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Conheça MC Vitória, 13 anos, estourada com o funk “se essa rua fosse minha”

Cria da favela Mexico 70, em São Vicente, na Baixada Santista, funkeira assina com a maior produtora de funk do Brasil

11 out 2025 - 10h45
(atualizado às 15h49)
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Resumo
O Visão do Corre acompanhou com exclusividade a assinatura do contrato e fez a primeira entrevista da carreira de MC Vitória. Ela mora com a mãe, o padrasto e quatro irmãos em um barraco sobre palafitas, em uma região que é um celeiro de talentos do funk.
Depois de MC Vittória, nunca mais o verso “se essa rua fosse minha” será somente uma música infantil.
Depois de MC Vittória, nunca mais o verso “se essa rua fosse minha” será somente uma música infantil.
Foto: Reprodução

A menina de 13 anos que entra na sala usa o boné coberto com o capuz da jaqueta, escondendo o rosto. É magra, com aperto de mão forte. Entram mãe, irmãos, padrasto, enche a sala. Em minutos, MC Vitória, estourada com o funk que ressignificou a música infantil “se essa rua fosse minha”, assina contrato com a GR6, a maior produtora do gênero do Brasil.

Foi tudo muito rápido até esta tarde chuvosa de sexta-feira, 10 de outubro, que antecipa o melhor Dia das Crianças da vida de MC Vitória. Cria da favela México 70, em São Vicente, na Baixada Santista — região que é um celeiro de grandes talentos do funk —, ela viu sua vida mudar completamente depois que, no penúltimo dia de setembro, seu clipe subiu no YouTube e estourou.

O Visão do Corre acompanhou a assinatura do contrato de MC Vitória e fez a primeira entrevista de sua carreira. Ela assinou por cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco. Será a única menor de idade entre mais de cem artistas da gravadora. Terá casa, escola, suporte psicológico, aulas de canto e gerenciamento de carreira. “Comparo ela à Rayssa Leal”, diz Rodrigo Oliveira, dono da GR6.

Assinatura do contrato por cinco anos com a GR6, prorrogáveis por mais cinco. Produtora vai gerenciar carreira.
Assinatura do contrato por cinco anos com a GR6, prorrogáveis por mais cinco. Produtora vai gerenciar carreira.
Foto: GR6 Divulgação

MC Vitória, a voz potente que canta “se essa rua fosse minha”

Kamilly Victoria Alves de Souza, a MC Vitória, tem 13 anos. Mora com a mãe, o padrasto e quatro irmãos no mesmo barraco que aparece no clipe — a mãe também é real. “O barraco é limpinho”, diz a funkeira. Está naturalmente acanhada, faz e desfaz trancinhas em uma mecha de cabelo. “Gostei da nova escola, fica mais perto da praia”, comenta, em uma das poucas frases completas.

MC Vitória está na sétima série. Estuda em escola pública, não curte muito, repetiu. Gosta do professor de Geografia, que mostrou seu clipe para a turma, e da professora da Português. Tem duas músicas, feitas recentemente, nunca fez um show. “O meu funk representa a realidade, a favela, as crianças. Canto a realidade das crianças que vendem bala”, que ela também vendeu.

A mãe conta que a filha também se interessou por fazer maquiagem, cílios. O barraco de palafita onde mora é menor que a quarta parte da sala onde assinará o contrato. “Estou muito orgulhosa, muitos diziam que não ia dar em nada. Não é porque mora na favela que não vai ser alguém na vida”, diz a mãe.

MC Vittória, 13 anos, encontra MC Hariel na GR6, em São Paulo. Em menos de um mês, vida deu uma reviravolta.
MC Vittória, 13 anos, encontra MC Hariel na GR6, em São Paulo. Em menos de um mês, vida deu uma reviravolta.
Foto: Arquivo pessoal

"Até do lixão nasce flor", como cantou Mano Brown

MC Vitória ainda chama todo mundo de “tio” — é uma criança adulta. Se contradiz, dá respostas curtas, mas, mesmo falando pouco, algumas dores vão se revelando: os amigos, vizinhos e parentes que desacreditaram ou só se aproximam agora; as durezas da vida sobre palafitas; e o caminho clássico de afirmação de quem vem da vida dura — a revolta.

Nos dias anteriores à assinatura do contrato, Vitória percebeu o quanto sua vida estava mudando. Visitou a GR6 e pensou: “Nossa, é aqui que o Hariel gravou!”. É o funkeiro de quem mais gosta — e acabou o encontrando. Conversaram, e ele deu uma dica: “Estude”. Vitória foi ao shopping, comprou roupas e, na churrascaria, comeu picanha pela primeira vez. Achou que a sobremesa eram as frutas de enfeite.

Segundo DJ Teta, que produziu o funk estourado de MC Vitória, “ela tem o dom. Foi só uma coisa ou outra que eu mexi na voz: afinei no mínimo, coloquei bem pouquinho de auto-tune, apenas para dar um brilho”. No vídeo de divulgação da assinatura do contrato, o dono da gravadora chamou MC Vitória de “pérola” — mas ela é um diamante bruto, de alto quilate, evidente mesmo antes da lapidação.

Fonte: Visão do Corre
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