Dia dos Namorados: psicóloga ensina como transformar relações
A especialista Esther Carrenho destaca que mudanças internas ao longo da vida, assim como feridas emocionais geradas na infância, podem influenciar um relacionamento
Para a teóloga e psicóloga clínica Esther Carrenho, "toda parceria conjugal precisa ser refeita de vez em quando". A especialista defende que mudamos ao longo da vida e, por isso, as relações são impactadas, demandando mais atenção e dedicação. Feridas emocionais geradas na infância também podem surgir e influenciar os relacionamentos. Mas, mesmo nesses momentos, ainda é possível restabelecer o vínculo.
Os problemas podem estar no emocional
De acordo com Carrenho, o primeiro passo para transformar relações é identificar as próprias feridas emocionais. A psicóloga explica que esses ressentimentos têm origem em carências ou necessidades não atendidas quando criança, que tendem a permanecer escondidas até a vida adulta.
"Isso está muito relacionado com as figuras parentais, como pai, mãe, avós ou tios. Ocorre quando falta aprovação, acolhimento, amor e contato físico. Todas essas coisas marcam a pessoa depois, na vida adulta. É uma ferida que está guardada desde então, contudo, não está resolvida. Ela vai doer em algum momento da história e aparecer na vida desse indivíduo", aponta.
Muitos conseguem reconhecer o que estão enfrentando, mas podem pensar: "se é uma dor minha, como reflete no outro?". Para Esther, a resposta está no espelhamento do que nos falta no outro e na cobrança. "O que a criança precisou e não teve, se ela depois não trabalhar isso, vai integrar à própria vivência e respingar nos relacionamentos", explica.
"Por exemplo, uma menina que teve um pai totalmente ausente. Na vida adulta, ela vai encontrar um parceiro, e, se não tiver consciência daquilo que faltou lá atrás, vai esperar que ele faça um papel paternal. O mesmo ocorre com um menino que perdeu o pai na pré-adolescência e adotou uma postura protetora com a mãe. Ele pode crescer sendo sempre essa figura. Aí encontra uma mulher que também teve essa ausência. Encaixa certinho, um suprindo a carência do outro", afirma.
Antes das relações, cuide de si mesmo
De início, há a possibilidade do casal não sentir os efeitos dos papéis desempenhados. A longo prazo, no entanto, tanto as feridas quanto a pressão para extinguir uma necessidade do parceiro resultam em um relacionamento insatisfatório e desgastante. "Quando a gente deixa de experimentar uma relação de adultos, paramos de viver e desfrutar de todas as oportunidades que temos como maduros", esclarece.
Entretanto, antes de buscar transformar a conexão, segundo Esther, é importante curar os próprias dores. Para isso, você deve rever e buscar compreender a sua história. Isso porque é nesse período que temos a chance de nos tornarmos na figura paterna que faltou.
"Assim, você conseguirá sair do papel de vítima e virar o protagonista da própria vida. Pense: 'vou ser a mãe amorosa daquela criança interna que está ali, que sou eu'. É dessa forma que a gente cresce, não é pondo a culpa lá atrás como se não tivesse mais jeito", ressalta.
Além disso, a psicóloga enfatiza que, a partir dessa reflexão e autoconhecimento, será possível não somente se amar e se cuidar, como passar a compreender o outro. Em decorrência, haverá mais espaço para comunicação e para ouvir com atenção como o parceiro se sente.
"Não vamos querer mudar o outro. Já aprendemos a respeitá-lo, porque diferenças são diferenças e vão ser sempre assim. Mas, quando eu começo a me acolher, aceitar, resolver todas as questões da minha história e cultivar uma identidade autêntica, fica realmente mais fácil conviver e caminhar juntos", conclui.