Sabesp planeja levar saneamento a áreas rurais e de ocupação em SP
Meta da empresa é universalizar coleta e tratamento até 2029, quatro anos antes do previsto em âmbito nacional
Entre janeiro de 2024 e junho deste ano, mais de meio milhão de residências passaram a ser ligadas à rede de esgoto nas áreas atendidas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Com isso, cerca de 2 mil piscinas olímpicas de esgoto deixaram de ser lançadas por mês no meio ambiente. A empresa, que nesta quarta-feira, 23, completa um ano de desestatização, tem planos para universalizar o saneamento básico em sua área de atuação até o ano de 2029 - quatro anos antes da meta nacional.
Os números apresentados apontam que, desde janeiro de 2024, 524.448 residências passaram a contar com esgoto, beneficiando 1,37 milhão de pessoas com a coleta e 1,43 milhão com o tratamento. Desde o dia 13 de junho, a Sabesp aplica o princípio da disponibilidade para cobrar a tarifa mínima de esgoto de imóveis localizados em áreas com redes coletoras, mesmo que não se conectem à rede. O objetivo é estimular que seja feita essa conexão.
De acordo com a diretora executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade, Samanta Souza, a novidade agora do plano da Sabesp é estender o saneamento básico às áreas rurais e de ocupações dos 371 municípios atendidos. "É fato inédito, pois as concessionárias normalmente têm essa responsabilidade só com as áreas urbanas e formais. No nosso caso, levaremos água e esgoto para as áreas rurais e para áreas informais, em parceria com prefeituras, mediante as autorizações necessárias."
Mapeamento
Conforme Samanta, apenas nas áreas rurais serão atendidas 820 mil famílias que estão sendo mapeadas. Em áreas remotas onde não houver possibilidade de entrar com rede, pela dispersão dos domicílios, serão usadas soluções não convencionais, como a perfuração de poços e o tratamento de esgoto com biodigestor. "Os maiores desafios estão nas áreas informais e rurais. No caso das informais, as prefeituras vão nos acompanhar. Haverá lugar onde não poderemos entrar por fatores legais."
Os resultados, segundo ela, já estão aparecendo de forma imediata para quem não tinha o serviço e está recebendo. "Para a sociedade, os resultados vão aparecer gradativamente até 2029. A classe (da qualidade da água) dos rios e represas tende a melhorar ao longo desse período, na medida em que a carga de esgoto diminui, mas precisamos da colaboração da sociedade para trabalhar também com resíduos sólidos e poluição difusa, que também contribuem para a poluição dos mananciais."
Ela lembra que o saneamento traz impacto direto na saúde das pessoas, sobretudo das crianças. "No (programa) Novo Rio Pinheiros, na capital, nas comunidades que receberam infraestrutura de esgoto, as crianças tinham uma média de falta escolar de 24 dias por ano; e esse número baixou para 14 dias por ano. É esse o impacto imediato que a gente espera no Estado todo."
Reservatórios
Entre as demais obras de destaque para a concessão da Sabesp que estão sendo tocadas se encontra a construção de um reservatório no Perequê-Mirim, em Ubatuba, com capacidade para 2 milhões de litros de água. A entrega está prevista até o fim deste ano. A região sofre com problemas de abastecimento, sobretudo em períodos de alta temporada. A rede de saneamento já teve expansão principalmente na região metropolitana de São Paulo, beneficiando comunidades como a Capadócia, na Brasilândia, zona norte da capital paulista.
Após ser multada pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo por despejar esgoto na Represa do Guarapiranga, na zona sul, a Sabesp também anunciou nesta semana um plano para universalizar o saneamento no entorno da represa. Ele prevê a instalação de 23 novas estações elevatórias de esgoto no entorno e a instalação de 650 km de redes para conectar mais 90 mil imóveis à rede principal até 2029.
A represa abastece 4 milhões de pessoas e, desde 2020, o Ministério Público cobra ações no local. Este ano e no próximo serão R$ 958 milhões em obras contratadas. No total, até 2029, o investimento será de R$ 2,57 bilhões.
Números do primeiro ano de desestatização:
- R$ 10,6 bilhões de investimentos
- 1,32 milhão de pessoas com acesso à água
- 1,43 milhão de pessoas com tratamento de esgoto
- 874 km de novas redes de água e esgoto - o equivalente à distância de São Paulo a Foz de Iguaçu
Região Metropolitana de São Paulo:
- Investimentos: R$ 8,3 bilhões
- Mais 950 mil pessoas com acesso à água
- Mais 1 milhão de pessoas com acesso a tratamento de esgoto
Região Metropolitana da Baixada Santista:
- Investimentos: R$ 983 milhões
- mais 80 mil pessoas com acesso à água
- mais 135 mil pessoas com a acesso à tratamento de esgoto
Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte:
- Investimentos: R$ 954 milhões
- Mais 73 mil pessoas com acesso à água
- Mais 60 mil pessoas com tratamento de esgoto
Vale do Ribeira:
- Investimentos: R$ 115 milhões
- Mais 10 mil pessoas com acesso à água
- Mais 2900 pessoas com tratamento de esgoto
Pardo/Grande e Piracicaba/Capivari/Jundiaí:
- Investimentos: R$ 570 milhões
- Mais 75 pessoas com acesso à água
- Mais 68 mil pessoas com tratamento de esgoto
Alto e Baixo Paranapanema:
- Investimentos: R$ 401 milhões
- Mais 64 mil pessoas com acesso à água
- Mais 58 mil pessoas com tratamento de esgoto
Baixo e Médio Tietê:
- Investimentos: R$ 425 milhões
- Mais 66 mil pessoas com acesso à água
- Mais 51 mil pessoas com tratamento de esgoto