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Mapa da Poluição: pessoas que andam de ônibus na Zona Oeste estão mais expostas, diz estudo

Por outro lado, pesquisas trouxeram perspectivas positivas sobre a poluição: entre nove cidades do sul global, São Paulo teve menor índice

8 mai 2024 - 05h00
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Resumo
Pesquisas buscaram criar um mapa da poluição de São Paulo, com coleta de dados em carros, bicicletas, ônibus e metrô. Os corredores de ônibus na zona oeste são os locais onde a população paulista está mais exposta. São Paulo teve o menor índice de poluição entre 10 cidades da África, Ásia e América do Sul.
A Marginal Pinheiros, principal via que dá acesso à Zona Oeste de São Paulo
A Marginal Pinheiros, principal via que dá acesso à Zona Oeste de São Paulo
Foto: Ranimiro Lotufo Neto/iStock

Que estamos expostos à poluição do ar ao sair de casa, bom, não é novidade. Mas você sabia que essa exposição varia a depender da rua, da quantidade de árvores do local e até mesmo do tipo de transporte que você está usando? Em São Paulo, quem circula de ônibus pela Zona Oeste está mais exposto à poluição.

Essa constatação foi possível por causa da junção de projetos de pesquisa, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que buscam criar um mapa da poluição de São Paulo. 

"Nesse corredor, os ônibus ficam na esquerda, que acaba sendo muito próximo dos veículos na direção contrária, que são os ônibus na direção contrária. Então, os dois veículos compartilham, muitas vezes, essa faixa central. Quando o ônibus para ali e abre a porta para que os passageiros entrem, ele está muito próximo da emissão que está saindo do escapamento do ônibus que está na direção contrária", explica o professor Thiago Nogueira, do Departamento de Saúde Ambiental, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

Os ônibus não foram o único meio de transporte estudado. Pesquisadores saíram às ruas em carros, bicicletas e também metrô, para realizar trajetos diversos, todos dentro da capital paulista. Munidos de equipamentos portáteis, eles mediram a qualidade do ar, aliado a um GPS, para salvar as informações de cada região.

"A gente tentou, sempre que possível, fazer uma rota muito similar entre os modos de transporte", explica Nogueira.

Com a coleta dos resultados, foi possível entender quais são os pontos mais poluídos de São Paulo e, ainda, o porquê disso, como é o caso dos corredores de ônibus da zona oeste.

Resultados

Os corredores de ônibus na Zona Oeste são, de fato, os locais onde a população paulista estaria mais exposta à poluição. Considerando os resultados gerais, a maior concentração de material particulado - partículas suspensas no ar - foi encontrada em situações em que o carro estava com as janelas abertas. São também os motoristas e passageiros de ônibus de São Paulo os que estão mais expostos à poluição do ar.

Por outro lado, as pesquisas trouxeram perspectivas mais positivas sobre a poluição. Em uma comparação com outras nove cidades da África, Ásia e América do Sul - o chamado "sul global" -, São Paulo teve o menor índice de poluição.

"No imaginário de muita gente ainda tem que São Paulo é uma cidade muito poluída. Ela já foi no passado", afirma Nogueira.

Ele explica que a redução de indústrias na região da cidade de São Paulo e a melhor regulamentação da emissão de gases poluentes pelos veículos têm melhorado as condições do ar da maior cidade do Brasil.

Utilidade futura

Em maio do ano passado, o governo de São Paulo anunciou que as informações da qualidade do ar coletadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) estão disponíveis para a população através do Google Maps. Assim, quando a pessoa procurar por aquele local no Maps, poderá acessar o detalhamento de "qualidade do ar".

O que já acontece hoje deve ser aprimorado pelos projetos em andamento na USP.

"Tem alguns sites que pegam as medidas da rede de monitoramento da Cetesb, e disponibilizam esses dados. Mas, se você olhar, a cobertura deles é muito espaçada, a resolução é ruim. Então, a ideia de combinar com outras informações é para melhorar essa resolução, para você ter informações no nível mais próximo", diz a professora Maria de Fátima Andrade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.

Ela explica que a ideia é criar um mapa das regiões mais afetadas pelos poluentes, unindo os dados da Cetesb aos dos pesquisadores que fizeram coletas na cidade, mais outros resultados de projetos de dissertações de mestrados. Neste aspecto, o professor Thiago Nogueira acrescenta que os projetos em desenvolvimento ainda não estão na fase de uso da população, mas já há uma ideia sobre como fazer para atualizar com frequência os dados da poluição.

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"Eu já vi alguns estudos em que colocam o equipamento [de medição] em cima do ônibus. E aí esses equipamentos ficam circulando e captando essa poluição. O interessante é, obviamente, que esses dados fiquem abertos, assim como em bicicletas. Então, você tem esses equipamentos instalados nas bicicletas e aí as pessoas que utilizam, seja para fazer delivery ou para fazer o seu deslocamento para o trabalho, elas poderiam fornecer esses dados. São desdobramentos dessa pesquisa que a gente iniciou", afirma.

Fonte: Redação Terra
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