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Anvisa libera novo uso de 'remédio da obesidade'; ele agora é indicado para gordura inflamada no fígado

No dia 15 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliou o uso do medicamento Wegovy (semaglutida), da empresa farmacêutica Novo Nordisk. Agora, além da indicação para tratamento da obesidade, o remédio passou a ter autorização também para adultos com gordura no fígado acompanhada de inflamação. Saiba mais!

17 dez 2025 - 08h33
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No dia 15 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliou o uso do medicamento Wegovy (semaglutida), da empresa farmacêutica Novo Nordisk. Agora, além da indicação para tratamento da obesidade, o remédio passou a ter autorização também para adultos com gordura no fígado acompanhada de inflamação. O quadro leva o nome de esteatohepatite associada à disfunção metabólica, conhecida pela sigla em inglês MASH. Assim, a nova indicação vale para pacientes com fibrose moderada a avançada, porém sem cirrose hepática instalada.

Na prática, essa decisão significa que parte dos pacientes com doença hepática ligada a alterações metabólicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e alterações de colesterol, ganha mais uma opção terapêutica com respaldo regulatório. Portanto, o foco está em um grupo específico. Trata-se de pessoas que já apresentam um grau relevante de cicatrização no fígado, mas que ainda não evoluíram para a fase de cirrose, quadro que é mais grave e com menos possibilidades de reversão.

A nova indicação da Anvisa vale para pacientes com fibrose moderada a avançada, porém sem cirrose hepática instalada – Secom/Anvisa
A nova indicação da Anvisa vale para pacientes com fibrose moderada a avançada, porém sem cirrose hepática instalada – Secom/Anvisa
Foto: Giro 10

O que é gordura no fígado com inflamação (MASH)?

A gordura no fígado com inflamação ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas, acompanhado de um processo inflamatório persistente. Esse quadro, que durante muitos anos teve o nome de esteatohepatite não alcoólica, passou a ser descrito como MASH para reforçar a forte ligação com alterações metabólicas, como resistência à insulina, síndrome metabólica e excesso de peso. Porém, diferentemente das alterações hepáticas relacionadas ao consumo abusivo de álcool, aqui a principal origem está ligada ao metabolismo e ao estilo de vida.

Na fase inicial, que leva o nome de esteatose hepática, o fígado acumula gordura, mas nem sempre apresenta inflamação significativa. Porém, quando a inflamação se instala e se torna crônica, o organismo começa a formar cicatrizes no tecido hepático, processo chamado de fibrose. Assim, é justamente nessa etapa, entre fibrose moderada e avançada, antes de o órgão chegar à cirrose, que o Wegovy passa a ser indicado, conforme a autorização da Anvisa.

Quais são os riscos da gordura no fígado com inflamação?

A MASH representa um risco progressivo para o fígado e para a saúde metabólica como um todo. O processo inflamatório, se mantido ao longo de anos, pode levar ao endurecimento progressivo do órgão, prejudicando sua função. A fibrose pode avançar de forma silenciosa, sem sintomas claros, até atingir a fase de cirrose, quando a estrutura do fígado fica profundamente alterada, com perda importante de capacidade de filtragem e metabolismo.

Entre as possíveis complicações da progressão da doença estão:

  • Cirrose hepática, com risco de insuficiência hepática;
  • Maior probabilidade de hipertensão portal, que pode causar varizes no esôfago e no estômago;
  • Aumento do risco de carcinoma hepatocelular, um tipo de câncer de fígado;
  • Descompensações metabólicas, incluindo piora do diabetes tipo 2 e das dislipidemias.

Além das complicações diretamente ligadas ao fígado, a gordura hepática associada à inflamação se conecta a um maior risco de doenças cardiovasculares. Em muitos casos, o problema hepático convive com pressão arterial elevada, aumento de triglicerídeos, redução do HDL (colesterol considerado "protetor") e acúmulo de gordura abdominal, compondo um cenário de risco aumentado para infarto e acidente vascular cerebral.

Como o Wegovy (semaglutida) se encaixa nesse tratamento?

O Wegovy contém a substância ativa semaglutida, que pertence a uma classe de medicamentos conhecida como agonistas do receptor de GLP-1. Essa classe já é utilizada no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, por atuar na regulação do apetite, na sensação de saciedade e na resposta do organismo à insulina. Com a nova aprovação da Anvisa, a semaglutida passa a ter um papel adicional no manejo da MASH com fibrose moderada a avançada, desde que não haja cirrose.

Estudos clínicos recentes têm avaliado o efeito da semaglutida na redução da inflamação hepática e na diminuição da quantidade de gordura no fígado, bem como na estabilização ou melhora da fibrose em parte dos pacientes. Ainda que o medicamento seja um componente importante, o tratamento da esteato-hepatite associada à disfunção metabólica continua baseado em um conjunto de medidas:

  1. Adequação alimentar, com redução de calorias, controle de açúcares simples e gorduras saturadas;
  2. Atividade física regular, ajustada às condições de saúde do paciente;
  3. Controle de diabetes, hipertensão e colesterol, com medicamentos e acompanhamento especializado;
  4. Monitoramento periódico do fígado por exames de sangue, imagem e, em alguns casos, biópsia hepática.

O uso de Wegovy deve ser feito com prescrição médica, seguindo critérios como estágio da fibrose, presença de outras doenças metabólicas, histórico de tratamentos anteriores e avaliação de possíveis efeitos adversos.

A gordura no fígado com inflamação ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas, acompanhado de um processo inflamatório persistente – depositphotos.com / katerynakon
A gordura no fígado com inflamação ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas, acompanhado de um processo inflamatório persistente – depositphotos.com / katerynakon
Foto: Giro 10

Quais são as implicações da decisão da Anvisa para pacientes e serviços de saúde?

A ampliação da indicação de Wegovy para MASH com fibrose moderada a avançada, sem cirrose hepática, traz algumas implicações importantes. Para pacientes, abre-se a possibilidade de acesso a uma terapia que atua ao mesmo tempo na perda de peso, na melhora do controle glicêmico e no quadro inflamatório hepático, o que pode alterar o curso da doença em uma parcela dos casos. Para os serviços de saúde, a mudança tende a ampliar a demanda por diagnóstico precoce de gordura no fígado e por estratificação do grau de fibrose, a fim de identificar quem realmente se beneficia do novo uso do medicamento.

Outro ponto relevante é a necessidade de acompanhamento multidisciplinar. A MASH costuma estar inserida em um contexto mais amplo de disfunção metabólica, em que se fazem necessários o trabalho conjunto de hepatologistas, endocrinologistas, nutricionistas e profissionais de educação física. A decisão da Anvisa insere o Wegovy nesse cenário como mais uma ferramenta terapêutica, que não substitui mudanças de hábitos, mas pode contribuir para evitar a progressão da doença em estágios ainda potencialmente reversíveis.

Com a atualização da indicação em 2024, o debate sobre gordura no fígado com inflamação ganha maior visibilidade em 2025, reforçando a importância de diagnóstico, acompanhamento e tratamento adequado para reduzir o impacto da doença hepática metabólica na população adulta.

Giro 10
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