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Homem de três corações, 1º paciente retransplantado do CE comemora 26 anos de sobrevida: 'Viver vale a pena'

Antônio Moura foi submetido ao primeiro transplante de coração em 1999, mas, seis anos depois, precisou passar por uma segunda cirurgia

18 ago 2025 - 07h37
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Resumo
Antônio Moura, primeiro retransplantado do Ceará, celebra 26 anos de sobrevida após dois transplantes cardíacos, destacando a eficiência e a humanização do SUS no segundo maior centro de transplantes do Brasil.
O Dr. João David de Souza Neto, ao lado do paciente Antônio Moura, que foi retransplantado.
O Dr. João David de Souza Neto, ao lado do paciente Antônio Moura, que foi retransplantado.
Foto: Divulgação/Hospital de Messejana

Vinte e seis anos após receber o primeiro transplante no Hospital do Coração de Messejana, em Fortaleza, Antônio Pereira de Moura celebra a vida não apenas uma, mas duas vezes. Ele foi o primeiro paciente retransplantado do Ceará e transformou sua trajetória em símbolo de esperança para os 46.807 brasileiros que aguardam por um órgão na fila do SUS.

Uma batida de carro desencadeou o problema cardíaco que mudaria tudo. “Quando eu bati o carro, aparentemente estava bem. Dias depois, ao ir trabalhar, senti um cansaço, uma falta de ar ao andar. Ia ao hospital e nada se resolvia”, lembra. A resposta veio em Fortaleza: “Foi lá [em Messejana] que me falaram que 'só um outro coração' resolveria”.

O primeiro transplante de coração ocorreu em janeiro de 1999. A vida seguiu, Moura trabalhou, formou família e batizou o primogênito de Ruan em homenagem ao cirurgião. Em 2005, o enxerto começou a falhar. Uma cirurgia de reparo não resolveu, e ele retornou à lista de espera pelo órgão.

A corrida pelo segundo coração

O chamado veio após uma noite difícil. “Pela manhã, recebi a notícia de que um possível coração tinha chegado”. A família embarcou em um ônibus e seguiu rumo ao hospital. Foi quando, no caminho, eles encontraram uma viatura e resolveram pedir ajuda. “Vimos uma viatura da Polícia Federal, pedi ao motorista pra parar. Falei pros policiais a situação, foram anjos na estrada e me levaram rapidamente ao hospital”. O segundo transplante veio, e com ele a sensação de renascer. “Fiquei vivo de novo”, diz.

A gratidão virou nomes, já que depois do primogênito Ruan, nasceram David, em homenagem ao clínico que acompanha Moura desde o diagnóstico, o cardiologista João David de Souza Neto, e Juliana, nome escolhido para celebrar a equipe. “Cada coração, um filho”, brinca Moura. “Deus me ama muito, porque me dá em vida três corações. Ele ainda me quer aqui espalhando a esperança de que viver vale a pena.”

Hoje, após 26 anos do primeiro transplante, ele segue em acompanhamento e faz questão de dar um recado a quem espera. “Você que está na fila: tenha fé, confiança em você e em Deus. A sua vida nova vai chegar. Quando chegar, abrace com toda a força", aconselha.

O que diz o médico

Chefe clínico do serviço, o cardiologista João David explica como o caso chegou ao ponto de dois transplantes. “O Moura tinha insuficiência cardíaca avançada, refratária a outros tratamentos. Naquele momento, o transplante era a indicação correta”. Ele foi o primeiro retransplantado do Estado, e desde então, houve outros dois casos (um adulto e uma criança), sem sucesso.

David destaca o funcionamento do sistema público. “O transplante no Brasil segue uma lista única do Ministério da Saúde. Quem está mais grave tem prioridade, geralmente internado, em UTI, com suporte intensivo, e depois conta o tempo em lista”. Em 2024, diz o médico, o Hospital de Messejana “foi o segundo hospital transplantador do país, atrás apenas do Incor, com 35 transplantes em um ano, em um hospital integralmente público aqui no Nordeste”.

Para ele, o diferencial vai além da técnica. “Não é uma relação de família, mas é quase. A humanização melhora a adesão ao tratamento e os resultados”. A proximidade virou um laço para a vida. “Sou padrinho do filho dele”, conta, rindo. Ao lado de clínicos e cirurgiões, atua uma equipe multidisciplinar – enfermagem, fisioterapia, psicologia, assistência social e outros profissionais –, que acompanha o paciente do preparo ao pós-operatório.

Transplante pelo SUS

O caso de Moura traz luz sobre os bastidores do transplante cardíaco no Brasil, que exige avaliação rigorosa, critérios transparentes de prioridade, captação interestadual quando necessário e seguimento a longo prazo. Segundo o médico, muitos pacientes voltam a uma rotina próxima do normal, trabalham, criam filhos, como foi o caso de Moura.

O médico também reforça um ponto que sustenta toda a engrenagem: a doação. “A abordagem às famílias é feita pelas centrais estaduais. Conversar em vida sobre o desejo de doar facilita a decisão.”

Para Moura, a gratidão pela nova oportunidade de viver transborda. “Estar vivo é dom. Estou vivo, meu Deus, eu venci”.

Fonte: Redação Terra
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