras e senhores, estamos vendendo o Banksy na Sotheby's", anunciou Barker.

"Vocês presenciaram este momento fantástico."

Em seguida, ele arrancou risos da plateia ao comentar:

"Vocês nem imaginam o quão apavorado estou de bater este martelo."

Mantendo seu estilo de guerrilha irreverente, Banksy zomba do mundo da arte com Love is in the Bin.

O diretor de arte contemporânea da Sotheby's, Alex Branczik, observou que a façanha do artista "não destruiu tanto uma obra de arte ao picotá-la, mas, em vez disso, criou uma".

"Hoje, esta obra é considerada herdeira de um legado venerado de arte antissistema", ele acrescentou, rotulando o quadro como "a obra de arte definitiva de Banksy e um verdadeiro ícone da história da arte recente".

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Em 2018, momentos depois que o martelo foi batido no leilão, um alarme foi acionado, e a tela deslizou por um triturador de papel escondido na parte inferior da moldura, sendo parcialmente picotada.

A mulher europeia anônima que comprou a obra declarou: "No começo fiquei chocada, mas percebi que acabaria com meu próprio pedaço de história da arte."

'É excepcional'

O ex-editor de artes da BBC, Will Gompertz, escreveu na época que acreditava que Love is in the bin passaria a ser vista como "uma das obras de arte mais significativas do início do século 21".

"Não é um grande quadro que pode ser comparado a um Rembrandt, ou uma escultura no mesmo patamar de Davi de Michelangelo, mas em termos de arte conceitual que emana da sensibilidade dadaísta de [Marcel] Duchamp, é excepcional", acrescentou.

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"Foi brilhante tanto na concepção quanto na execução."

"O que é Love is in the Bin?" ele indagou. "É um quadro? Ou agora é uma obra de arte conceitual? Ou deveria ser classificada como uma escultura? Ou é lixo?"

"Quem decide? Quem sabe? Duchamp diria que cabe a você decidir."

A obra havia sido emprestada permanentemente para o museu Staatsgalerie Stuttgart, na Alemanha, desde março de 2019.

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