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Fiocruz prevê ter insumos para vacina só em 8 de fevereiro e já negocia importar mais doses prontas

Matéria-prima vem da China; Brasil recebeu dois milhões de doses do imunizante de Oxford esta semana, após longa negociação

23 jan 2021 - 20h32
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RIO - A Fiocruz prevê receber a matéria-prima para a produção da vacina de Oxford no Brasil "por volta do dia 8 de fevereiro", segundo a presidente da fundação, Nísia Trindade Lima. A previsão inicial era de que os insumos, vindos da China, chegassem ainda este mês. Com isso, a Fiocruz já negocia a importação de um 2º lote do imunizante, enquanto a fabricação nacional não começa. Nessa sexta-feira, 22, chegaram dois milhões de doses compradas da Índia, já encaminhadas aos Estados. A restrição na quantidade de vacinas desafia a campanha de imunização no Brasil, que pode parar diante dos atrasos da chegada dos insumos.

Nísia, no entanto, afirmou que não há atraso no contrato firmado com a AstraZeneca. Também negou que a atuação da equipe diplomática do governo federal tenha prejudicado a entrega. Ao longo da semana, a gestão Jair Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foram alvo de críticas pela dificuldade em negociar com os países asiáticos a liberação dos produtos. No caso da Índia, a busca das vacinas atrasou uma semana. Em relação à China, especialistas afirmam que declarações do presidente e de Araújo, como colocar em dúvida a eficácia da Coronavac, vacina produzida em parceria do laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, causam mal-estar. O governo vem isolando Araújo das negociações com Pequim.

A nova compra no exterior, porém, ainda está em negociação. Não há data nem quantidade definidas para o novo lote. Nesta semana, a farmacêutica AstraZeneca, parceira da Universidade de Oxford no desenvolvimento do imunizante, informou à União Europeia que entregaria menos remessas do que o previsto inicialmente, por causa de problemas de produção.

Segundo Nísia, o IFA não poderá ser entregue ainda neste mês por causa de um parecer do laboratório chinês. O documento indicou risco biológico elevado na produção do insumo, mas ela diz que já está "superado" o problema. "A chegada do IFA está nos consumindo", reconheceu.

Ao Ministério Público Federal (MPF) esta semana, o Instituto Biomanguinhos, que integra a Fiocruz, informou que o primeiro lote do IFA tinha chegada prevista para 23 de janeiro, mas a confirmação ainda estava pendente. Neste mesmo documento ao MPF, o órgao admite adiamento de fevereiro para março da entrega das primeiras doses produzidas no Brasil ao Ministério da Saúde.

Além do tempo de produção do imunizante a partir do IFA, justificou a Fiocruz aos procuradores esta semana, as doses fabricadas nacionalmente precisarão passar por testes de qualidade que demorarão quase 20 dias. Está prevista a compra do IFA chinês em dois lotes, com intervalo de duas semanas entre eles. Cada um trará produto suficiente para produzir 7,5 milhões de doses - ao todo, 15 milhões. A produção, porém, pode ser acelerada. A capacidade da Fiocruz de produzir vacinas é maior do que a quantidade a ser importada.

Em março, a Fiocruz produzirá as primeiras doses, ainda com insumo importado. A partir de abril, a Fiocruz começará a produzir o IFA. A previsão é fabricar 100,4 milhões de doses até julho. No fim do ano, devem ser produzidos mais 110 milhões.

Estadão
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