Vale a pena comprar o Volkswagen Gol 1.0?

Bastou uma crise para que o Volkswagen Gol voltasse a ocupar uma posição de destaque no mercado brasileiro. Ele terminou a primeira quinzena de maio em terceiro lugar nas vendas, exatamente na semana em que completou 40 anos de produção no Brasil. Para quem busca um carro básico para usar no dia a dia, o Gol ainda é um veículo bastante competitivo. Será que vale a pena?

O Volkswagen Gol é vendido em apenas três versões, o que facilita a vida do comprador. A mais barata é a 1.0, que custa R$ 50.250. Ele tem também duas versões 1.6: manual por R$ 56.490 e a automática por R$ 61.390. Deixemos essas para outra ocasião. Vamos falar do Gol 1.0, pois é esse tipo de carro que o consumidor procura com a crise do coronavírus. Nessa configuração, o Gol vem com câmbio manual de cinco marchas e tem 84 cv de potência com etanol ou 75 cv com gasolina. 

A robustez é o ponto forte do Gol. Trata-se de um carro pensado para o Brasil. Tanto que seu vão livre do solo é maior do que o de alguns SUVs. A ideia é que o carro não fique raspando no chão. Por isso, tem 16,3 cm de altura mínima, contra apenas 11,7 cm do antigo Chevrolet Joy e 12,8 cm do novo Chevrolet Onix. Para quem não sabe, o Joy é o Onix da geração anterior. Já que falamos neles, o Joy custa R$ 52.150 e o Onix 1.0 sai por R$ 53.050. O Gol é R$ 1.900 mais barato que o Joy.

O novo Onix é o único que vem com rádio, bluetooth e USB de série. O Joy é pelado nesse quesito. O Joy Black, que é um pouco mais caro (R$ 52.930), também não oferece opção de conectividade nem como opcional. O Gol vem só com entrada USB. O opcional Media Plus (rádio, bluetooth, MP3, entrada auxiliar e SD card) custa R$ 1.120. Nesse caso, o VW Gol custaria R$ 51.370, ou seja, R$ 780 a menos que o Chevrolet Joy pelado. Outro opcional é o Composition Touch, com tela multimídia e App-connect, por R$ 2.231. Nesse caso, o Gol 1.0 passaria a custar R$ 52.481. Ainda seria mais barato que o novo Onix, mas nesse caso não valeria a pena.

O Gol é mais negócio sem a central multimídia (o rádio vale a pena, pois ninguém merece ficar totalmente desconectado no trânsito). Numa comparação com o novo Chevrolet Onix, o Gol perde nos atributos de espaço, de consumo e de segurança. Mas -- surpresa! -- ganha na potência, no torque e nas relações peso/potência e peso/torque, por isso é um pouco mais rápido. Vai de 0-100 km/h em 13,1 segundos, contra 13,3 do Onix e 13,4 do Joy.

O Volkswagen Gol ganha do Chevrolet Joy no consumo urbano (13,3 km/l contra 12,8) e perde no consumo rodoviário (14,4 km/l contra 14,7). Esses valores são com gasolina. Com etanol, ocorre a mesma coisa: o Gol ganha na cidade (9,1 contra 8,8) e perde na estrada (10,1 contra 10,3). Devido ao tanque muito pequeno (apenas 44 litros), o novo Onix perde na autonomia até para o velho Joy (54 litros). Com seus 55 litros, o Gol é capaz de rodar 500 km na cidade com etanol e 731 km com gasolina. O velho Volkswagen é competitivo também no porta-malas: tem 285 litros (4 litros a menos que o Joy e 10 litros a mais que o Onix).

É verdade que o Gol já está no segundo facelift da geração lançada em 2008, mas não é um carro feio. É até surpreendente como ele ainda se mantém competitivo, embora ofereça menos conforto que os rivais da Chevrolet, especialmente no banco de trás. Mas o Gol é forte e tem outros trunfos que ainda são valorizados por muitos consumidores, como a robustez e o comportamento dinâmico. Ele é capaz de transportar 434 kg de carga, contra 375 kg dos Chevrolet.

É rodando que o Gol é mais forte. O motor 1.0 de 84 cv é muito acertado e tem um casamento perfeito com o câmbio manual de cinco marchas. Os engates são bastante precisos. A vantagem do câmbio de seis marchas da dupla Joy/Onix é o consumo. O Gol também tem um comportamento dinâmico bastante confiável e adequado para estradas ruins. A estabilidade é boa e não é comprometida pela altura mínima do solo porque a carroceria é mais baixa do que a dos rivais. 

Mas, de novo, para quem busca um carro mais confortável, o Joy é melhor e o Onix é muito melhor. A dupla da Chevrolet vem com direção elétrica, enquanto o Gol ainda usa a direção hidráulica (que também é leve nas manobras, mas não tanto quanto a outra). Finalmente, os três carros usam pneus com a mesma largura (185 mm) e mesmo perfil (65), mas com rodas de 14” no Gol e de 15” na dupla Joy/Onix, o que os deixa mais bonitos.

Para quem vale a pena - O Gol 1.0 vale a pena para quem roda bastante na cidade e sozinho ou com apenas uma pessoa do lado. Ele é mais prático e carrega mais peso, o que dá mais opção para quem precisa transportar alguma coisa. Ele também é mais agradável de dirigir, tem uma tocada bem adequada a quem busca um carro ágil no trânsito.

Para quem não vale a pena - O Gol 1.0 não vale a pena para quem busca um carro mais espaçoso por dentro e carrega pessoas atrás, pois ele é apertado. Ele também não vai agradar quem valoriza o visual moderno, pois seu projeto é mais antigo do que o de outros carros, como os Chevrolet Joy e Onix. Quem pega muita estrada também vai gastar mais com combustível se comprar um Gol.