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Um idoso é morto a cada 8 dias no Japão por cuidadores exaustos, diz estudo

De acordo com pesquisadora, esses familiares se sentem tão desesperados que decidem matar seus entes queridos

23 jun 2025 - 18h04
(atualizado às 18h10)
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Resumo
Estudo revela que, no Japão, um idoso é morto a cada oito dias por cuidadores exaustos, fenômeno agravado por isolamento, dificuldades econômicas e falta de suporte adequado.
Um idoso é morto a cada 8 dias no Japão por cuidadores exaustos, diz estudo
Um idoso é morto a cada 8 dias no Japão por cuidadores exaustos, diz estudo
Foto: Kazuma Seki / Getty Images

Um idoso é morto a cada oito dias no Japão por um parente cuidador exausto. O dado faz parte de um levantamento feito pela professora e especialista em bem-estar social da Universidade Nihon Fukushi, Etsuko Yuhara. De acordo com o estudo, publicado em dezembro de 2023, esses familiares se sentem tão desesperados que decidem matar seus entes queridos e tirar a própria vida. 

Para o estudo, Yuhara analisou mais de 30 jornais e contabilizou 443 mortes nos últimos 10 anos. Todos seguindo o mesmo padrão: assassinato seguido de suicídio, porém, com pequenas variações. Por grau de parentesco, os cônjuges contabilizam 214 casos, enquanto pais e filhos, incluindo parentes por afinidade, 206. Deste número, 13 eram irmãos, 7 avós e netos e 3 tinham outros parentescos. Em 65% dos casos, tanto os que necessitavam de cuidados quanto seus cuidadores tinham idades acima de 60 anos.

A pesquisadora também avaliou as circunstâncias. De acordo com ela, o que mais chamou sua atenção foram os casos onde os cuidadores estavam em dificuldades econômicas, físicas ou emocionais e se encontravam “sozinhos” em meio às preocupações com o futuro. Sem qualquer esperança e em um desespero, eles cometem o crime. O ato foi batizado por ela como “Care Kill” ou “fadiga do cuidador”

“Em muitos casos, o cuidador fica sobrecarregado e muitas vezes não possui as habilidades necessárias para superar as diversas dificuldades, resultando na ‘fadiga do cuidador’. Em uma situação em que as pessoas normalmente não gostariam de abusar de outras, elas se tornam agressoras por se sentirem presas. Hoje em dia, é fisicamente impossível confiar a responsabilidade de cuidar exclusivamente aos familiares”, disse Yuhara em entrevista ao portal internacional “Tell”

No país, há um grande número de idosos. Segundo dados do governo japonês, mais de 35% da população, especialmente em áreas rurais, é composta por pessoas com idades acima de 65 anos. Em contrapartida, em 2022, foi registrado um aumento de casos de violência doméstica contra idosos, sendo que, em 39% dos casos, as agressões eram cometidas por filhos, 22,7% por maridos e 19,3% por filhas. 

Até 2021, o governo havia registrado mais de 200 incidentes. A Agência Nacional de Polícia passou a incluir em suas estatísticas a “fadiga de enfermagem e cuidados” como motivo para casos de assassinato e agressões que resultam em morte. 

De acordo com o jornal japonês “The Mainichi”, o Ministério da Saúde alega que ainda não conseguem ver o quadro completo, pois as autoridades locais têm enfrentado dificuldades para tomar conhecimento dos casos fatais quando os serviços não são prestados pelo governo. 

Os incidentes não vão diminuir se não houver apoio para os cuidadores, que podem facilmente ficar isolados e sobrecarregados com as suas tarefas. As autoridades locais precisam analisar cuidadosamente as circunstâncias por trás dos crimes e trabalhar em maneiras para preveni-los”, disse a pesquisadora ao jornal. 

Ela aponta também que há uma grande deficiência de enfermeiros no Japão. Quase 70% das instituições de cuidados enfrentam escassez de pessoal e outras 83,5% relatam não ter a capacidade de oferecer um serviço adequado, tendo profissionais sem o treinamento adequado e sobrecarregados com suas responsabilidades. 

“É importante conscientizar a população sobre o trabalho de enfermagem, estabelecer uma remuneração mais alta para os cuidados e garantir pessoal suficiente para que possam alocar mais pessoas, bem como melhorar as condições de trabalho. Se o cuidador estiver exausto, a negligência tende a ocorrer”, disse ao “Tell”. 

Fonte: Redação Terra
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