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Por que expressar o que sentimos e não o que julgamos faz toda a diferença em uma conversa difícil

Marshall Rosenberg, psicólogo criador da Comunicação Não Violenta, tem uma frase essencial para refletirmos: "por trás de todo comportamento, existe uma necessidade não atendida"

20 ago 2025 - 17h03
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Se a primeira palavra dita em uma conversa difícil é o pronome "você", provavelmente, o início não foi dos melhores. Não ter clareza sobre o que se sente, julgar a atitude do outro e não saber qual objetivo se busca no diálogo são erros comuns que escalam conflitos e afastam qualquer chance de uma troca genuína entre pessoas que, de alguma forma, estão vulneráveis.

O que está por trás da conversa difícil? Veja atitudes que podem ajudar neste momento entre casais, amigos ou profissionais
O que está por trás da conversa difícil? Veja atitudes que podem ajudar neste momento entre casais, amigos ou profissionais
Foto: depositphotos.com / alebloshka / Bons Fluidos

O que está por trás da conversa difícil?

Marshall Rosenberg, psicólogo criador da Comunicação Não Violenta, tem uma frase essencial para refletirmos sobre nosso comportamento e o do outro antes de qualquer conversa difícil: "por trás de todo comportamento, existe uma necessidade não atendida". Se há algo que te leva a um diálogo delicado, certamente existe o que não está sendo entregue a você, como respeito, consideração ou reconhecimento. O contrário também é verdadeiro: quando o outro se expressa de determinada forma, ele também está falando de uma necessidade não vista pelo outro e até por ele mesmo.

António Damásio, neurologista e neurocientista português, lembra que, vagos ou precisos, os sentimentos são informativos e estão no corpo e na mente. Segundo ele, sentir é tão importante, que esse processo tem um poder especial sobre nós. O sentir é o ponto de contato com o mundo. O grande desafio é aprofundar-se nele para entender, primeiro, qual mensagem ele quer passar a você e, depois, comunicar isso de forma clara. É o sentimento não analisado que acaba falando mais alto no momento de um diálogo importante.

Jogo de acusações e a fuga

O que costuma acontecer, numa tentativa de conversa, é a transformação da necessidade num jogo de acusações sobre como o outro deveria se comportar, agir ou falar. Porém, o ponto central é refletir sobre o que o comportamento que você espera do outro traria para a relação. É nesse lugar, que se encontra o verdadeiro objetivo da conversa e a possibilidade de mudá-la de rumo.

Fugir de uma conversa difícil raramente é uma boa opção. O diálogo pode não acontecer, mas o sentimento que seria exposto continuará presente e, muito provavelmente, crescerá, somando-se a outros pontos não esclarecidos. O resultado, nesse caso, é previsível: o aumento no distanciamento.

Atitudes que podem ajudar em uma conversa difícil

Se a intenção é ter essa conversa, algumas atitudes ajudam a conduzir o momento com clareza e presença. O primeiro passo é pensar no que você quer alcançar. Iniciar sem saber isso é como caminhar sem rumo; já tendo clareza, esse objetivo pode servir como referência para evitar que a conversa se perca em acusações. 

Um diálogo franco e convidativo começa pelo pronome "eu". Por exemplo: "eu quero compartilhar um sentimento diante de uma atitude sua naquele dia do almoço em família. Eu fiquei triste e me senti exposta pela sua fala na mesa. Talvez não tenha sido sua intenção, mas é assim que me sinto. Como você percebeu ou lembra daquele momento?". Depois, faça uma pausa, convide o outro a se expressar e escute sem interromper. Caso a pessoa se exalte, proponha uma pausa e retorne em outro momento. Se a conversa prosseguir, após ouvir o que foi dito, sugira uma mudança, seja claro no pedido e pergunte: "e para você, qual seria o melhor caminho para evitar esse sentimento e distanciamento entre nós?". Se chegaram até aqui, provavelmente, há maturidade e interesse na relação.

Interesse em comum

Outro ponto a se lembrar: há sempre algum interesse em comum, mesmo em conflitos intensos, e encontrá-lo pode ser uma saída valiosa. Ainda assim, pode acontecer de o outro não estar interessado em resolver a situação. Nesse caso, avalie se a relação é saudável, e isso vale para todas as áreas da vida. Lembre-se também de que um bom acordo é aquele em que ambas as partes saem igualmente insatisfeitas. Nem sempre será possível conquistar tudo. Negociar é renunciar a algo para obter outro importante. 

Em última análise, expressar o que se sente, e não o que se julga, transforma conversas difíceis porque desloca o foco do ataque para a compreensão. Quando a troca é baseada em sentimentos e necessidades, mesmo que não haja consenso absoluto, há mais chances de construir entendimento, reduzir desgastes e manter o respeito, que é a base de qualquer relação duradoura.

Sobre Alexandre Poletto

Alexandre Poletto é jornalista, estudante de Psicologia e pós-graduado em Saúde Mental e Desenvolvimento Humano pela PUC-PR. Tem formação em Comunicação Não Violenta pela PUC-RS, com foco em escuta qualificada e relações interpessoais.

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