As 7 perguntas que sua contabilidade deveria fazer agora - não em abril

Especialistas alertam que o verdadeiro planejamento estratégico das empresas começa em dezembro

8 dez 2025 - 18h33
Resumo
Empresas devem iniciar o planejamento estratégico em dezembro com foco em questões fiscais, financeiras e jurídicas para garantir crescimento eficiente e evitar prejuízos em 2026.
Foto: Freepik

O fim do ano, para muitas empresas, é sinônimo de fechamento de balanço, cálculo de distribuição de lucros e preparação de documentos contábeis. Mas, segundo Lucas Oliveira, sócio da LCS Contabilidade, essa lógica está ultrapassada. “Ficar esperando o contador fechar o ano e entregar relatórios em abril é atuar no retrovisor. O que as empresas precisam é de uma contabilidade que antecipa decisões, e não que apenas registre o que já passou”, afirma.

Oliveira defende uma mudança de mentalidade: usar dezembro não como o fim do exercício, mas como o verdadeiro início do planejamento fiscal, financeiro e estratégico do ano seguinte. “É em dezembro que se deve fazer as perguntas certas. Depois disso, o jogo já começou”, diz.

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A seguir, ele lista sete perguntas que qualquer empresa deveria fazer antes do fim do ano — e que, se bem trabalhadas, podem evitar prejuízos, desperdícios e decisões mal dimensionadas ao longo de 2026.

1. O nosso regime tributário atual está preparado para o crescimento que projetamos?

Muitas empresas mantêm o Simples Nacional ou o Lucro Presumido por inércia, mesmo depois de dobrar de tamanho ou mudar completamente seu modelo de negócios. Segundo dados da Receita Federal, mais de 70% das empresas brasileiras continuam no mesmo regime fiscal por mais de 5 anos — mesmo após ultrapassar os limites de faturamento. “Crescer sem revisar o regime pode significar perder até 30% da margem de lucro”, alerta Lucas.

2. A nossa estrutura societária faz sentido diante do nosso modelo atual?

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Negócios que começaram como empresas individuais ou sociedade limitada podem estar operando hoje com múltiplos sócios, franqueados, investidores ou até projetos paralelos. Uma estrutura societária inadequada pode não só travar o crescimento, mas também dificultar a entrada de capital ou gerar problemas com sucessão e governança. “Atualizar a estrutura jurídica é parte da estratégia”, diz Oliveira.

3. Nossa precificação considera corretamente os impactos fiscais?

A maioria dos empreendedores forma seus preços com base em custo direto, margem e comparação de mercado. Mas, segundo Lucas, poucas empresas incluem na precificação os efeitos reais de PIS, COFINS, ICMS-ST ou retenções de serviços. “Preço mal calculado é o tipo de erro silencioso que só aparece no fim do ano, quando o caixa aperta.”

4. Estamos aproveitando todos os créditos fiscais a que temos direito?

Empresas do Lucro Real e do Lucro Presumido podem usar créditos de PIS/COFINS, ICMS e outros tributos como ferramenta de alívio tributário. Mas, segundo levantamento interno da LCS, cerca de 40% das empresas não aproveitam integralmente seus créditos — por desconhecimento ou falta de estrutura contábil adequada. “É dinheiro parado, literalmente.”

5. Nosso planejamento financeiro e orçamentário está integrado à contabilidade?

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Muitas empresas têm orçamentos e metas — mas a contabilidade não participa da construção nem da análise desses números. Isso gera uma desconexão entre o que é planejado e o que é de fato viável ou eficiente do ponto de vista fiscal. “A contabilidade não deveria ser apenas departamento de entrega de imposto. Ela precisa estar sentada à mesa na hora das decisões estratégicas.”

6. Temos uma política de distribuição de lucros alinhada com a nossa realidade financeira?

No fim do ano, muitos sócios decidem fazer a distribuição de lucros sem avaliar corretamente o fluxo de caixa, a reserva legal, os efeitos sobre a saúde da empresa ou o cruzamento com a pessoa física. O resultado pode ser um buraco financeiro no primeiro trimestre de 2026 — e um susto com a Receita Federal em abril. “Lucro distribuído sem critério é um risco que pode custar caro.”

7. Estamos preparados para a reforma tributária e os impactos nos próximos anos?

Ainda em tramitação, a reforma tributária traz mudanças significativas no formato de cobrança, com substituição de tributos, adoção do IVA dual e impactos distintos sobre cada setor. Empresas que não começarem a simular os efeitos das novas regras desde agora correm o risco de não conseguirem se adaptar a tempo. “Quem deixar para entender a reforma em cima da hora vai pagar mais imposto por falta de estratégia.”

Para Lucas Oliveira, dezembro deve ser visto como a largada do novo ciclo. “Se você quer crescer em 2026, precisa começar agora. E isso não significa fazer promessas, mas colocar sua estrutura fiscal, financeira e jurídica a serviço do crescimento”, conclui.

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(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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