PUBLICIDADE

Meteorologia não é só chuva ou sol; conheça a profissão

6 dez 2009 - 12h36
Compartilhar

Michelle Achkar

 Os meteorologistas estudam além da previsão do tempo
Os meteorologistas estudam além da previsão do tempo
Foto: Getty Images

Dar uma olhadinha na previsão do tempo é informação fundamental para qualquer um. No âmbito pessoal, ajuda a escolher a roupa, decidir se vai levar ou não o guarda-chuva, marcar ou não compromissos e escolher o destino no fim de semana.

» Siga o Terra no Twitter

» vc repórter: mande fotos e notícias

» Chat: tecle sobre a notícia

Mas as aplicações são diversas, em áreas como agronomia, geologia, oceanografia, principalmente com o avanço nas mudanças climáticas. Laura Ferreira, meteorologista responsável pela previsão do tempo da rádio BandNewsFM, e pela previsão do tempo da TV Record fala das oportunidades e desafios atuais da profissão respondendo a oito perguntas para o Terra:

Terra - Como escolheu a profissão?
Laura Ferreira - Inicialmente queria seguir carreira na área de Astronomia. Como não havia um curso de graduação no assunto, optei por algo que me levasse a isso numa pós-graduação. Prestei vestibular para Física e Meteorologia. Acabei passando na segunda opção e já no primeiro ano do curso decidi investir nessa área. Me formei pela Universidade de São Paulo em 1999, e desde então trabalho em empresas privadas. Comecei na Climatempo Meteorologia, onde fiquei por seis anos. Lá tive a oportunidade de trabalhar com rádio e TV, sempre na área de previsão do tempo. Eu me identifiquei bastante com a área de mídia, e paralelamente ao trabalho fiz um curso de rádio. Hoje, além de meteorologista, sou radialista profissional. Em 2006 fui para a Somar Meteorologia, onde estou até hoje. Continuo atuando na área de rádio e TV.

Qual a formação necessária para atuar no mercado?
Apesar de o curso englobar muita física, matemática e computação, não é necessário ser bacharel em Física, mas em Ciências Atmosféricas. A meteorologia é a ciência da atmosfera terrestre e de seus fenômenos. Existem os cursos de graduação na área, e também os cursos de pós-graduação. A graduação é em período integral com duração de quatro anos. A pós normalmente é feita pelos bacharéis em Meteorologia, Física, Engenharia, Matemática, Química, e Agronomia.

Que curso é hoje referência no país?
Aqui no Brasil existem oito universidades que fornecem o curso de graduação em Meteorologia: Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Pelotas (RS), Universidade Federal de Santa Maria (RS), Universidade Federal do Pará, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal de Campina Grande (PB), e a Universidade do Estado do Amazonas. No País, a USP é uma referência. O curso já recebeu avaliação de excelência internacional. Também é importante citar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que fornece curso de mestrado e doutorado. O curso de pós-graduação faz parte das atividades do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), que é o centro mais avançado de previsão numérica de tempo e clima da América Latina.

Qual o perfil ideal do meteorologista?
Inicialmente o profissional deve ter interesse por ciências exatas. Diferente do que a grande maioria das pessoas pensam, os meteorologistas são profissionais muito mais ligados às ciências exatas do que à geografia. Presenciei muitos casos em que o estudante desistiu da profissão ao se deparar com uma quantidade enorme de fórmulas e cálculos matemáticos. Além disso, o profissional deve gostar e se interessar pelas interações do homem com o meio ambiente.

Quais as principais oportunidades atuais que o mercado oferece atualmente?
No Brasil, o mercado da meteorologia está em crescente desenvolvimento, e oferece possibilidades de emprego em instituições governamentais e privadas. O maior número de oportunidades está no setor público, onde a contratação é feita pelos concursos públicos ou bolsas de estudo para universitários. Quando se fala em meteorologia, a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas é a previsão do tempo. Mas dentro da área, existem várias atuações de trabalho, como: climatologia, hidrometeorologia, biometeorologia, sensoriamento remoto, entre outras. Além dessas ramificações, os profissionais têm ainda um maior mercado de trabalho quando se especializam em outras áreas relacionadas, como agronomia, geologia, oceanografia etc.

Quais os principais desafios da área?
No meu caso que trabalho com previsão do tempo, o maior desafio é decifrar as condições atmosféricas e interpretar corretamente o que a natureza tem a dizer. E com isso, acertar a previsão. Como atuo diretamente com o público, todos os dias sou cobrada por isso. Estamos com um índice de acerto em torno de 95% para o dia seguinte. Mas sempre que acontece algum erro, ¿chovem¿ e-mails com reclamações. Sei da importância do tempo nas vidas das pessoas. E agora que a credibilidade no assunto está aumentando, não posso dar bobeira. Todos os anos as pesquisas científicas nos fornecem novos dados e conclusões a respeito do tempo e do clima. A comunidade meteorológica ainda tem muito a descobrir, e isso é fascinante. Há sempre um desafio pela frente.

O que é mais legal na profissão?
Não só na meteorologia, mas em qualquer outra profissão, o reconhecimento do seu trabalho é sempre prazeroso. Com o aumento no índice de acerto das previsões, as pessoas estão confiando mais na meteorologia e usando as informações para a tomada de decisões. Apesar da grande responsabilidade, acho muito legal alguém marcar um churrasco porque sabe que vai fazer sol no feriado, ou até desmarcar uma viagem no fim de semana porque ouviu da meteorologia que vai chover. É extremamente gratificante ter esse retorno positivo das pessoas. E agora que as atenções estão todas voltadas para as mudanças climáticas, cada vez mais os profissionais serão acionados para a realização de grandes projetos.

Quais as perspectivas de remuneração inicial e futura?
Um recém-formado que parte para a área acadêmica recebe uma bolsa de mestrado em torno de R$ 1,4 mil. Um meteorologista que parte para um emprego em empresa privada ou governamental também não foge muito disso. O profissional começa ganhando em torno de R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil. Com o passar do tempo, e por consequência, o ganho de experiência, o salário aumenta, mas ainda sinto que a remuneração não está compatível com o valor do profissional.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade