Vitamina D: sabia que ela pode ser considerada um hormônio?
Especialista explica por que há divergências sobre a classificação da substância, tradicionalmente conhecida como vitamina
Você provavelmente já ouviu falar que a vitamina D é essencial para os ossos e que sua principal fonte é a exposição ao sol. Mas o que pouca gente sabe é que ela pode não ser, tecnicamente, uma vitamina.
Nos últimos anos, pesquisas vêm apontando que essa substância pode ser, na verdade, um hormônio, o que tem gerado debate entre especialistas sobre sua verdadeira classificação.
"A vitamina D é produzida pelo próprio corpo a partir da exposição ao sol e exerce funções reguladoras em diversos sistemas, o que caracteriza a atuação típica de um hormônio", explica a endocrinologista e coordenadora de pesquisa médica do CPAH - Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, Dra. Jacy Maria Alves.
Por que existe dúvida sobre o nome?
Quando foi descoberta, no início do século XX, a vitamina D recebeu essa denominação por sua importância na prevenção do raquitismo — uma doença relacionada à deficiência de minerais nos ossos. Na época, o termo "vitamina" era atribuído a nutrientes obtidos exclusivamente pela alimentação.
Mais tarde, descobriu-se que o corpo humano é capaz de sintetizar vitamina D naturalmente, por meio da pele exposta à radiação solar, o que a distancia do conceito clássico de vitamina.
"Tecnicamente, ela poderia ser classificada como um hormônio esteroide pleiotrópico, pois atua em receptores celulares e regula funções como imunidade, metabolismo ósseo, equilíbrio hormonal e até o humor. Ela exerce uma gama de efeitos hormonais e fisiológicos que extrapolam o metabolismo mineral", detalha a especialista.
Funções que vão muito além da saúde óssea
Embora seja amplamente reconhecida por seu papel na formação e manutenção dos ossos, a vitamina D desempenha diversas outras funções no organismo. Ela atua no sistema imunológico, participa do controle da resposta inflamatória, contribui para a função muscular e influencia até na produção de outros hormônios.
"A função mais conhecida da vitamina D é ajudar a manter o equilíbrio dos minerais no corpo. Ela age como uma espécie de 'comandante', ajudando o intestino a absorver cálcio e fósforo, que são essenciais para fortalecer os ossos e manter a saúde do esqueleto."
"Mas cada vez mais estudos também têm reforçado o papel da vitamina D na modulação do sistema imunológico e isso inclui a capacidade de suprimir vias pró-inflamatórias (como NFκB, TNF e MAPK), ao mesmo tempo em que promove respostas anti-inflamatórias", explica.
"É uma substância-chave para a homeostase do organismo, ou seja, o equilíbrio interno necessário para o bom funcionamento do corpo", completa a Dra. Jacy Maria Alves.
Sol, estilo de vida e suplementação consciente
A exposição solar ainda é a principal forma de obter vitamina D. Contudo, fatores como envelhecimento, doenças, uso frequente de protetor solar e rotinas em ambientes fechados podem reduzir a produção natural da substância.
Por isso, em alguns casos, a suplementação se torna necessária — mas sempre com acompanhamento médico.
"O excesso de vitamina D, assim como a deficiência, pode trazer riscos. A suplementação deve ser personalizada e baseada em exames laboratoriais que avaliem os níveis no sangue", alerta a endocrinologista Dra. Jacy Maria Alves.