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Frustração de natal é mais frustrante?  

26 dez 2017 - 15h09
(atualizado às 18h15)
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Foto: Mãe com Prosa

Frustração de natal é mais frustrante?

Por Michelle Dufour

Aqui em casa não tem lista de natal, nunca teve porque a lógica que sempre adotamos é: "o que vier, temos de agradecer". Mas mesmo sem pedido, sem cartinha e sem expectativa, este ano meu marido caprichou! Como teve que fazer uma viagem bem próxima do natal, pôde trazer um presente super legal, um brinquedinho que grava, filma, copia a nossa voz, fala com a gente… uma coleção de fofuras tecnológicas. A embalagem foi imediatamente rasgada e o bichinho se tornou o grande companheiro da noite.

Não saiu da cola da Elisa que dormiu com ele ao lado da cama para, no dia 25, mostrar aos primos que não puderam passar o 24 com a gente. Antes de sair de casa, um facetime com os avós de BH para apresentar o novo amigo e lá fomos nós participar do almoço familiar em São Paulo.

Mas sabe aquele roteiro de um natal perfeito, que a gente vê nos filmes com crianças felizes, brincando com os presentes que acabaram de ganhar? Então, o script da vida é real e não o ideal e daí que o tal brinquedo pifou, parou de funcionar do nada e todos os planos da Elisa de passar o dia  com a Flix, sim a companheira, já tinha sido batizada, ruíram. E agora? Além de ser feriado, não tem como mandar consertar um brinquedo que foi comprado em outro continente, tem?

Ela engoliu o choro, tentou encararar a frustração, mas aos 8 anos a gente não segura mesmo a onda e aí o dia que mal tinha começado, para ela  já tinha praticamente chegado ao fim. Depois de se trancar no banheiro e só sair com um ultimato nosso, afinal era dia de festa e de alegria e não de emburramento, ela passou o restante do evento tentando se conter. Mas no fim da noite veio aos prantos me dizer que estava muito, muito triste e pior, não aguentava ver a irmã brincar com o presente dela, perfeitinho e tão bacana.

Peguei no colo, conversei, disse que a Manu tinha o direito de curtir o que havia ganhado e que poderíamos fazer um trato delas brincarem juntas (já estavam brincando, eu vi) e que tentaríamos mandar uma mensagem para o fabricante e ver se havia algo a ser feito. Também falei que compreendia a tristeza dela (parece tão pouco pra gente, né? Mas pra ela não era) e que na vida muitas vezes as coisas não acontecem como gostaríamos.

Mas sabe por que decidi escrever tudo isso hoje? Porque fiquei pensando num monte de coisas e fazendo reflexões interessantes e incoerentes (sou mãe, lembra?) e queria dividir com você.

Vamos aos pensamentos pós-natal:

Temos de estar felizes apenas porque todos estão e porque o natal é o dia nacional da felicidade?

Que coisa interessante frustração de filho! Assim eles aprendem desde cedo que a vida nem sempre é aquilo que sonhamos.

Que tristeza frustração de filho! Como é duro não tentar impedir ou amenizar a dor que sentem. (Tá, confesso que hoje fui até o Largo 13 comprar uma lembrancinha para Elisa)

A generosidade de irmãos é um negócio muito legal. Manu tem deixado Elisa brincar com o brinquedo dela sem se incomodar, aliás, fica toda feliz com a felicidade da irmã.

Nossa, que alívio o brinquedo da Elisa ter sido uma surpresa e não um pedido feito ao papai noel e esperado durante o ano inteiro! Tenho certeza de que a tristeza dela seria o dobro agora.

Moral de natal: a festa termina, a vida segue, a gente aprende e os filhos também!

Mãe com Prosa
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