Todos os anos, os moradores de La Quebrada, ao sul da capital do Peru, Lima, se reúnem para um polêmico evento gastronômico. O Festival Gastronômico do Gato conta com estandes e barraquinhas que servem somente pratos à base de gato.
O evento relembra a época em que os primeiros escravos se estabeleceram na região, reza a lenda, sobrevivendo se alimentando de gatos. Há vários gatos que são criados especialmente para a ocasião, em que 50 animais são sacrificados.
Os animais são, depois, preparados fazendo uso de temperos e receitas típicas peruanas. Entre os quitutes, há o cozido de gato apimentado, gato grelhado com ervas locais huacatay, gato à milanesa e torresmo de gato.
Multidões de frequentadores se reúnem nesta comunidade rural ao sul de Lima para provar uma carne que dizem ter um sabor semelhante ao da de coelho.
Afrodisíaco
Em outros países, os locais prezam os supostos poderes de ostras e do chifre do rinoceronte, mas, para os moradores de La Quebrada, a carne de gato é considerada um afrodisíaco.
Os habitantes locais defendem ainda que a carne de gato tem supostas capacidades de curar doenças bronco-pulmonares. A folia gastronômica homenageia Santa Efigênia, a santa padroeira do pequeno município peruano.
Ativistas vêm protestando contra o tradicional festival, sob o argumento de que ele estimula práticas crueis contra gatos e o assassinato dos animais. Recentemente, militantes foram às ruas do bairro de Miraflores - um dos centros gastronômicos de Lima - carregando cartazes com dizeres como ''Deus criou os gatos!'' e gritando slogans como ''Assassinos!'', em protesto contra a prática. Os manifestantes carregavam cartazes com a figura de São Francisco de Assis, o santo padroeiro dos animais.
Mas o consumo de gatos é uma prática restrita ao evento anual de La Quebrada em setembro. A maioria dos peruanos prefere ter felinos como animais domésticos e, na hora de comer, prefere as tradicionais carne bovina ou de galinha.
Quatro renomados chefs de cozinha da comunidade de Bilbao, capital do país Basco, mostraram a culinária típica da região durante uma degustação realizada, na tarde desta quinta-feira (20), em São Paulo. Entre eles, estava Ricardo Perez
Foto: Léo Pinheiro / Terra
José Miguel Olazabalaga, chef premiado pelo guia Michelin, também trouxe ao Brasil a gastronomia desta região localizada entre o norte da Espanha e sudoeste da França onde vive o povo basco. Eles serviram nove diferentes pintxos, que são pequenas porções típicas do local que correspondem aos petiscos brasileiros ou conhecidos como tapas, na Espanha. A degustação vai de R$ 25 a R$ 250
Foto: Léo Pinheiro / Terra
O chef Beñat Ormaetxea também foi responsável por prepara alguns dos pintxos, que são sempre consumidos em bares e em reuniões de amigos e famílias acompanhados, quase obrigatoriamente, por um bom vinho, ritual que faz parte da cultura basca
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Por isso, como não existe petisco sem bebida e vice-versa, para a harmonização, o sommelier Mikel Garaizabal apresentou e explicou aos jornalistas e importadores presentes as características de nove tipos de vinhos produzidos na região de Rioja Alavesa, na Espanha
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Devido ao frio e chuva da região, as uvas cultivadas por lá são menores e também plantadas em solo pobre, por isso, a bebida tende a ter maior concentração de acidez
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Para acompanhar um vinho branco, foi servido um pirulito de Foie Gras preparado pelo chef Daniel Garcia, premiado com uma estrela pelo Guia Michelin
Foto: Léo Pinheiro / Terra
A porção em miniatura foi apresentada dentro de um copo decorado com sal grosso
Foto: Léo Pinheiro / Terra
O pintxo foi servido com o vinho branco Lar de Paula Blanco de 2011, que custa, em média, entre 12 a 15 euros, na Espanha
Foto: Léo Pinheiro / Terra
O segundo petisco servido, trazia taco de atum marinado, ovas de peixe voador e yuzu cobertos com espuma de wasabi e foi preparado pelo chef Beñat Ormaetxea
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Ela acompanhou um vinho tinto mais forte, o Lar de Paula Crianza 2008, que custa na Espanha, entre 15 e 18 euros
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Em seguida, foi servido um espeto de lagostim com txakoli, um vinho típico do norte do país Basco, marcado pela acidez
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Este pintxo foi preparado também pelo chef Daniel Garcia e, com tempero fraco no lagostim, deixava o aroma por conta do txakoli
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Foi servido com o vinho tinto Lar de Paula Reserva Especial 2005, que tem valor entre 22 e 25 euros, na Espanha
Foto: Léo Pinheiro / Terra
O bombom de steak tartare foi preparado pelo chef Ricardo Perez e trazia uma porção miniatura de carne acompanhada de molho de mostarda e um palitinho crocante
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Destaque para o tempero forte e marcante do prato
Foto: Léo Pinheiro / Terra
A harmonização foi feita com o vinho Castillo Labastida Crianza 2009, que custa de 12 a 15 euros, na Espanha
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Com o aspecto que em um primeiro olhar lembra um crème brûlée, o txangurro de mexilhão foi o quinto pintxo a ser servido
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Um prato típico basco, o txangurro é uma mistura de vegetais, como cebola, tomate e cenoura, por exemplo, que, neste caso, foi também incrementado com mexilhão pelo chef Daniel Garcia
Foto: Léo Pinheiro / Terra
O petisco acompanhou um vinho que lembra o aroma e cor do alcaçuz, segundo o sommelier, além de ser sutil e agradável. O vinho Castilla Labastida Reserva 2008 custa, na Espanha, entre 22 e 25 euros
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Em seguida, o chef Beñat Ormaetxea serviu uma porção miniatura de vieira assada, com gergelim e caldo de ibéricos
Foto: Léo Pinheiro / Terra
O sabor da carne era ainda mais realçado com o molho
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O prato combinou com o vinho Manuel Quintano 2005, que custa 30 euros na Espanha, e agradou bastante o paladar dos críticos presentes
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O sétimo vinho servido foi acompanhado por um falso risoto de polvo e batata com ali oli de mexilhão
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O prato foi preparado pelo premiado chef Jose Miguel Olazabalaga
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Ali Oli é uma combinação tradicional basca que mistura alho e azeite e, neste caso, foi também acrescentado de mexilhão
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O prato é chamado de falso risoto porque não tem arroz e feito, principalmente, da mistura do polvo com batata, entre outros ingredientes e temperos
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O pintxo foi acompanhado pelo vinho Baigorri Crianza 2008, que custa, entre 15 e 18 euros, na Espanha
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Em seguida, foi servido uma porção de tamboril ao alho, pimenta e tomate
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Tamboril é um peixe conhecido no país Basco como sapo do mar
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Bem cozido e macio, o sabor se completava com o tempero do molho de alho e pimenta
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Este pintxo foi preparado pelo chef Ricardo Perez
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Ele foi servido junto com o vinho Baigorri Reserva 2006, que custa 30 euros, na Espanha
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O último pintxo servido foi um canelone de galinha caipira com creme de alho poró e mousse de milho doce
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Quando servido, o prato gerou discussões entre os presentes, sugerindo que já pudesse ser a primeira sobremesa, devido as aspecto caramelizado e com a castanha em cima do mousse de milho
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Bem saboroso e crocante, era recheado com galinha caipira desfiada em tiras muito finas
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O prato foi feito pelo premiado chef Jose Miguel Olazabalaga
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O pintxo acompanhou o vinho tinto Baigorri de Garaje 2007, que custa 50 euros, na Espanha e, segundo o sommelier é intenso e penetrante, além de também combinar com chocolate
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A tradicional sobremesa basca torrija foi servida acompanhada por caramelos cítricos
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O doce - muito consumida no país Basco - é feito por uma massa leve e um creme consistente e muito saboroso
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O chef responsável Jose Miguel Olazabalaga alertou que por ser uma sobremesa deliciosa é preciso não exagerar na dose para não ficar se sentindo pesado
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O tradicional café com leite virou uma sobremesa saborosa preparada pelo chef Beñat Ormaetxea denominada café com leite jauregibarria, o nome do restaurante comandado por ele
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Um leve pudim de leite é acompanhado pelo café. Segundo o chef, no país Basco, a sobremesa é originalmente feita com leite de ovelha, mas como o ingrediente não existe no Brasil, ele a preparou com leite de vaca
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A mistura inusitada e a mistura de sabores chamou a atenção na copa de frutas ao curry, uma salada de frutas coberta com um leve creme feito à base do tempero
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A sobremesa foi preparada pelo chef Ricardo Perez
Foto: Léo Pinheiro / Terra
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