Tartaruga marinha: como vive e diferença com espécies terrestres
Entenda mais sobre a tartaruga marinha, seu modo de vida no oceano e importância de proteger esses animais.
Tartarugas marinhas são répteis adaptados à vida aquática, com importância ecológica e ameaçadas por mudanças climáticas, poluição e caça, exigindo iniciativas como o Projeto Tamar para sua preservação.
A tartaruga marinha é um réptil que, durante quase toda a vida, está nos oceanos. Por isso, conta com adaptações únicas para a vida aquática e diferenciam-se bastante das tartarugas terrestres e de água doce, seja na anatomia ou no comportamento.
Essas características das tartarugas marinhas são fundamentais para o seu ciclo de vida.
Porém, também é preciso compreender a importância desses animais na natureza e o porquê da preservação das tartarugas ser fundamental para proteger espécies que estão em perigo de extinção diante de desafios diversos, com destaque para as mudanças climáticas.
O que é uma tartaruga marinha?
A tartaruga marinha é um réptil que pertence à Classe Reptilia, sendo um animal bem adaptado para a vida nos mares e oceanos.
Elas possuem carapaças fortes e membros parecidos com nadadeiras que facilitam o deslocamento pela água, tornando-as excelentes nadadoras capazes de percorrer grandes distâncias entre oceanos.
Além disso, apesar de respirarem por pulmões, as tartarugas são capazes de ficar longos períodos submersas.
Diferentemente de tartarugas terrestres e de água doce, as marinhas passam quase toda a vida em ambiente marinho.
Enquanto os animais terrestres possuem membros adaptados para caminhar no solo, os animais que vivem na água doce, em rios e lagos, possuem patas apropriadas para o nado em águas rasas.
Já as tartarugas marinhas possuem nadadeiras e corpos muito mais hidrodinâmicos, o que facilita o deslocamento em alto mar.
Outra diferença entre os animais está na reprodução: apenas as tartarugas marinhas fêmeas saem da água, para desovar nas praias onde nasceram, o que comprova a alta capacidade de orientação espacial desses animais.
Já as tartarugas terrestres fazem seus ninhos em terra, enquanto as de água doce depositam seus ovos nas proximidades dos cursos d’água.
Por fim, as tartarugas marinhas têm alimentação variada, que sofre pequenas alterações de acordo com a espécie e a idade do animal. Em geral, a dieta inclui algas, águas vivas, crustáceos, moluscos e peixes.
Já as tartarugas terrestres e as de água doce apresentam dietas adaptadas ao ambiente, sendo algumas delas herbívoras ou onívoras.
Espécies de tartaruga marinha
Em todo o mundo, existem sete espécies de tartarugas marinhas, com diferentes tamanhos, pesos e características. Cinco delas visitam o litoral brasileiro.
A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior espécie de tartaruga marinha, podendo superar o 1,80 m de comprimento e atingir 700 kg.
Sua carapaça, formada por uma pele grossa e resistente coberta por uma fina capa de pele, a diferença das outras tartarugas. A espécie vive em oceanos tropicais e temperados, incluindo águas brasileiras, sendo a única tartaruga marinha que pode suportar águas mais frias.
A tartaruga-verde (Chelonia mydas) é uma espécie comum no litoral brasileiro e reconhecida pela coloração verde da carapaça quando adulta. Pode atingir 1,43 m e 200 kg. É conhecida por seu papel importante na manutenção dos ecossistemas de gramíneas marinhas.
A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) também é encontrada no Brasil e tem tamanho de cabeça proporcionalmente maior quando comparada com outras tartarugas. Pode ter 1,43 m de comprimento e pesar 100 kg. Alimenta-se de moluscos e crustáceos, usando a força de sua mandíbula para quebrar conchas, por exemplo.
A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) tem carapaça com placas sobrepostas similares a escamas, de coloração marrom e amarela. A espécie habita áreas tropicais e subtropicais e, no Brasil, é uma das espécies que enfrenta maiores ameaças, já que seu casco é usado para a confecção de itens diversos.
A tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) é a menor espécie que visita o litoral brasileiro. De coloração acinzentada, tem cerca de 82 cm de comprimento e 60 kg. É conhecida pela abundância de ovos que põe e pela desova em massa, fenômeno chamado de “arribada”.
A tartaruga-de-kemp (Lepidochelys kempii) é a menor tartaruga marinha do mundo e considerada uma das mais ameaçadas. Não é encontrada no Brasil, estando presente em regiões como o Golfo do México e a costa dos Estados Unidos.
A tartaruga-de-flatback (Natator depressus) vive em águas costeiras da Austrália e Nova Guiné, sendo pouco conhecida fora dessas regiões. Além de ser uma espécie com distribuição restrita, é uma das duas espécies de tartarugas que não se faz presente no Brasil.
Ciclo de vida da tartaruga marinha
O ciclo de vida das tartarugas marinhas começa nas praias, onde as fêmeas depositam os ovos, geralmente à noite. Por temporada, cada fêmea pode botar aproximadamente 130 ovos, que permanecem na areia por cerca de dois meses.
Quando os filhotes nascem, eles correm para o mar e podem enfrentar predadores naturais, como aves, caranguejos e répteis como lagartos. Estima-se que apenas 0,1% dos ovos depositados pelas tartarugas atingem a idade adulta.
Após chegar ao oceano, os filhotes passam por uma fase juvenil em áreas protegidas, com grande oferta de comida como algas e plâncton. Aos poucos, os animais migram para zonas mais profundas e abertas do oceano. Essa fase é considerada crítica no ciclo de vida das tartarugas, pois poucos animais sobrevivem até a idade adulta, devido à predação e aos perigos ambientais.
As tartarugas levam décadas para atingir a maturidade sexual, que ocorre em torno dos 15, 20 ou 30 anos. Nessa fase, apenas as fêmeas retornarão à terra firme, em geral na mesma praia em que nasceram, durante a temporada de desova
Durante toda a vida, as tartarugas marinhas migram por grandes distâncias, atravessando oceanos em busca de alimentação e em épocas de reprodução. A migração entre mares e oceanos também expõe os animais a riscos diversos que podem interromper o ciclo de vida da tartaruga marinha até a idade adulta.
Ameaças às tartarugas marinhas
A poluição da água, com a presença de plásticos e outros materiais nos oceanos, é uma das principais ameaças às tartarugas marinhas. O lixo pode ser confundido com alimento, o que causa intoxicação ou mesmo a morte dos animais.
Outra ameaça é a pesca acidental, quando redes e equipamentos de pesca usados na pescaria de peixes capturam tartarugas, que podem ficar feridas de maneira grave ou mesmo se afogar. Esse tipo de captura é uma das principais causas de morte das tartarugas marinhas.
O aquecimento global e as mudanças climáticas são outro problema, pois afetam os locais de alimentação e desova, a temperatura das águas e da areia da praia, o que desequilibra o meio ambiente em que as tartarugas vivem. Além disso, a elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos afetam as praias nas quais as tartarugas depositam seus ovos.
Por fim, ações humanas também são ameaças aos animais, em práticas como:
- Turismo desordenado, que afeta locais importantes para a vida das tartarugas;
- Tráfico ilegal de ovos, que atrapalha a distribuição das espécies;
- Caça predatória com objetivo de utilizar as carapaças para a produção de artigos diversos.
Apesar de iniciativas e leis que visam a proteção das tartarugas, estima-se que cerca de 40 mil ainda sejam mortas anualmente, colocando todas as espécies em perigo de extinção.
Preservação e projetos de conservação das tartarugas marinhas
Existem diferentes projetos que visam a proteção das tartarugas. No Brasil, um dos mais conhecidos é o Projeto Tamar, que conta com bases de pesquisa e centros de visitantes ao longo do litoral brasileiro.
Fundado em 1980, o Tamar atua na conservação, pesquisa e educação ambiental, ajudando a preservar as cinco espécies de tartarugas marinhas que visitam o litoral brasileiro.
Outros projetos internacionais também se dedicam à proteção das tartarugas marinhas, como a Convenção Interamericana para a Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas (CIT), da qual o Brasil é signatário. Este tratado existe desde 2001 e conta com 16 países, que buscam promover proteção, conservação e recuperação das tartarugas e seus habitats.
Além de projetos oficiais, também é possível adotar ações de maneira individual e coletiva em prol das tartarugas, como por exemplo evitar o descarte de lixo em praias e mares, respeitar áreas de desova e manter as luzes da praia apagadas à noite nas regiões em que há desova de tartarugas, o que contribui para o sucesso da reprodução.
Ao mesmo tempo, boas práticas em atividades de pesca são importantes para a preservação, como a interrupção da pesca de tartarugas durante os períodos de reprodução dos animais, estabelecidos por lei.
Evitar o abandono de itens de pesca, como redes, é outra ação que contribui para a manutenção da vida das tartarugas.
Curiosidades sobre as tartarugas marinhas
As tartarugas em geral são conhecidas pela longevidade. No caso das espécies marinhas, elas podem viver até 80 anos, a depender da espécie. Essa característica contribui para sua importância ecológica, já que o animal tem atuação fundamental na cadeia alimentar de diferentes espécies.
Ao mesmo tempo, as tartarugas marinhas são capazes de atravessar oceanos inteiros e algumas chegam a percorrer até 10 mil quilômetros entre as áreas de alimentação e as praias onde realizam a desova.
Os animais também possuem alta capacidade de orientação espacial e geográfica, utilizando os campos magnéticos da Terra como referência para a navegação. Com isso, são capazes de encontrar a mesma praia em que nasceram, mesmo após décadas de vida no mar aberto.
Por fim, existe o Dia Mundial da Tartaruga Marinha, comemorado em 16 de junho, que homenageia o biólogo e pesquisador Archie Carr, um dos pioneiros nos estudos sobre a migração e conservação das tartarugas marinhas.
Ele foi um dos responsáveis, por exemplo, pelo método de marcação metálica nas nadadeiras das tartarugas, o que permitiu acompanhar os deslocamentos dos animais e sua forma de vida.
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