Diária de hotel em Belém aumenta 8 vezes para COP30: 'É óbvio que é a famosa lei da oferta e da procura'
Valor das hospedagens têm causado críticas internacionais; gerente destacou que aquecimento do mercado é esperado
Diárias de hotéis em Belém aumentaram até seis vezes para a COP30, gerando críticas internacionais e pedidos de medidas para alojamentos mais acessíveis; gerentes justificam os preços pela alta demanda e "lei da oferta e procura".
Em meio à polêmica sobre os altos preços de hospedagem em Belém para a COP30, um hotel tem recebido críticas por mudar o nome para "Hotel COP30". Sob outra gerência, trocada no ano passado, o local era um motel conhecido como "Nota 10". Agora, as diárias custam aproximadamente R$ 2 mil para a conferência do clima - 8 vezes o valor tradicionalmente cobrado.
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Para a COP30, marcada entre 10 e 21 de novembro, a tarifa disponível no Booking chegou a R$ 29.700 para 11 diárias em um quarto duplo com banheiro privativo - cerca de R$ 2.154 por noite. Conforme o gerente do hotel, Alcides Moura, ao Terra, a diária em baixa temporada gira em torno de R$ 235.
O hotel fica na Travessa 1º de Março, no bairro Campina, a pouco mais de seis quilômetros do Centro de Convenções da Amazônia, onde ocorrerão as principais reuniões.
Segundo Alcides, o prédio foi adquirido em agosto de 2025 pela nova gerência e recebeu o nome de COP30 em "homenagem ao evento". "Não existiu a intenção de vender mais, de aumentar as diárias. O segmento que era trabalhado na gestão anterior não tem nada a ver com a gestão atual. Antes, era um motel rotativo. Agora, a gente trabalha como hotel".
Conforme o gerente, o hotel está aplicando valores "fora do que costuma trabalhar" devido à "grandiosidade do evento mundial que está acontecendo".
"A gente está de acordo com o mercado que está sendo trabalhado. Em alguns casos, eu acho que são abusivos. Mas, se um evento mundial está vindo para a nossa cidade e as acomodações são insuficientes, é óbvio que é a famosa lei da oferta e procura", disse.
No momento, embora esteja disponível no Booking, não é possível reservar um quarto. Isso porque, conforme Alcides, a administração está aguardando a aproximação da data e analisando as ofertas. "A gente está recebendo muita solicitação, inclusive de embaixadas. A gente recebeu proposta de fechar o hotel todinho e ninguém questionou o valor. Quem está questionando o valor é brasileiro".
O gerente destacou, ainda, que Belém recebe outro evento, regional, o Círio de Nazaré, quando as diárias chegam a R$ 1500. "Por que que agora estão reclamando? O Círio é um evento regional. A COP30 é um evento mundial, por que que não pode ser duas vezes o valor do Círio? Por que que não pode ser três vezes o valor do Círio?".
"Ninguém está tentando agir de má fé. A gente está, lógico, aproveitando a oportunidade como comerciante, mas se isso for ilegal, que o setor de hotelaria se pronuncie, que o Ministério Público se pronuncie, que o Governo do Estado se pronuncie, mas até então o mercado está todo aberto", afirmou o Alcides.
Crítica internacional
A situação gerou queixas de delegações internacionais e levou o escritório climático da ONU a realizar uma reunião de emergência nesta semana. Na quinta-feira, 30, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, confirmou que alguns países chegaram a pedir que o evento fosse transferido de Belém para outra cidade, devido à dificuldade de hospedagem.
Apesar das críticas, Corrêa do Lago descartou qualquer mudança de sede: "Os preços estão muitíssimos mais altos. Então, há uma operação em curso para assegurar que todos os países, mesmo os mais pobres, possam vir para a COP. E vamos lembrar os grandes elogios que também são feitos a Belém, não só pelo fato de ser na Amazônia, mas também pelas imensas qualidades da cidade", disse nesta sexta.
O embaixador reconheceu que delegações de nações com menos recursos foram as mais afetadas pelo aumento de preços. Para contornar o problema, o governo brasileiro e a organização da COP30 afirmam estar reservando quartos com valores mais acessíveis e buscando alternativas para garantir a participação plena de todos os países, além de espaços para a sociedade civil, ONGs, setor privado e cientistas. disse que estão sendo feitas várias ações para assegurar que todos os países participem, como a reserva de quartos com valores mais acessíveis para algumas delegações.
Além dos delegados oficiais, o embaixador destacou que o evento também precisa garantir espaço para sociedade civil, observadores, ONGs, setor privado e cientistas.
