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Companhias aéreas proíbem embarque com máscaras de válvula ou de pano; veja as recomendações

Latam vetou proteção mais confortável diante das evidências de cepas mais agressivas do novo coronavírus; medidas semelhantes já valem pela Lufthansa, Air France, Alitalia, Azul e Gol

17 fev 2021 - 20h01
(atualizado em 23/2/2021 às 12h33)
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Diante do atual cenário da covid-19 no mundo e surgimento de novas variantes da doença, companhias aéreas decidiram proibir o uso de máscaras com válvulas por parte de passageiros e funcionários. Algumas empresas, mais rígidas, vetaram até o uso de máscaras de tecido, tão popularmente utilizadas em diversos países desde o início da pandemia.

Seguindo recomendações de entidades como a International Air Transport Association (Iata) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a companhia aérea Latam decidiu proibir alguns tipos de máscaras faciais em seus voos. Fica vetado o uso de máscaras com válvulas, protetores bucais, lenços e bandanas de pano em todos os voos da companhia, que diz que esses modelos têm baixa eficiência contra a propagação da covid-19.

A medida vale a partir de 1º de março, segundo divulgou a companhia em comunicado neste mês. Os modelos aceitos pela Latam são: máscaras cirúrgicas; FFP2 (KN95) sem válvulas; FFP3 (N95) sem válvulas; e máscaras de pano (sem válvulas). A empresa lembra que a responsabilidade de providenciar a proteção é dos passageiros.

"Os passageiros que comparecerem ao embarque com máscara fora do padrão não poderão embarcar se não a possuírem ou substituírem por uma das alternativas permitidas", informa a Latam. A companhia destaca ainda que os viajantes devem observar todos os requisitos exigidos pelos países de chegada, em caso de embarques internacionais.

O que dizem as companhias aéreas sobre o uso de máscaras

  • A Latam proibiu máscaras com válvulas e o uso de proteção com lenços e bandanas de pano. Os modelos aceitos são máscaras cirúrgicas, FFP2 (KN95) sem válvulas, FFP3 (N95) sem válvulas e máscaras de pano sem válvulas;
  • A Azul orienta o uso de máscaras cirúrgicas descartáveis, caseiras de tecido ou máscaras de alta eficiência, com elemento filtrante, como PFF2 e N95 (sem válvulas);
  • A Gol informa que somente permite em seus voos a utilização dos seguintes modelos de máscara, seja por passageiros ou colaboradores: máscaras cirúrgicas descartáveis; máscaras modelos FPP2 e N95, ambos sem válvula; e máscaras de tecido com tripla camada;
  • A Lufthansa exige máscara médica em seus voos entre Brasil e Alemanha. Proteções com filtros externos e de panos não são aceitas;
  • A Air France não autoriza o embarque de passageiros e tripulantes com máscaras de tecido e as máscaras com válvula. O uso de máscara cirúrgica ou máscara do tipo FFP1, FFP2 ou FFP3 sem válvula é obrigatório a bordo dos aviões;
  • A Alitalia diz que é obrigatória a utilização constante de máscara cirúrgica de proteção ou máscaras do tipo FFP2 ou FFP3, sem válvula, a bordo de voos com destino à Itália.

Antes do anúncio da Latam, Lufthansa, Air France e Alitalia também apresentaram restrições semelhantes. Desde 1º de fevereiro, a companhia aérea alemã proíbe o uso de máscaras de pano e similares e passou a exigir que todos os passageiros e membros da tripulação usem máscara médica nos seus voos de ida e volta entre Brasil e Alemanha. Outros tipos de máscaras, mesmo com filtro externo e panos, não são aceitos pela companhia.

"Os passageiros devem usar máscara cirúrgica ou máscara padrão KN95/N95 durante o embarque, voo e na saída da aeronave. Máscaras diárias não são mais permitidas", disse a empresa em comunicado.

Ainda segundo a Lufthansa, a isenção da obrigação de usar máscara facial durante o voo por motivos médicos só é possível se o atestado médico for emitido em um formulário fornecido pela companhia e um teste de covid-19 negativo for apresentado com menos de 48 horas do início programado da viagem.

Em meio às evidências de que as novas cepas são mais transmissíveis e devido à alta dos casos de covid, países da Europa como Alemanha, França e Áustria passaram a recomendar que a população abandonasse as máscaras de pano e utilizasse máscaras usadas por profissionais da saúde, como a cirúrgica comum e modelos FFP2 ou N95. A determinação também é seguida pelas companhias aéreas alemã e francesa.

Com protocolo mais rígido, a Air France não autoriza o embarque de passageiros e tripulantes com máscaras de tecido e as máscaras com válvula. Segundo comunicado no site da empresa, o uso de máscara cirúrgica ou máscara do tipo FFP1, FFP2 ou FFP3 sem válvula é obrigatório a bordo dos aviões: "Recomenda-se com veemência usá-la assim que o passageiro chegar ao aeroporto".

O governo francês exige o uso de máscaras nos meios de transporte desde 11 de maio de 2020. Em 31 de maio, especificou que o uso de máscaras de tipo cirúrgico é obrigatório a bordo dos aviões.

Em conformidade com os regulamentos atuais da autoridade de saúde da Itália, a companhia aérea Alitalia também informa que adotou normas a fim de evitar o contato entre os passageiros.

"É obrigatória a utilização constante de máscara cirúrgica de proteção ou máscaras do tipo FFP2 ou FFP3, sem válvula, a bordo de voos com destino a Itália. Máscaras com válvula ou de tecido não são permitidas", diz o comunicado que também lembra que a troca da máscara de proteção deve ser feita a cada 4 horas de voo. Devendo o passageiro levar consigo quantidade suficiente de máscaras para a viagem.

Já a companhia aérea colombiana Avianca apenas afirma que os protocolos de biossegurança exigidos pelos aeroportos e pelas autoridades devem ser cumpridos pelos passageiros. Não cita quais máscaras faciais devem ser usadas, apenas que o seu uso é obrigatório para todas as pessoas acima de 2 anos de idade. Além disso, se o voo tiver mais de duas horas de duração, a empresa orienta que o passageiro tenha uma máscara limpa para fazer a troca durante a viagem.

Em atenção às recomendações sugeridas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde, a companhia aérea brasileira Azul orienta o uso de máscaras cirúrgicas descartáveis, caseiras de tecido ou máscaras de alta eficiência, com elemento filtrante, como PFF2 e N95 (sem válvulas).

Levando em consideração o cenário atual do Brasil e do mundo em relação ao novo coronavírus, assim como surgimento de novas variantes da covid-19, a Gol informou na segunda-feira, 22, que somente permite em seus voos a utilização dos seguintes modelos de máscara, seja por passageiros ou colaboradores: máscaras cirúrgicas descartáveis; máscaras modelos FPP2 e N95, ambos sem válvula; e máscaras de tecido com tripla camada. A empresa brasileira acrescenta que tem como base para a determinação as informações científicas mais recentes e as recomendações de diversos órgãos públicos pelo Brasil e pelo mundo.

Proteção mais segura dentro do voo

Diante de restrição do uso de máscaras com válvulas dentro de aviões, a infectologista Roberta Schiavon Nogueira afirma que embora elas ofereçam mais conforto respiratório para quem usa, não têm proteção eficaz dentro do avião contra a covid-19.

"As máscaras com válvulas dão mais conforto respiratório porque a pessoa que usa exala o ar com mais facilidade, mas se estiver com covid-19, acaba exalando esse ar. Não tem barreira. Protege a própria pessoa, mas não outros passageiros que estão no mesmo ambiente", diz Roberta, que também é consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Sobre proibição para uso de echarpe, lenço e bandana como máscara facial, a especialista acrescenta que são apenas tecidos de pano e não são considerados totalmente seguros contra o vírus. "O ideal é usar máscara de tecido duplo ou, preferencialmente, de tecido triplo. Devendo ser feita a higienizada logo após o uso", orienta. Em períodos prolongados de uso, é recomendado que o passageiro substitua a proteção por máscaras limpas ao longo da viagem.

Raquel Stucchi, infectologista, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da SBI, concorda com as restrições. "Não existe indicação de máscara com válvula praticamente em nenhuma situação. Além de ser mais difícil de manipular, aumenta o risco de contaminação ao ser manipulada", afirma. Já echarpe, lenço e bandana devem ser evitados porque, segundo a especialista, "são habitualmente de tecido muito fino", o que não fornece a proteção adequada.

Para o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diante de novas variantes da covid-19, recomenda-se o uso das máscaras mais seguras possíveis. "No caso das máscaras de pano, as pessoas devem usar as de tripla face, ou dupla, sempre bem ajustadas, mas o ideal neste momento é não viajar", acrescenta.

Um estudo do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos apontou que assegurar que a máscara está posicionada de maneira firme na face e o uso de duas máscaras são meios de reduzir significativamente a exposição ao novo coronavírus.

Estadão
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