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Recicladora da Brasilândia transforma garrafas em artes e dá dicas de reaproveitamento

Agente ambiental, Nivalda Aragues dá oficinas sobre reciclagem, expõe produtos artesanais e critica a falta de coleta seletiva na região

17 jul 2023 - 05h00
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Nivalda é uma das responsáveis pelo projeto Horta Medicinal da Brasilândia, no Espaço Cultural do Jardim Damasceno
Nivalda é uma das responsáveis pelo projeto Horta Medicinal da Brasilândia, no Espaço Cultural do Jardim Damasceno
Foto: Arquivo pessoal

Foi na infância, com poucos recursos, que a agente ambiental Nivalda Aragues, 55, prestou atenção à forma irresponsável do descarte de objetos e materiais na região da Parada Inglesa, na zona norte da de São Paulo. Ali, começou a reaproveitar tudo o que podia.  

“Brincava com meu primo em um barranco e via que as pessoas jogavam muitas coisas lá. O dinheiro era curto para comprar materiais e eu achava cadernos inteiros, com muitas folhas, sapatos, roupas boas. Achava aquilo um absurdo, até porque eu estava precisando”, conta.  

Moradora da Vila Terezinha, na Brasilândia, também na zona norte da capital, Nivalda aprendeu, aos poucos, a transformar lixo em arte. Nas mãos da recicladora, as garrafas descartadas se transformam em vasinhos de plantas, porta-retratos e até minhocários; gravetos e folhas secas dão um toque artesanal aos produtos.  

No curso de técnico de administração, em 2006, ela aproveitou a matéria de meio ambiente e fez alguns produtos para brindar os colegas. “Aprendi a fazer sabão caseiro com óleo de cozinha para não descartar na pia. Fazia embalagens com potinhos de iogurte, pintava, colocava uma plantinha e presenteava as pessoas”, conta.  

Embalagem de amaciante em formato de rosto e com “cabelo” de óregano
Embalagem de amaciante em formato de rosto e com “cabelo” de óregano
Foto: Arquivo pessoal

Já em 2011, durante um estágio, na faculdade de administração, Nivalda montou uma exposição de reaproveitamento de recicláveis na Maternidade Vila Nova Cachoeirinha. O evento, inicialmente planejado para dois dias, acabou se estendendo por uma semana.  

“As pessoas se surpreendiam com o que dá para fazer. Mais de 170 pessoas passaram por lá e foi muito bacana ver o interesse delas. Acabei sendo convidada depois para montar outras duas exposições”, relembra. 

Atualmente, Nivalda também desenvolve trabalhos para educar e conscientizar a comunidade onde vive sobre a importância da reciclagem. Contudo, o trabalho de reciclar começa em casa.  

“Reaproveito tudo que descartamos mesmo. Como gosto de plantinhas, qualquer coisa pode se tornar uma embalagem, como latas de sardinhas, ou, às vezes, uma xícara quebra ou dá uma lascadinha, posso colocar terra dentro e transformá-la em um terrário”, exemplifica.   

Ativista ambiental, Nivalda realiza oficinas de reciclagem para crianças e adolescentes no Espaço Cultural do Jardim Damasceno, onde também é uma das responsáveis pela manutenção da Horta Medicinal da Brasilândia.  Ela concluiu um curso de permacultura no local e troca conhecimentos sobre o tema.  

“A primeira dica para quem deseja começar a reciclar é gostar e ter essa preocupação ambiental. Estar ciente do rumo que estamos seguindo, com tanto plástico, isopor e outros materiais poluindo o meio ambiente”, reflete.  

A ambientalista critica a forma como a reciclagem não é tratada devidamente na região. “Infelizmente, aqui na Brasilândia não temos coleta seletiva. O lixo acaba sendo jogado todo junto. O que temos são os trabalhos dos catadores e os ecopontos, mas as pessoas têm muitas dúvidas sobre como funciona”.  

Os ecopontos são locais de entrega voluntária de pequenos volumes de entulho (até 1 m³), grandes objetos (móveis, poda de árvores etc.) e resíduos recicláveis. Segundo site da Subprefeitura da Brasilândia/Freguesia do Ó, a região conta com três unidades do serviço. 

Em casa, Nivalda separa o lixo e leva para o ecoponto, onde fez amizades, ou para o Seu Quintino, um líder comunitário do Jardim Damasceno. Já os resíduos orgânicos, como cascas de frutas e legumes, vão para o minhocário particular ou para a composteira do Espaço Cultural.  

A dica dela para quem tem um minhocário é guardar os resíduos aos poucos durante a semana para processá-lo. “O que falta para as pessoas é tempo, e para colocar o material no minhocário é necessário picá-lo antes. Então, a dica é, por exemplo, guardar as cascas das frutas que você acabou de comer em um pote para picá-las depois”. 

Para o futuro, Nivalda projeta novos negócios em casa, onde coleciona objetos antigos, livros e materiais das suas produções. “Tenho uma varanda grande que quero cobrir, fazer uma lojinha, onde vai ter exposições e vendas. É um jeito de passar mais tempo com a minha mãe, que fica muito tempo sozinha”.  

Alguns dos trabalhos da recicladora podem ser conferidos no Instagram

Agência Mural
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