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Cada pessoa com covid-19 transmitia para outras 3 no início da epidemia no Brasil, mostra estudo

O valor pro País foi estimado em 3.1 - menor que outras avaliações de estudos recentes e um pouco maior em relação outros países gravemente afetados pela covid-19

31 jul 2020 - 17h30
(atualizado às 17h36)
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Pesquisa publicada na revista científica Nature Human Behaviour nesta sexta-feira, 31, aponta que cada infectado transmitia o novo coronavírus (Sars-CoV-2) para mais três pessoas, em média, nos três primeiros meses da epidemia no Brasil.

O número representa a taxa de contágio, que foi estimada em 3.1 pro País - menor que outras avaliações de estudos recentes e um pouco maior em relação outros países gravemente afetados pela covid-19.

França e Itália tiveram taxa de 2.5, Espanha e Reino Unido de 2.6, segundo o estudo. Isso significa que, em média, cada pessoa com o vírus transmitia para outras duas ou três.

O índice mostra quão contagiosa uma doença é. Quando está acima de 1, indica que está fora de controle e tende a se espalhar. Abaixo de 1, demonstra que a epidemia começa a desaparecer.

Os novos casos nos países europeus caíram de forma consistente depois das aplicações de medidas de combate à pandemia, sugerindo que este número caiu para menos que 1. Aqui, a pesquisa aponta que embora tenha havido uma grande queda na transmissão, a taxa continua acima de 1.

"Assim, apenas a mitigação (e não a supressão) da epidemia foi alcançada até o momento, o que tem sido associado a um excesso substancial de mortes devido à falta de assistência médica", analisa o estudo.

Feito por pesquisadores de várias instituições - Universidade de São Paulo (USP), Oxford e Yale entre elas - o levantamento contextualiza dados demográficos e clínicos do coronavírus no País entre 25 de fevereiro, quando o primeiro caso foi detectado, até 31 de maio.

Maior renda, mais diagnósticos

Os cientistas também observaram que há uma diferença socioeconômica no acesso aos testes para a covid-19. Pessoas de renda mais alta são mais diagnosticados com a doença, enquanto aqueles com renda baixa são identificados com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) sem origem conhecida.

"É provável que muitos casos de SRAG com causa desconhecida sejam causados ??por Sars-CoV-2", aponta. A síndrome é uma das principais consequências da infecção pelo vírus.

Apesar de terem feito a descoberta com base em dados da região metropolitana de São Paulo, a pesquisa declara que a análise provavelmente pode ser aplicada a outros estados e regiões do Brasil.

"O número de casos confirmados pode subestimar substancialmente o número de infecções na população em geral, particularmente em regiões de menor nível socioeconômico", relata o estudo.

Estadão
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