vc repórter: fitas VHS viram roupas nas mãos de tecelão em SP
Hoje em dia, quem deseja assistir um filme ou vai ao cinema, ou opta pelo conforto de casa e utiliza um DVD. Porém, muitos já esqueceram, mas até poucos anos atrás fitas retangulares e que ocupavam mais espaço - as fitas VHS -, é que eram moda. Se já não são mais utilizadas para filmes, por que não transformá-las em arte, ou em roupas? Parece impossível, mas um tecelão cearense, morador de São Paulo, prova que não.
Alexandre Heberte, há seis anos, precisava de matéria-prima para poder produzir em seu tear. Começou a trabalhar com barbantes de algodão e, um dia, observou que possuía muitas fitas guardadas. Não teve dúvidas: começou a utilizá-las em suas produções. "Como não tinha acesso a outros materiais, utilizei o que eu possuía", conta. "E sigo assim até hoje, um hobby virou atividade profissional, o que é fantástico", afirma.
A preocupação com o meio-ambiente surgiu. "Onde foram parar as fitas de locadoras? Em vez de jogá-las no lixo, desperdiçá-las, resolvi transformá-las em algo útil", explica. "E todo o material que sobra, por exemplo, de um cachecol, eu reaproveito em outros objetos", diz Heberte.
Além de cachecóis as fitas VHS dão lugar a vestidos, bolsas, xales e obras têxteis, como painéis decorativos e peças de tapeçaria. "Além das fitas e do barbante, uso materiais como arames e até fitinhas religiosas", explica.
Seu trabalho virou sustento. Atualmente, o artista vende as obras por meio das redes sociais e de encomendas. Além disso, suas roupas já foram expostas em mostras de arte. "Já participei de três exposições e a próxima será no dia 23 de junho", conta. "Também participarei do Ecochic Day", diz Heberte. O movimento foi criado pela jornalista e produtora de moda Mônica Horta e promove ações de sustentabilidade por meio da moda.
Heberte mantém um blog, o Peixes em Peixes, no qual mostra suas criações. Para conseguir mais fitas para seus trabalhos, conta com doações. "Desde que criei o blog, muita gente me procura. Pelo menos uma vez por dia recebo ligações de alguém querendo doar fitas", conta. Bancos, que guardavam arquivos em VHS, e associações, como a Coletivo Verde, passaram a ter parcerias com o tecelão.
Heberte mostra que é possível criar situações que colaboram com o meio-ambiente tomando iniciativas além das já conhecidas. E que, com boas ideias, é possível mobilizar muita gente.
O internauta Alexandre Heberte, de São Paulo (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.
