Documentário destaca importância ambiental do maior manguezal urbano do país
Filme mostra como tradição, ciência e economia circular fortalecem comunidades que vivem do mangue no Espírito Santo
Documentário Impacta Oceano: Mangue é Vida aborda a relevância cultural, ambiental e econômica dos manguezais urbanos no Espírito Santo, destacando práticas sustentáveis e a valorização das comunidades locais.
Um documentário sobre a importância cultural, social e ecológica da conservação marinha: esse é o enredo de Impacta Oceano: Mangue é Vida, sobre os manguezais do Espírito Santo, estado que tem o maior conjunto do ecossistema em área urbana no país.
O maior dos manguezais capixabas, em Vitória, equivale a aproximadamente 10% do território da capital, com 891 hectares. Nas florestas de mangues vivem referências para as comunidades, como as desfiadeiras de siri, ribeirinhos que produzem panelas de barro.
Além da relevância ambiental e cultural, o manguezal sustenta diretamente famílias de pescadores e marisqueiros, responsáveis pela coleta de caranguejo, siri, camarão, mexilhão e ostra, ingredientes que estão na base da gastronomia capixaba, especialmente em pratos tradicionais como a moqueca.
Comunidade na onda de economia circular
Um dos personagens do documentário é Iberê Sassi, que inventou um jeito de reaproveitar as cascas do sururu, molusco que vive na água salobra dos manguezais. “O resíduo é um insumo orgânico e regenerativo, capaz de devolver vida ao solo, reduzir o descarte inadequado nos manguezais e fortalecer uma cadeia circular que une meio ambiente, ciência e comunidade.”
No centro do projeto estão as marisqueiras, mulheres que consideram o mangue como extensão da própria vida. Elas participam de todas as etapas do processo — da coleta à triagem e ao beneficiamento das cascas — garantindo renda, reconhecimento e autonomia. É o caso da marisqueira Cíntia do Nascimento.
Ela é membra da Associação dos Pescadores Artesanais de Porto de Santana e Adjacências (APAPS). Cíntia conta que, antes do aproveitamento das cascas, as sobras do marisco aterravam o manguezal e causavam entupimentos nas casas dos moradores. "Aqui mesmo onde eu moro, aconteciam inundações porque o valão entupia. A água vinha lavando e levando tudo.”
Espírito Santo tem três tipos principais de mangue
O manguezal capixaba abriga três espécies principais: mangue-vermelho, mangue-branco e mangue-preto. Considerado o “berçário do mar”, esse ecossistema é essencial para a reprodução e o desenvolvimento de diversas espécies de peixes, crustáceos e aves.
O mangue vermelho, uma das espécies mais representativas, possui raízes que crescem perpendicularmente ao tronco, permitindo sua fixação em terrenos alagadiços. Dela é extraído o tanino, matéria-prima utilizada na confecção das tradicionais panelas de barro, símbolo centenário da cultura capixaba.
Entre os animais, o caranguejo é espécie mais abundante, seguido pelo sururu, além de inúmeras aves. “As histórias presentes no documentário revelam o poder transformador de iniciativas que unem pertencimento, inovação, impacto social e defesa dos ecossistemas costeiros”, afirma Amanda Albano Alves, sócia-fundadora da Bloom Ocean, que produziu o documentário.
Serviço
Estreia do documentário Impacta Oceano: Mangue é Vida
Quando: 12 de dezembro, 18h
Local: Sesc Glória. Av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória (ES).
Entrada: gratuita