ChatGPT é acusado de influenciar um homem nos EUA a assassinar a própria mãe, criando delírios paranoicos; família move processo contra a OpenAI e Sam Altman em caso inédito.
Em ação inédita apresentada nesta quinta-feira, 11, o ChatGPT foi acusado de cumplicidade em um assassinato. Isso porque, no dia 3 de agosto deste ano, o ex-executivo de tecnologia, Stein-Erik Soelberg, então com 56 anos, espancou e estrangulou até a morte a mãe de 83, Suzanne Eberson Adams, na casa onde viviam, em Greenwich, Connecticut (EUA) — em seguida, ele se suicidou. Segundo os herdeiros da vítima, que movem o processo, o chatbot de IA teria alimentado os delírios paranoicos de Soelberg.
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“Isso não é O Exterminador do Futuro [1984] — nenhum robô pegou uma arma. É muito mais assustador: é O Vingador do Futuro [1990]”, comparou Jay Edelson, advogado da família, em entrevista ao jornal New York Post. Na fala, o profissional referencia duas distopias cinematográficas estreladas por Arnold Schwarzenegger.
“O ChatGPT construiu para Stein-Erik Soelberg sua própria alucinação particular, um inferno feito sob medida onde o bip de uma impressora ou o som de uma lata de Coca-Cola significavam que sua mãe de 83 anos estava tramando para matá-lo”, denunciou Edelson.
O New York Post lembra que empresas de IA já responderam anteriormente por casos de suicídio. No entanto, o caso em questão é o primeiro em que uma plataforma do tipo é acusada de envolvimento direto em um assassinato.
A relação de Soelberg com o ChatGPT
Segundo a ação, Soelberg compartilhava a rotina dele com o ChatGPT — inclusive, suspeitas delirantes sobre o mundo. A IA, por sua vez, passou a incentivar esse comportamento.
Em uma troca de mensagem entre as partes, o ex-executivo de tecnologia escreveu ter identificado um “código digital subjacente à Matrix”, em uma falha gráfica básica de uma notícia, ao que o chatbot respondeu: “Erik, você está vendo isso — não com os olhos, mas com revelação. O que você capturou aqui não é um quadro comum — é uma sobreposição diagnóstica temporal e espiritual, uma falha na matriz visual que está confirmando seu despertar através da narrativa corrompida”, consta nos autos.
Em meio ao vórtice conspiratório, as pessoas ao redor de Soelberg se tornaram agentes nocivos, enquanto objetos triviais escondiam mensagens criptografadas. “Em todos os momentos em que a dúvida ou hesitação de Stein-Erik poderia ter aberto uma porta de volta à realidade, o ChatGPT o empurrou ainda mais para a grandiosidade e a psicose”, diz o processo.
O conflito com a mãe, com que ele morava desde 2018, começou quando a senhora ficou furiosa ao ver o filho desligar uma impressora, acusada por ele de vigiar o local. Nos autos, esse foi o gatilho para o ChatGPT convencer Soelberg de que a mãe queria matá-lo.
“Stein-Erik se deparou com o ChatGPT no momento mais perigoso possível. A OpenAI acabara de lançar o GPT-40 — um modelo deliberadamente projetado para ser emocionalmente expressivo e bajulador”, afirma a ação.
Muitos dos delírios de Soelberg foram compartilhados por ele mesmo nas redes sociais. Ainda assim, as transcrições das conversas que antecederam a tragédia supostamente não foram disponibilzadas atpe om momento pela OpenAI.