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Alcoolismo causa doenças crônicas e afeta vida familiar e social do dependente; saiba onde pedir ajuda

20 de fevereiro é o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo

20 fev 2025 - 04h59
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Mulher segura copo com bebida alcoólica.
Mulher segura copo com bebida alcoólica.
Foto: Robert Essel NYC/Getty Images

Maria (nome fictício) cresceu com um pai alcoólatra e, hoje em dia, só o cheiro da cerveja já a deixa estressada, mesmo que tenham passado 30 anos. Ela vive brigando com o marido por conta da bebida. Os traumas são intensos. Laila (nome fictício) tem apenas 16 anos. Ela costuma chegar às aulas de sexta-feira de ressaca. Sente dor no estômago durante todo o primeiro horário. No fundo, ela nem gosta tanto assim de beber, mas prefere fazer o possível para se enturmar.

Essas histórias reais ilustram uma estatística preocupante que abrange mais de 25% da população brasileira, segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad). Projeções apontam que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool no Brasil deverá ultrapassar 10,1 litros por pessoa por ano em 2025

Em 2019, o Brasil teve um custo de aproximadamente R$ 18,8 bilhões devido ao consumo de bebidas alcoólicas, segundo o estudo Estimação dos custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo do álcool no Brasil, conduzido pela Fiocruz Brasília.

Desses valores, R$ 1,1 bilhão foi referente a custos diretos federais com hospitalizações e tratamentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS).

Já os custos indiretos atribuídos ao álcool somaram R$ 17,7 bilhões, abrangendo as perdas de produtividade decorrentes de mortes precoces, licenças e aposentadorias antecipadas devido a doenças relacionadas ao consumo de álcool, além da perda de dias de trabalho devido a internações e afastamentos médicos.

Dentro das perdas indiretas, o custo previdenciário foi de R$ 47,2 milhões, sendo que 78% (R$ 37 milhões) desse valor foi destinado ao público masculino, enquanto as mulheres representaram 22% (R$ 10,2 milhões).

Impacto do alcoolismo 

Em termos de saúde, o alcoolismo é responsável por diversas doenças crônicas e agudas, incluindo cirrose hepática, pancreatite, distúrbios cardíacos e uma gama de problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.

O impacto do alcoolismo também é socialmente devastador, afetando as relações familiares e o bem-estar emocional das pessoas próximas aos dependentes.

O psicólogo Nino Marchi, especialista em Dependência Química e mestre em Toxicologia pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), enfatiza que "o consumo excessivo de álcool é uma questão que ultrapassa os limites da saúde individual. Ele afeta diretamente a vida de quem convive com o indivíduo dependente, impactando a estrutura familiar e, em muitos casos, levando a rupturas emocionais e sociais".

Marchi destaca, ainda, que os fatores socioeconômicos desempenham um papel fundamental na prevenção e tratamento do alcoolismo, considerando a vulnerabilidade de populações em situação de baixa renda ou em contextos de violência doméstica.

Como o álcool afeta nosso corpo de acordo com a idade? Como o álcool afeta nosso corpo de acordo com a idade?

Para ele, as políticas públicas de prevenção são essenciais para combater o alcoolismo de forma eficaz. "A educação e a conscientização devem começar desde cedo. A escola, a família e as mídias sociais precisam ter um papel mais ativo na disseminação de informações sobre os riscos do consumo excessivo de álcool".

O especialista também alerta para o fato de que, apesar dos avanços nas abordagens terapêuticas, o tratamento do alcoolismo ainda enfrenta barreiras significativas, principalmente devido ao estigma associado à dependência.

"Muitas pessoas ainda evitam procurar ajuda devido ao preconceito e à falta de conhecimento sobre os tratamentos disponíveis. É necessário uma mudança de perspectiva na sociedade, para que a busca por tratamento seja vista como um passo de coragem e não como um sinal de fraqueza".

Além disso, Marchi destaca a importância de políticas públicas mais inclusivas que ofereçam apoio não só ao indivíduo dependente, como também aos familiares, como forma de fortalecer a rede de apoio durante o processo de recuperação.

"Não é suficiente apenas tratar o alcoólatra. É preciso também ajudar quem está ao seu redor, pois muitas vezes são os familiares que sustentam o processo de recuperação ou enfrentam sozinhos as consequências da dependência".

Onde buscar ajuda

Para aqueles que enfrentam problemas com o alcoolismo e buscam apoio, há diversas opções de ajuda em todo o País. Uma das principais referências é o Alcoólicos Anônimos (AA), uma irmandade mundial que auxilia pessoas a se recuperarem do alcoolismo por meio do apoio mútuo e de um programa estruturado.

Alcoólicos Anônimos: como funciona?

O AA baseia seu trabalho em um programa de recuperação dividido em 36 princípios, que incluem:

  • Os Doze Passos: um conjunto de diretrizes sugeridas para a recuperação individual do alcoólatra, focadas na construção de uma nova vida em sobriedade;
  • As Doze Tradições: regras que orientam o relacionamento entre os membros e a irmandade como um todo;
  • Os Doze Conceitos para Serviços Mundiais: princípios que guiam as operações do AA em nível organizacional.

Em comunicado, a instituição frisou que a participação ativa nos grupos é essencial para o processo de recuperação. “A importância do grupo é fundamental. Chamamos de grupo base, onde o membro ingressa, cria uma rotina de frequência, faz novas amizades e encontra apoio. É nesse espaço que ocorrem as reuniões de recuperação, onde cada um pode compartilhar sua experiência, dificuldades e vitórias em uma espécie de terapia de mútua ajuda.”

O AA não mantém registros de seus membros nem divulga estatísticas oficiais, preservando o anonimato dos participantes. No entanto, a busca por ajuda tem crescido nos últimos anos. “Cada vez mais recebemos nos grupos presenciais e online muitos jovens e mulheres. Mas a realidade é que a grande maioria, após um período, acaba se afastando, seja porque acredita ter adquirido controle, seja por dificuldades em manter a abstinência total”, explicam.

Nos primeiros dias de sobriedade, é comum que os alcoólatras enfrentem crises severas de abstinência, mudanças de humor e ansiedade. “É necessário um certo tempo para criar uma nova rotina sem álcool, lidar com as perdas e reconstruir a confiança da família e da sociedade. O AA não oferece atendimento psicológico profissional, mas nos grupos os membros encontram apoio e aprendem com as experiências compartilhadas”.

O AA não promove campanhas de combate ao alcoolismo nem possui vínculos com órgãos públicos, mas realiza trabalhos de conscientização por meio de comitês que levam informações a empresas, clínicas, hospitais e presídios. Também está presente nas mídias digitais, como YouTube, Instagram e TikTok (@aa.or.br), onde disponibiliza entrevistas com profissionais e depoimentos sobre a recuperação.

Outras opções de ajuda

Além do AA, há outros serviços para quem busca apoio contra o alcoolismo:

  • CAPS AD (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas): unidades do SUS especializadas no atendimento de pessoas com transtornos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras substâncias. Oferecem tratamento gratuito com equipe multidisciplinar. Consulte a unidade mais próxima no site da Prefeitura de São Paulo;
  • Grupos de apoio e clínicas de reabilitação: diversas ONGs e instituições privadas oferecem suporte e internação voluntária para dependentes químicos. É importante pesquisar e buscar referências antes de escolher um serviço;
  • Serviços de saúde mental: hospitais públicos e particulares contam com setores especializados em psiquiatria e dependência química. Em caso de crise, o SAMU (192) e o CVV (188) podem ser acionados para suporte emergencial.
Fonte: Redação Terra
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