Roacutan: entenda quem deve usar e quais são os riscos do medicamento usado por Ana Castela
Ana Castela e Vanessa Lopes revelaram usar o remédio para lidar com a condição. Especialistas explicam como funciona
Roacutan, medicamento derivado da vitamina A, é indicado para casos graves de acne, mas requer acompanhamento médico devido aos efeitos colaterais, como ressecamento e alterações hepáticas, e não pode ser usado por gestantes.
A acne é uma das condições dermatológicas mais comuns do ser humano e ocorre quando os folículos capilares ficam obstruídos com óleo, células da pele e bactérias. Em casos mais extremos, as espinhas e cravos podem surgir de maneira numerosa e ficar bastante inflamados gerando impactos significativos como dor física e emocional.
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Embora seja considerado um problema de quando se é jovem, a acne pode ocorrer em qualquer fase da vida. O pico, segundo informações da Universidade de Yale, é na adolescência e no início da fase adulta, afetando cerca de 85% das pessoas entre 12 e 24 anos. Ainda assim, mais de 25% das mulheres e 12% dos homens na faixa dos 40 anos já relataram ter a condição.
Nos últimos anos, mais de um famoso já abriu o jogo sobre a doença.Com 28 anos, a modelo norte-americana Kendall Jenner revelou em várias ocasiões lidar com isso desde a adolescência e que é algo que lhe causa bastante insegurança. A influenciadora Vanessa Lopes também trouxe a situação para o público e tem mostrado todo o processo de seu tratamento. A mais recente é a cantora Ana Castela.
No último fim de semana, a artista de 21 anos usou as redes sociais para desabafar sobre o problema e, inclusive, revelar qual remédio tem feito uso: o Roacutan, medicamente que tem seu nome envolvido em diversos mitos e verdades.
O que é: conhecido entre os dermatologistas, o Roacutan é o nome comercial de um medicamento chamado de isotretinoína.
“A isotretinoína é uma medicação derivada da vitamina A e que serve para a gente tratar diversas doenças de pele, mas o seu uso mais famoso é para o tratamento de acne”, explica a dermatologista do Alta Diagnósticos Paula Yume ao Terra.
Para quem ele é indicado: de acordo com a médica, ele é usado em casos de acne grave, também chamadas de acne grau 3 ou acne nodulocística – que causam nódulos inflamados e dolorosos, muitas vezes com pus. No entanto, há exceções definidas mediante avaliação clínica.
“Na prática do consultório, a gente também acaba indicando em outros casos, como, por exemplo, pessoas que às vezes não têm uma acne tão grave, têm uma acne grau 1 ou grau 2, mas que elas não estão conseguindo ter o controle adequado das lesões, usando o tratamento tópico, que é uma das opções de tratamento para acne também”, ressalta.
O Terra conversou com especialistas e esclareceu as principais dúvidas, mitos e verdades sobre o medicamento. (Veja abaixo)
Mitos e verdades sobre o roacutan
Há efeitos colaterais?
Sim. O roacutan é um medicamento controlado e, por isso, só é fornecido mediante receita. Há alguns efeitos colaterais conhecidos como ressecamento, por exemplo, mas, de acordo com os especialistas, o mais preocupante é o risco de alteração para o feto. “Mulheres que têm intenção de engravidar ou que estão gestantes não podem usar essa medicação”, pontua Yume.
“Além disso, antes da gente entrar com a medicação, a gente pede alguns exames de controle gerais, e entre esses exames, a gente pede também exames hepáticos, porque essa medicação, ela é metabolizada no fígado. Outra coisa que a gente avalia antes da prescrição é o perfil lipídico, ou seja, o colesterol, triglicérides, porque essa medicação causa aumento, principalmente, do perfil de LDL, que é o popularmente conhecido como colesterol ruim”, diz.
É verdade que causa ressecamento em outras partes do corpo?
Verdade. É um dos efeitos colaterais do medicamento. “Pode ocorrer também na região das mucosas, levando a sangramentos nasais, na região dos lábios, na região da mucosa ocular. Por isso que é superimportante, durante o tratamento, o uso de hidratantes, o uso de sabonetes sintéticos que não sejam agressivos. O uso de colírio lubrificante, de umidificadores da mucosa nasal, como, por exemplo, o soro fisiológico”, explica a dermatologista Paula Yume.
Causa dependência?
Mito. De acordo com o dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Gustavo Novaes, há a falsa informação de que após parar o uso do medicamento a acne vai voltar pior, o que não é verdade.
“A isotretinoína promove uma melhora duradoura e muitas vezes até definitiva da acne”, explica.
É verdade que quem faz o uso não pode se expor ao sol?
Mito. Os médicos explicam que, na verdade, a pele fica sensível devido ao ressecamento, o que deixa as barreiras do órgão mais baixas. “Orientamos a importância de ter uma proteção solar adequada como o uso do protetor solar diário. Independente se está sol ou não”, pontua Yume.
Deixa a pele mais fina para sempre?
Mito. Pode ocorrer da pele ficar mais fina ou sensível durante o uso, mas esta é apenas uma alteração temporária. “Com o término do tratamento, essa alteração da pele volta ao normal”, diz Novaes.
Só adolescentes podem usar?
Mito. “O Roacutan é um medicamento que pode ser usado por qualquer pessoa que tenha acne grave ou resistente a tratamento anterior, independente da idade. Claro, se ele tiver indicação, o dermatologista poderá prescrever”, explica o dermatologista.
Existem alternativas para o tratamento de acne?
Sim. Apesar do uso ser mais conhecido, o Roacutan é um dos vários tratamentos para acne e as alternativas devem ser avaliadas junto a um médico de acordo com as condições de cada caso. Alguns exemplos indicados pelos especialistas são:
- Antibióticos orais (como a doxiciclina);
- Anticoncepcionais hormonais e espironolactona (em mulheres com acne hormonal);
- Peelings químicos, limpezas de pele, laser e luz pulsada;
- Tratamentos tópicos com peróxido de benzoíla, ácido salicílico, adapaleno, entre outros.
É possível buscar tratamento para acne
Verdade. É consenso entre os profissionais ouvidos pelo Terra de que é possível buscar tratamento para a condição e resultar em uma transformação na vida e na autoestima do paciente.
“A acne não é apenas um problema estético: ela pode causar baixa autoestima, isolamento social, ansiedade e até depressão, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. Quando o tratamento é bem-sucedido: a pele melhora, a confiança aumenta e o paciente se sente mais confortável em ambientes sociais e profissionais. Essa transformação vai muito além da aparência: é uma melhora significativa na qualidade de vida”, diz a dermatologista e pós-graduada em Medicina Estética pela Sociedade Brasileira de Medicina Estética Eidi Motta Cardoso.