Especialistas alertam sobre os riscos de usar TV pirata, enfatizando falhas no serviço, vulnerabilidades de segurança e os perigos de expor dados pessoais, além das medidas repressivas da Anatel contra equipamentos não homologados.
Se a sua TV Box pirata parou de funcionar de uma hora para outra, a culpa pode não ser da internet. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgou em novembro um balanço do Plano de Ação de Combate à Pirataria (PACP) que mostra a dimensão da ofensiva contra equipamentos clandestinos: de 2018 até outubro de 2025, mais de 8 milhões de produtos de telecomunicações foram retirados do mercado por falta de homologação. A maior parte das apreensões envolve equipamentos de radiação restrita e Smart TV Boxes, usados em serviços de “skygatos” e TV pirata.
Nos últimos meses, operações internacionais também ajudaram a expor a fragilidade desse tipo de serviço. Uma ação na Argentina desmontou uma rede de streamings ilegais e derrubou mais de 30 plataformas, afetando diretamente usuários brasileiros que pagavam por aplicativos piratas. O efeito prático foi um apagão repentino: telas congeladas, mensagens de erro e uma enxurrada de reclamações – muitas delas direcionadas aos provedores de internet, que não têm qualquer vínculo com esses serviços irregulares.
“Quando um serviço pirata cai, o mais comum é o usuário culpar a internet. Mas, na prática, o que acontece é o bloqueio dos servidores ou dos aplicativos usados para distribuir esse conteúdo ilegal”, explica Marcelo Letti, diretor técnico da Unetvale, um dos principais provedores de internet de Santa Catarina, presente em 10 cidades. Segundo ele, é frequente a equipe de suporte identificar que a navegação e o streaming em plataformas legais seguem normais, enquanto apenas o aplicativo pirata deixa de funcionar.
Para o consumidor, porém, o problema vai além da simples interrupção do sinal. “Esses aparelhos e aplicativos ilegais não passam por testes de segurança, podem trazer malwares embarcados e abrir brechas para roubo de dados, senhas e informações bancárias”, alerta Letti.
Marcelo reforça que, do ponto de vista técnico, o “barato sai caro”: não há garantia de continuidade do serviço, suporte ao usuário ou transparência sobre quem está por trás da operação. Por isso, a orientação da Unetvale é clara: desconfiar de ofertas que prometem acesso a centenas de canais pagos e streamings por valores irrisórios, especialmente quando o vendedor não informa se o equipamento é homologado pela Anatel.
“Optar por serviços oficiais de streaming, TV por assinatura ou apps autorizados é a forma mais segura de garantir qualidade de imagem, estabilidade e proteção de dados”, reforça Letti.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.