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Enoturismo: uma volta ao mundo em 80 adegas

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Carmen Rodríguez

A secular cultura do vinho não deixa de se reinventar. O enoturismo é um conceito de viagem, cada vez com mais adeptos, que conjuga vinho, com alta gastronomia e passagens idílicas, equação na qual não podem faltar as grandes adegas, que apostaram na modernidade e no respeito ao entorno, estando nas mãos dos melhores arquitetos.

O enoturismo é um conceito de viagem que conjuga vinho, alta gastronomia e passagens idílicas
O enoturismo é um conceito de viagem que conjuga vinho, alta gastronomia e passagens idílicas
Foto: EFE

Santiago Calatrava, Frank Gehry, Norman Foster, Herzog & Meuron e Zaha Hadid são alguns destes profissionais que puseram sua arte a serviço do vinho, com resultados tão inovadores quanto belos.

Entre os vinhedos de La Rioja, tradicional terra de vinhos no norte da Espanha, despontam os grandes nomes da arquitetura internacional, uma rota enológica que se transforma em um passeio para os sentidos.

Pelas mãos de Frank Gehry se chega à "Cidade do Vinho", das adegas Marqués de Riscal, onde hotel, restaurante e spa de vinhoterapia se conjugam sob as caprichosas formas do telhado, marca do criador do Museu Guggenheim de Bilbao.

Com seu espetacular prédio, Marqués de Riscal conseguiu reforçar e internacionalizar sua imagem, e transmitir os valores de "tradição e vanguarda" que caracterizam a adega, explicou o grupo.

Recoberto de titânio, o prédio se veste de rosa, como o vinho tinto; ouro, como a malha das garrafas de Riscal; e prata, como a garrafa, graças à criatividade de Gehry, que sabe transmitir "inovação e vanguarda", o que, unido a uma tradição de 150 anos de história, "faz com que o binômio seja muito afim aos valores da marca".

Com a paisagem da serra da Cantábria (norte da Espanha) como cenário de fundo, o perfil sinuoso das Adegas Ysios, surgidas pelas mãos de Santiago Calatrava, reflete "a sublimação de uma fileira de tonéis, graças a uma composição vanguardista e perfeitamente acoplada à paisagem", explicou o site da companhia.

O arquiteto criou um espaço "singular e vanguardista, concebido como lugar de culto e elaboração de vinhos de máxima qualidade". Uma adega cujo elemento-chave é a cobertura, revestida de alumínio natural, que contrasta com a calidez da fachada, formada por lâminas de madeira cuperizada, ou seja, tratada com um protetor orgânico.

O coração da ribeira do Douro, que dá nome a outra grande denominação de origem dos vinhos espanhóis, serve de ambiente ao projeto de Norman Foster para as Adegas Portia, um modelo em forma de estrela em concreto, madeira, aço e vidro que surge da terra como "refúgio, habitat e antessala dos vinhos que nela são elaborados", relatou o site desta adega.

As Bodegas López de Heredia Viña Tondonia, em La Rioja Alta, incorporaram a seus prédios tradicionais uma butique assinada pela arquiteta iraquiana estabelecida em Londres Zaha Hadid, que abriga uma pequena joia, o stand modernista com que a firma participou da Exposição Internacional de Bruxelas em 1910.

Zaha, segundo a adega, evidenciou sua sensibilidade "na hora de integrar tradição e modernidade, vinho e estética, natureza e arquitetura", concebendo uma estrutura que servisse de coberta para o stand modernista de 1910 e pudesse servir como base para uma estrutura fixa que seria colocada definitivamente nas adegas.

Mas esta viagem pela arquitetura do vinho também leva até a América, para atracar na localidade argentina de La Consulta, aos pés da cordilheira dos Andes, onde a família Ortega Gil-Fournier criou uma adega butique para a qual buscou "um modelo emblemático que representasse a vinicultura do Novo Mundo", e já se dispõe a criar uma nova no Chile.

Uma adega, obra do estúdio Bórmida e Yanzón de Mendoza, na qual se apostou "em um modelo inovador que não deixe o visitante inerte, que provoque uma reação seja positiva ou negativa", pois, segundo fontes da empresa, eles sempre tiveram clara "a importância da arquitetura de suas construções como legado para gerações futuras".

Arquitetura e ambiente

Além dos trabalhos de grandes arquitetos todas estas adegas têm em comum que oferecem visitas e outros atrativos para o turista como hotel ou restaurante, mas sobretudo lhes une seu respeito pelos entornos naturais nas quais estão localizadas.

Assim, no caso do grupo Fournier, erguer uma adega a apenas 12 quilômetros dos Andes "tornou fundamental um pensamento de mimetização com a imensidão da beleza da cordilheira", por isso que se decidiu "utilizar paredes de cimento e um telhado de cor escura para minimizar a poluição arquitetônica do ambiente".

A criação de Norman Foster para as Adegas Portia com sua forma de estrela estabeleceu "um diálogo entre o mundo interior do prédio e a paisagem exterior", assinala a companhia em sua página de internet.

Enquanto isso, Gehry analisou "durante muito tempo" como seria seu prédio para a Marqués de Riscal, "como contrastaria com o ambiente para conseguir um impacto visual muito interessante", segundo a empresa.

Também a obra de Calatrava para Ysios está "perfeitamente integrada ao entorno, e sua construção é hoje em dia um símbolo paisagístico".

Esta viagem enoturística poderia passar por muitos outros lugares como a adega Dominus no americano vale de Napa, criada pelos suíços Herzog & De Meuron, ou a "Aldea del Vino" da espanhola CVNE, que há anos recuperou para o público a nave sem colunas construída pelo engenheiro Gustave Eiffel no final do distante século XIX.

EFE   
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