Mãe perde quíntuplos; por que uma gestação deste tipo é tão arriscada?
Casal de Nilópolis (RJ) confirmou fim da gravidez através das redes sociais na quinta-feira (30)
Nesta quinta-feira (30), Sara Silva, a jovem de 18 anos que estava grávida de cinco bebês, confirmou nas redes sociais que a gravidez havia sido interrompida por conta de um aborto espontâneo.
“Nesse momento delicado, viemos por meio desta nota informar que infelizmente a Sara perdeu os quíntuplos. Peço, encarecidamente a compreensão de todos e que não veiculem fake news”, compartilhou a conta @gerando_quintuplos, página criada pelo casal para mostrar os detalhes da gestação. Até o momento desta publicação, o perfil tinha cerca de 412 mil seguidores no Instagram.
"Sara está em um momento delicado. Então, por gentileza, pedimos a compreensão de todos", pediu também a nota, que não continha detalhes sobre o motivo do aborto espontâneo.
A descoberta da perda dos bebês aconteceu durante um exame de ultrassonografia para saber se havia um sexto feto ou não. Sara já estava na oitava semana de gestação e a gravidez era de risco.
Segundo a médica ginecologista e obstetra Dra Jessica Trafani, os abortos espontâneos costumam ocorrer até a décima segunda semana de gestação. Entre os motivos estão: mudanças hormonais, má-formação do feto, síndrome dos ovários policísticos, problemas no útero e colo do útero, doenças da tireoide, infecções, diabetes, peso baixo ou obesidade, trombofilia, doenças autoimunes, consumo elevado de bebidas alcoólicas ou de cafeína, além do uso de droga e tabagismo.
"As gestações múltiplas, isso é com mais de um bebê, aumentam o risco de diabetes gestacional, de pressão alta na gravidez, de pré-eclâmpsia, de hemorragia pós-parto, aumenta o risco de cesariana, de parto prematuro, de restrição de crescimento, de morte neonatal ou de abortamento e até mesmo de depressão pós-parto", pontua a médica, que atua na Clinica Mantelli.
Ela explica que a gravidez causa a distensão do útero e, caso a gestação evolua, quanto mais bebês a pessoa estiver esperando, maior é essa distensão. Por isso, também há o risco da mãe entrar em trabalho de parto prematuro.
"Quando a mãe está esperando dois bebês, a média é que o parto ocorra entre 35 e 36 semanas; três bebês, 30/32; quatro bebês, 30. Então quanto mais bebês nós temos, maior é o risco risco de parto prematuro por conta da distensão desse útero", informa Jessica.
A jovem, que é de Nilópolis, na Baixada Fluminense, tomou um susto ao descobrir que estava grávida de 5 bebês. O vídeo do momento da descoberta viralizou nas redes sociais. Sara, devido às circustâncias, estava passando por uma gestação de risco, que é uma gravidez na qual a vida ou a saúde da mão e dos bebês tem maiores chances de ser atingida do que a média da população considerada.
Como evitar aborto espontâneo?
De acordo com a especialista, em casos de alterações genéticas, não é possível prevenir ou diminuir os riscos de complicações durante a gestação. Já quando há alterações hormonais ou a mãe descobre antes alguma infecção ou doença, o ideal é procurar um médico para fazer acompanhamento. Também é importante que a mulher adote um estilo de vida saudável, para prevenir complicações.
Na opinião da médica Maria Carolina Dalboni, ginecologista, obstetra e especialista em reposição hormonal, é importante que o responsável pelo caso investigue o motivo por trás do abortamento, para evitar o mesmo quadro no futuro.
A recomendação é que ela espere pelo menos 3 meses para engravidar novamente. Também nas redes sociais, o pai das crianças informou que Sara realizou a curetagem nesta madrugada, procedimento que consiste em raspar a cavidade uterina (endométrio) para retirar resíduos ou tecidos que se formaram e que o organismo não conseguiu expelir sozinho após um aborto.
"Graças a Deus ocorreu tudo bem. Agora ela segue em observação”, comunicou Rennan Smith, pai da criança.