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Crianças brasileiras não têm autonomia

23 jan 2018 - 12h15
(atualizado às 18h36)
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Não me leve a mal, generalizei mesmo pra chamar a sua, a minha, a nossa atenção.

Amália não tem nem 2 anos, mas a gente sempre se esbarra na máquina de suco, no ginásio coberto, pelos corredores do hotel onde estamos…Ah, e tem a outra hóspede que ainda usa fraldas, a Mimi, que circula livremente por aí, tanto é que nos encontramos recentemente em nosso andar, eu querendo entrar no meu quarto e ela procurando pelos pais. Sim, subiu 2 andares de elevador, virou à esquerda e estava lá batendo na porta um pouco aflita. Os responsáveis? No papo, um no bar e outro na brinquedoteca sem notar a falta da filha. Pais relapsos??? Até pensei nisso, mas comecei a sacar que é uma prática na Áustria: locais seguros e crianças livres.

Aqui elas se servem no buffet desde a mais tenra idade, cozinham seus ovos no café da manhã, pegam suco e refri na máquina e, ao final do almoço, levam seus pratos e talheres para o carrinho. Autonomia combinada com senso de coletividade (vamos deixar a mesa limpa para o próximo) e responsabilidade.

E eu me policiando pra não pegar o pão e cortar ao meio para as meninas no café da manhã, não recolher as toalhas delas na piscina, não ajudar a calçar os sapatos toda manhã e jogar no lixo o papel do picolé que elas acabaram de chupar.

Apesar de europeu ter muitos filhos (nada baseado em estatísticas, mas em percepção pela quantidade de famílias com 3 ou 4 ) aqui nada de pais superprotetores, exaustos, sendo convocados a cada 5 segundos por crianças cheias de vontade e dependência. Um jeito de levar a vida mais leve, mais tranquilo com um resultado interessante para adultos que não se sentem tão sufocados e crianças que aprendem a se virar desde muito cedo e a viver em comunidade.

Claro, sei que pra gente é muito mais difícil já que não dispomos de tantos lugares sem quina, morremos de medo de sequestro, pedofilia e a grana é curta demais para hotéis seguros e confiáveis.

Mas pra não terminar o texto com a bola baixa e apenas vendo as nossas falhas, devo dizer que só a gente, apenas brasileiros da gema ( pelo menos aqui) distribuem tantos beijos melados e abraços demorados nos filhos como se não estivéssemos juntos 24 horas por dia. E quer saber? Autonomia é legal, responsabilidade é essencial, mas se, além de tudo vierem acompanhadas de carinho, é sensacional , não?

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