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Cama: compartilhar ou não compartilhar?

22 jan 2018 - 14h45
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Foto: Mãe com Prosa

Eis a questão! Compartilhar ou não compartilhar a cama ainda gera polêmica e divide a opinião de pediatras, pais e mães. O #MCP conversou sobre isso com o pediatra espanhol Carlos González, especialista em amamentação, assessor da Unicef e autor dos livros "Besame Mucho", "Manual do aleitamento materno" e "Meu filho não come".

Para González, as ideias preconcebidas que temos sobre o sono das crianças são absurdas. Muitos esperam que as crianças durmam sozinhas em seus quartos desde bebês, durante a noite inteira, sem acordar nenhuma vez. Mas a verdade é que, a partir dos 4 meses, elas acordam de hora em hora para verificar se a mãe está por perto. Se está, elas voltam a dormir rapidamente. Se não está, elas choram até que a mãe volte.

O pediatra ressalta que não são apenas as crianças que não dormem a noite inteira. Ninguém dorme a noite inteira. Todos acordamos, olhamos para aquele relógio luminoso mostrando algo como um desesperador 4:28 e, com sorte, voltamos a dormir. E, sabe aquelas pessoas que falam que dormem a noite inteira? Não é verdade. Há pesquisas científicas que monitoram o sono das pessoas, e todo mundo acorda. O que acontece é que, a partir de uma certa idade, quando você acorda, nem chora nem chama sua mãe!

Então, como González explicou, a pergunta que devemos fazer não é com que idade a criança deixa de acordar à noite, pois ela sempre vai acordar. A pergunta é com que idade ela vai deixar de chorar para chamar a mãe. E a resposta dele é: quando elas aprendem a ir, sozinhas, à cama da mãe, sem chorar.

Mas será que González defende a cama compartilhada? O que ele defende é que os pais têm o direito de decidir como dormem! Como ele esclarece, uma criança pode, basicamente, dormir em três lugares: em seu quarto, sozinha; no quarto dos pais, mas em seu próprio berço, ou na cama dos pais. No entanto, esses três lugares podem ser combinados de diferentes maneiras.

  • Há crianças que dormem inicialmente no berço e, quando acordam, vão para a cama dos pais.
  • Há crianças que estão na cama dos pais e, quando adormecem, são levadas para o berço.
  • Há crianças que estão em outro quarto e, quando acordam, a mãe as traz para o seu.
  • Há crianças que estão em outro quarto e, quando acordam, a mãe dá uma cotovelada no pai para que ele as traga para o quarto.
  • Há mães que não trazem a criança para sua cama, mas ficam no quarto dela até que ela durma novamente.
  • Há mães que dormem antes da criança.
  • Há mães que colocam um colchão no chão do quarto da criança e acabam dormindo ali.
  • Há pais que vão buscar as mães que dormiram no colchão e as trazem de volta ao quarto.
  • Há pais que vão dormir em outro quarto porque não conseguem dormir com a criança ao lado e têm que se levantar cedo para trabalhar.
  • Há pais que gostariam de dormir em outro quarto, mas não têm coragem de falar porque acham que as mães vão pensar que eles as abandonaram, sozinhas, de frente para o perigo! E, ao mesmo tempo, as mães estão pensando: estaríamos melhor se os pais fossem para o outro quarto, mas não podemos falar isso porque eles vão se sentir desprezados e renegados. Mas ninguém tem coragem de falar essas coisas.

De todos esses arranjos para dormir, e dentre todos os outros possíveis, o mais importante, para González, é que os pais saibam que têm liberdade e direito de escolher o que funciona melhor, o que faz toda a família dormir melhor. E todos têm direito de mudar o arranjo quando ele deixar de funcionar.

Mãe com Prosa
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