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Covid-19 é identificado nos testículos e glândulas salivares

"Um dos objetivos é ver como coronavírus se espalha e a reação que ele provoca para explicar o motivo da pessoa ter morrido", diz professor

24 abr 2020 - 16h10
(atualizado às 16h46)
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Um grupo de pesquisadores do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) tenta entender como o novo coronavírus afeta o corpo humano para ajudar no tratamento de pacientes. O estudo é feito com necropsias em mortos pela covid-19.

Necropsias identificam coronavírus nos testículos e nas glândulas salivares
Necropsias identificam coronavírus nos testículos e nas glândulas salivares
Foto: ANTÔNIO CÍCERO/PHOTOPRESS / Estadão Conteúdo

O estudo analisou, por exemplo, que o coronavírus se dissemina para outros órgãos além do pulmão, como cérebro, testículos e glândulas salivares. O professor da FMUSP e um dos pesquisadores participantes do projeto Paulo Saldiva ressaltou que os dados ainda são iniciais.

"O vírus é primariamente pulmonar e se espalha. Como que ele chega no cérebro? Essa é uma pergunta que vale muito e ainda estamos pesquisando. Tem diversas dúvidas", afirmou Saldiva, em entrevista ao Estado. "Um dos objetivos é ver como o vírus se espalha e a reação que ele provoca para explicar o motivo de a pessoa ter morrido, o que é fundamental para ter medicação", acrescentou.

Foram realizadas mais de 20 necropsias e o objetivo é chegar a no mínimo 50. O estudo teve início há um mês e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

São 12 pesquisadores que estão trabalhando no projeto. Eles se dividem: uma equipe faz as coletas dos tecidos e a outra analisa depois. Por causa do alto grau de contagiosidade do novo coronavírus, a necropsia é feita por meio de procedimentos minimamente invasivos. Em vez de usar bisturi, é usado um sistema de imagem e são introduzidas algumas agulhas para tirar os tecidos. Os pesquisadores precisam se paramentar para o trabalho.

"Fisicamente é desgastante por causa da paramentação e também tem o custo emocional. Uma necropsia em condições normais duraria 50 minutos, e agora estamos fazendo em torno de 90 minutos. Depois no laboratório são mais 5 horas de exame em microscópio. Estamos trabalhando todos os dias nisso", disse Saldiva.

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