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Varíola dos macacos na gravidez: sintomas, transmissão e tratamento

O que se sabe até agora sobre a doença causada pelo vírus Monkeypox, que já chegou ao Brasil.

17 jun 2022 - 12h49
(atualizado às 13h21)
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Nem bem saímos da pandemia de Covid-19 e uma nova doença já chama a atenção. Trata-se da varíola causada pelo Monkeypox , chamada de varíola dos macacos, zoonose silvestre mais recorrente em áreas florestais do continente africano, que vem sendo observada nos Estados Unidos, Europa, Canadá e outras regiões. No Brasil, atualmente, há seis casos confirmados, quatro em São Paulo, um no Rio Grande do Sul e um no Rio de Janeiro, além de suspeitas ainda sob observação em outros estados.  

Foto: bymuratdeniz/Getty Images / Bebe.com

Embora esteja ganhando o noticiário recentemente, a doença fora da África não chega a ser uma novidade para a comunidade científica. Entre 2018 e 2021, 7 casos foram relatados no Reino Unido, indicando uma relação com pessoas que tinham histórico de viagens para países endêmicos. O que liga o alerta agora é o aumento de casos em outros países e entre pessoas que não viajaram .

De acordo com Viviane Botosso, virologista e diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, ainda não está estabelecido qual é o reservatório do vírus - a relação com roedores está sendo investigada - , mas já se sabe que não é o macaco. Ou seja, a denominação "varíola dos macacos" é incorreta .

Formas de contágio da varíola

" O contágio da varíola por Monkeypox se dá pelo contato direto com fluidos corporais e com as lesões de pele de pessoas infectadas", explica Viviane. Ela destaca ainda a possibilidade de disseminação por secreções respiratórias face a face, além do contato com objetos que tenham sido contaminados pelas lesões, como lençóis e toalhas.

Há também a transmissão entre animais e humanos, "através de mordeduras ou arranhaduras, pelo contato com fluidos corporais e lesões do animal infectado ou até pela utilização de produtos feitos a partir de animais com a doença", diz a virologista. Segundo ela, outras formas de transmissão ainda estão sendo estudadas.

Como se transmite a varíola por fluidos corporais, o recomendado é que gestantes infectadas ou com suspeita de infecção sejam orientadas a dar à luz por cesárea e não por parto normal. É isso que indicam as diretrizes do R oyal College of Obstetricians and Gynecologists e o Royal College of Pediatrics and Child Health, no Reino Unido, onde já foi confirmada a transmissão local da doença.

Os dados sobre a varíola dos macacos na gravidez ainda são incipientes, mas as recomendações são baseadas nas informações que já se tem sobre o vírus. Em um estudo publicado na Ultrasound in Obstetrics & Gynaecology, de quatro gestantes infectadas, três sofreram aborto e uma deu à luz um bebê a termo e saudável. Dois dos três casos de perda gestacional aconteceram no primeiro trimestre e não passaram por teste; o outro aconteceu na 18ª semana e o feto tinha sinais de infecção, com lesões evidentes na pele. Isso aponta a possibilidade de transmissão vertical, ou seja, é possível que o feto seja infectado ainda no útero. Ainda assim, a cesárea é vista como uma opção mais segura para mulheres com a doença. Depois do nascimento, a indicação é que o bebê seja testado. Se ele não tiver o vírus, deve ser isolado e não ter contato com a mãe - nem mesmo com o leite dela - para evitar a contaminação.

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Foto: Edward Jenner/Pexels / Bebe.com

Sintomas da "varíola dos macacos"

Os sintomas da varíola causada pelo Monkeypox são parecidos com os da varíola humana, mas tendem a ser mais brandos. " O período de incubação, ou seja, o período entre a infecção e o início dos sintomas é de 7 a 14 dias, mas pode variar entre 5 e 21 dias. A doença se inicia geralmente com febre, dores de cabeça, nas costas e musculares, exaustão, calafrios e aparecimento de linfadenopatia [inchaço dos linfonodos, não verificado na varíola humana]", explica a diretora do Laboratório de Virologia do Butantan. 

De 1 a 3 dias após o início dos sintomas, se dá o desenvolvimento das erupções cutâneas que, segundo a especialista, começam na face e se espalham por todo o corpo . Ela explica que a s lesões evoluem progressivamente de máculas (lesões com base plana), para pápulas (lesões firmes levemente elevadas), vesículas (lesões cheias de líquido claro), pústulas (lesões cheias de líquido amarelado) e crostas que secam e caem.

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Foto: cottonbro/Pexels / Bebe.com

Tratamento da varíola causada pelo Monkeypox

Como a maioria dos pacientes observados desenvolve sintomas leves ou moderados , com bom prognóstico, o tratamento é paliativo. Isso significa o uso de analgésicos e antitérmicos apenas para tratar as dores e a febre. Ainda é preciso manter as feridas limpas e cobertas para diminuir o risco de transmissão, além de garantir que o paciente se mantenha hidratado e bem nutrido. De acordo com Viviane, essa é uma doença autolimitada (ou seja, que se resolve espontaneamente com o tempo) que dura de duas a quatro semanas

"Em alguns casos, podem ocorrer complicações ocasionadas, por exemplo, por infecções bacterianas secundárias nas lesões, que requerem tratamento com antibióticos. Outras complicações estão relacionadas a desidratação, conjuntivite, pneumonia, sepse e, em raros casos, encefalite e morte. A letalidade gira em torno de 1 a 3% para infecções com o vírus pertencente ao lado da África Ocidental", detalha.

Entre os grupos de risco estão pessoas imunossuprimidas e crianças, que ainda não têm o sistema imunológico formado. Até agora, casos infantis não foram relatados, mas sabe-se que a doença pode ser grave em recém-nascidos. Por isso, gestantes com suspeita de infecção devem ter acompanhamento médico intenso e o bebê precisa ser testado logo após o parto; caso tenha a doença, deve ser monitorado de perto para avaliar possíveis comprometimentos de saúde.

Vale explicar que existem duas linhagens do Monkeypox : a da África Ocidental e da Bacia do Congo (África Central). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as infecções humanas com a linhagem da região Ocidental - que são as identificadas atualmente - são menos graves.

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Foto: Arte: Bebê.com.br / Canva/Bebê.com.br / Bebe.com

Prevenção e vacina

A vacina contra a varíola - registrada como uma vacina contra a varíola humana e a por Monkeypox - já existe. A má notícia é que, por enquanto, não há capacidade de produção em larga escala para distribuição mundial.

Porém, como os casos são facilmente identificáveis, já que os sintomas são extremamente característicos da doença, é possível isolar as pessoas infectadas de forma rápida e evitar o contato direto com elas. Para profissionais da saúde ou pessoas que precisam cuidar do doente em casa, o uso de equipamento de proteção pessoal (EPI) é primordial para evitar o contágio.

Bebe.com
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