Yuki Tsunoda: até onde pode chegar o japonesinho da F1

Yuki Tsunoda foi o mais jovem piloto a estrear nesta temporada, com 20 anos, 10 meses e 17 dias, o 65º a marcar pontos na estreia na Fórmula 1, no Grande Prêmio do Bahrein, e o oitavo piloto japonês a marcar pontos na categoria. O piloto da AlphaTauri largou em 13º e até foi cauteloso nas primeiras voltas, perdendo algumas posições. Mas, durante a corrida mostrou que vai dar trabalho nas pistas e terminou a prova em nono lugar. 

Com o desempenho no Bahrein, Tsunoda rapidamente se tornou o piloto queridinho desta temporada. Impressionou Ross Brawn, diretor esportivo da Fórmula 1, que afirmou que o piloto japonês “é o melhor novato que a Fórmula 1 teve há anos”. E foi a aposta de Helmut Marko, consultor da equipe Red Bull, para ser o primeiro campeão japonês da categoria. 

Declarações um tanto ousadas depois de uma única corrida, é bem verdade. Mas, o desempenho positivo do piloto da AlphaTauri seja nos treinos da pré-temporada ou final de semana de abertura da F1 no Bahrein, mostrou que a contratação de um piloto novato – e mesmo sem títulos nas categorias de acesso – para ser o companheiro de equipe de Pierre Gasly começa a dar resultados. 

Yuki brigou pelo título da Fórmula 2 em 2020 e terminou o campeonato na terceira colocação. Chegou à AlphaTauri para assumir a vaga do russo Daniil Kvyat, como pupilo da Honda e uma aposta da Academia de Pilotos da Red Bull em 2021. Academia que tem entre seus pilotos o neozelandês Liam Lawson, de 19 anos, assim como o estoniano Jüri Vips, de 20 anos, e o indiano Jehan Daruvala, de 22 anos. Todos disputam a F2 nesta temporada e são futuras opções tanto para AlphaTauri como para a Red Bull de uma possível vaga na Fórmula 1.

Apesar dos seus 20 anos, Tsunoda parece ser um piloto maduro para estar entre os 20 melhores na Fórmula 1. Antes do início da temporada, aqui mesmo no Parabólica escrevi sobre o piloto e defendi que ele tem uma desafiadora missão: a de não ser só mais um japonês na F1.

As ultrapassagens de Tsunoda no GP do Bahrein chamaram a atenção, ainda mais sobre os campeões do mundo. Na volta 25, Tsunoda ultrapassou Fernando Alonso, da equipe Alpine. Além de ter ficado um pouco emocionado com esse feito, já que o pai é um grande fã do bicampeão, o piloto ainda foi modesto e disse que aprendeu com a condução do espanhol, enquanto estava atrás, observando como dirigia a cada curva. 

Depois, foi a vez de deixar para trás a Aston Martin de Sebastian Vettel no final da reta de chegada. Mais para o final da prova, Tsunoda ultrapassou a Alfa Romeo de Kimi Raikkonen, entrando na zona de pontuação. Curiosamente, o finandês é atualmente o piloto mais experiente da categoria, e que estreou na F1 em 2001, meses antes de Yuki vir ao mundo. Mas o grande final ficou para a última volta, quando Tsunoda superou Lance Stroll e disse que se não assumisse a posição do canadense da Aston Martin, não iria dormir à noite. 

O piloto da AlphaTauri se sentiu feliz por ter dado também os dois primeiros pontos da temporada para a equipe, ainda mais porque Gasly teve problemas no início da prova e terminou a corrida na 17ª colocação. Mas alegou também estar decepcionado por ter perdido muitas posições na primeira volta e ter demorado para se recuperar na prova. Considerou que foi possível avançar mais nas posições, mas sabe que ainda há o que melhorar para a próxima etapa em Ímola. 

Tsunoda não precisa ter medo de cometer erros em sua temporada de estreia. É algo normal e até esperado para um novato que vai oferecer o seu melhor dentro do ótimo AT02, para rivalizar com as equipes que disputam posições no meio do grid. E fazer um trabalho de destaque neste ano abre caminho para ocupar, futuramente, uma vaga na equipe Red Bull. 

Na Fórmula 2, Tsunoda já demonstrava ter uma mistura de agressividade nas pistas e conhecimento técnico. Ele é um piloto que, mesmo novato, demonstra ter inteligência de corrida. Yuki é aquele que observa com atenção o que os pilotos experientes fazem na pista para agregar aos seus conhecimentos, adequando ao ritmo pessoal e ao seu talento promissor.  

Mas, o que ele não pode perder de vista é o foco no principal objetivo: ser campeão mundial. E saber quando é o momento de ser agressivo e veloz, para continuar sendo a sensação da temporada. Afinal, o segredo da vida é o equilíbrio.