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Médica "queima" tumor de bebê ainda no útero em cirurgia inédita no Brasil

Cirurgiã especialista em casos raros faz procedimento inovador. Agora, a equipe reúne material para compartilhar com a comunidade internacional.

24 jun 2022 - 16h24
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No segundo trimestre da gestação, Polyana Resende Brant e seu marido, Tiago, ambos de 38 anos, descobriram que o bebê que aguardavam tinha um tumor na região do tórax. Apesar de não ser maligno, a massa trazia graves riscos por ocupar o espaço do pulmão e ainda receber fluxo sanguíneo.

Foto: Thinkstock/Getty Images / Bebe.com

À BBC News Brasil, a cirurgiã especializada em cirurgia fetal do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, explicou o caso considerado raro. "Esse tumor, apesar de não ser maligno, ou seja, não ser um câncer, estava crescendo e comprimindo os órgãos do bebê, além de 'roubar' parte do sangue do corpo e fazer com que água ficasse depositada na região do pulmão", disse Danielle do Brasil.

Quando Polyana soube que seu bebê teria poucas chances de sobreviver sem intervenção cirúrgica - já que, com 29 semanas, o parto prematuro também seria arriscado - ela se desesperou, mas confiou na ciência. " Tive que manter a fé e buscar os melhores especialistas", disse à BBC.

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Foto: BBC News Brasil/Reprodução / Bebe.com

Cirurgia inédita no Brasil

A solução encontrada pela médica, especialista em casos de alto risco, foi queimar um dos vasos que levava sangue ao tumor, para que a massa "morresse" e fosse absorvida pelo corpo. Com uma agulha grossa com fibra de laser, o procedimento foi executado e se mostrou um sucesso. Após dez dias, no entanto, observou-se que a circulação sanguínea encontrou um novo caminho e o tumor tornou a crescer, aumentando a quantidade de líquido no tórax.

Depois do alívio que Polyana e seu marido sentiram, novamente voltaram à angústia com a notícia. Mas Danielle usou engenhosidade e profissionalismo para adaptar o método e, no segundo procedimento, queimou o tumor inteiro. "Foi o mais difícil da minha vida", disse a médica à rede de notícias. "Eu tinha um alvo móvel que era o tumor, dentro de outro alvo móvel que é o líquido amniótico - e tentando atingir a massa com uma base imóvel, que era a minha agulha", relatou a cirurgiã, que contou com a assistência da médica Juliana Rezende e de toda a equipe cirúrgica.

O tumor não voltou a crescer e o bebê nasceu a termo, sendo chamado de Ragnar, nome de um guerreiro, como ele de fato foi.

Bebe.com
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