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Startup no HC cria sistema para rastrear coronavírus em escolas e empresas

Plataforma usa inteligência artificial para monitorar resultados de testes e sintomas reportados em um app; custo anual por pessoa é de US$ 1

14 ago 2020 - 22h06
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SÃO PAULO - De olho na reabertura de empresas e escolas, uma startup incubada no Centro de Inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o Inova HC, desenvolveu uma plataforma que permite mapear casos do novo coronavírus e evitar surtos a partir do cruzamento do resultado de testes e monitoramento de sintomas utilizando inteligência artificial. O modelo, que também pode ser implementado em linhas aéreas e centros médicos, deve ter custo de US$ 1 por ano por pessoa e começará a operar com dados reais no próximo mês.

CEO da empresa Blok BioScience na América Latina, Pablo Lobo explica que o projeto começou a ser pensado quando a China registrava 6 mil casos da doença, antes de o vírus fazer vítimas em várias partes do mundo, por um grupo que já trabalha há dois anos com soluções para problemas globais.

"A parte mais importante é a testagem, porque precisamos identificar quem tem sintomas e quem tem imunidade ou suposta imunidade. Não é um sistema de proibição ou segregação, mas de segurança. Se a pessoa não é imune, tem informação." Sintomáticos devem fazer o RT-PCR, considerado padrão-ouro. Quem não tem sintomas, deve ser submetido a testes sorológicos.

Além de fazer os testes, as pessoas terão acesso a um aplicativo, o Immunity Passport, que pode ser alimentado com dados sobre sintomas, como febre e tosse. "Ele começa a se comunicar, estimulando a pessoa a contar como se sente, reportar sintomas, medir a temperatura. E as notificações são mais invasivas para pessoas assintomáticas."

Caso apareça um caso confirmado ou suspeito, o sistema envia alertas de risco para os gestores com orientações, relatórios de dados e pontos de infecção por geolocalização. Para a pessoa, são enviadas orientações personalizadas. A plataforma também tem capacidade de se integrar a aplicativos de rastreamento de contatos.

"A carteira de imunidade digital e o sistema de gestão dos dados promovem o autocuidado dos funcionários e estudantes ao oferecer um sistema automatizado, compreensivo e personalizado de registro de sintomas, resultados de testes e integração com aplicativos de contact tracing, que mapeiam possíveis contatos com pessoas infectadas."

A partir desses dados são gerados relatórios de risco e orientações de acordo com especificidades de cada escola e indivíduo.

A proposta não é criar ilhas em que as pessoas sabem que os demais colegas foram testados e reportam sintomas, mas desenvolver uma rede com diferentes estabelecimentos e instituições usando a plataforma para garantir o trânsito de pessoas em diferentes locais.

"Não adianta testar só uma classe social ou uma empresa. A gente não pode ser ingênuo e achar que é olhando para só um local que vai proteger a população. O mais importante é que a gente faça parte de uma base de dados global. Isso vai nortear volta às aulas, trânsito local. Vamos começar a fazer testes em diferentes partes da sociedade, desde escolas, centros médicos, linhas aéreas até aeroportos, portos e fábricas."

Segundo Lobo, a empresa já tem porte para implementar a tecnologia em todo o País e o custo por pessoa incluída na plataforma - sem contar os testes - deve de US$ 1 por ano. "É mais que o suficiente para manter a plataforma funcionando e com segurança. Acho que o interesse de voltar à vida é comum e poderia ser feito em parceria com a iniciativa privada. Existem novas técnicas de testagem e pode ser que surjam novas tecnologias."

Ele diz ainda que, no futuro, esse tipo de tecnologia pode ser adotada como um "passaporte de imunidade" ou mesmo como carteira de vacinação digital em viagens de avião. Lobo explica que a tecnologia protege os dados do usuário e que as empresas não terão acesso às informações pessoais, nem resultados de exames.

Tecnologia tem sido aliada do HC durante pandemia

Durante a pandemia do novo coronavírus, o Inova HC trabalhou no desenvolvimento de plataformas que ajudassem na luta contra a doença. "Fizemos um esforço para inovar em áreas que pudessem ajudar no combate a essa crise sanitária, principalmente o Hospital das Clínicas, que foi o centro de combate ao coronavírus em São Paulo. Criamos uma plataforma de inteligência artificial onde, em poucos minutos, recebíamos tomografia de tórax do Brasil inteiro. Mais de 50 hospitais aderiram à plataforma. Por meio do algoritmo, ela fazia um relatório dizendo se o paciente era um caso de coronavírus ou não e qual a extensão da doença. Ajudamos radiologistas e médicos de todo o País a fazer diagnósticos mais precisos", conta Giovanni Guido Cerri, presidente do Inova HC.

A limpeza hospitalar com robôs foi introduzida no hospital e o centro está desenvolvendo um laboratório de robótica. "Trabalhamos com monitoramento à distância, principalmente com pacientes de UTI, de modo que esses pacientes possam ser controlados com segurança, evitando também que os nossos profissionais de saúde se contaminem. Ampliamos a atividade de telessaúde, que vai continuar sendo ampliada para acompanhar os pacientes após o fim da pandemia."

Estadão
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