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Novo Tracker pode ser a pá de cal no Chevrolet Cruze Hatch

Com preços similares aos do Cruze Sport6, o Tracker 1.2 Turbo pode acelerar o fim do modelo no mercado. Conheça as defesas do Cruze

25 mar 2020 - 11h38
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Chevrolet Cruze Hatch: um bom carro (e necessário), mas com vendas cada vez menores.
Chevrolet Cruze Hatch: um bom carro (e necessário), mas com vendas cada vez menores.
Foto: GM / Divulgação

A GM criou um problema para si mesma ao avançar com o novo Chevrolet Tracker até o valor de R$ 112 mil. É justamente na faixa de R$ 98 mil a R$ 110 mil que se encontram as duas configurações mais acessíveis do Cruze Hatch, também chamado de Cruze Sport6. Líder de uma categoria que desaparece dia após dia, a de hatches médios, o Chevrolet Cruze vendeu somente 1.086 unidades no primeiro bimestre deste ano -- sendo apenas 331 em fevereiro e 162 nas três primeiras semanas de março. Se não bastasse isso, o Tracker 1.2 Turbo tem atributos que podem atrair mais consumidores do que o Cruze Hatch.

O novo Tracker tem três versões 1.2 Turbo com câmbio automático de seis marchas (o mesmo GF6 usado pelo Cruze). A básica custa R$ 90.500, a LTZ sai por R$ 99.990 e a Premier custa R$ 112.000. Já o Cruze Hatch tem duas versões e três configurações: LT 1.4 Turbo por R$ 98.750, Premier I por R$ 109.750 e Premier II por salgados R$ 121.750. Vale dizer também que, apesar das vendas cada vez menores, o Cruze Hatch é dono de 85% da categoria -- seu mais próximo seguidor é o Mercedes-Benz Classe A, com 57 vendas no primeiro bimestre.

O Cruze Sport6 tem duas versões com preços similares aos do Tracker.
O Cruze Sport6 tem duas versões com preços similares aos do Tracker.
Foto: GM / Divulgação

Carro por carro, o Cruze Hatch é melhor do que o Tracker. Seu comportamento dinâmico é superior e o motor também é mais potente. Porém, hatches médios “saíram de moda” e é isso que pode determinar o seu fim mais cedo do que gostaríamos. Especialmente com a crise de vendas provocada pela pandemia de coronavírus, não será surpresa se a GM (como outras montadoras) focar seus esforços apenas em carros de grande volume. O Cruze é fabricado na Argentina. Compare alguns números do Cruze Hatch e do novo Tracker.

Carro

Cruze

LT 1.4

Tracker

LTZ 1.2

Preço     R$ 98.750  R$ 99.990
Motor 1.4 T 1.2 T
Potência 153 cv 133 cv
Potência específica 109 cv/l 111 cv/l
Torque 240 Nm 210 Nm
Peso/potência 8,6 kg/cv 9,4 kg/cv
0-100 km/h   9s0 9s4
Consumo cidade  11,1 km/l  11,2 km/l
Consumo estrada 13,5 km/l 13,5 km/l
Porta-malas 290 litros 393 litros

Se as vantagens do Cruze Hatch não são muito grandes devido ao maior peso (1.310 kg contra 1.248) e à menor potência específica do motor 1.4 Turbo em relação ao 1.2 Turbo, quando chega nos equipamentos e na praticidade, o Tracker se impõe com mais facilidade. Um fato elogiável na linha Chevrolet é que esses carros já vêm com seis airbags de série em todas as versões. Na disputa entre o Cruze LT 1.4 e o Tracker LTZ 1.2, o hatch oferece a mais: faróis de neblina, monitoramento de pressão dos pneus, ar-condicionado automático e bancos de couro. Já o Tracker LTZ, por R$ 1.240 a mais, entrega alerta de ponto cego, sensor de chuva, faróis com acendimento automático e chave presencial.

Novo Chevrolet Tracker: motor 1.2 Turbo coloca o Cruze em perigo.
Novo Chevrolet Tracker: motor 1.2 Turbo coloca o Cruze em perigo.
Foto: GM / Divulgação

Entre o Cruze Hatch Premier e o Tracker Premier, a diferença de preço é de R$ 2.250 a favor do Cruze. Mesmo sendo mais barato, ele tem faróis de neblina (ausência inexplicável no SUV), retrovisores rebatíveis eletricamente, partida remota e navegador por GPS. Já o Tracker Premier oferece a mais: faróis de LED, alerta de ponto cego, alerta de colisão frontal, frenagem de emergência, assistente de estacionamento, teto solar panorâmico e carregador de celular por indução. Ou seja: mais atenção aos equipamentos de segurança, que só estão presentes no Cruze completo, por R$ 121.750.

Em termos estratégicos, a GM deveria manter o Cruze Hatch no mercado mesmo com vendas bem baixas, pois é o último hatch médio disponível abaixo de R$ 100 mil. Aparentemente, essa categoria (abandonada recentemente pelo Ford Focus e pelo Volkswagen Golf) ficará restrita aos carros premium, como o Mercedes Classe A, o BMW Série 1 e o Audi A3. Mas as decisões sobre a permanência ou não de um carro não é feita assim -- o que vale, principalmente em tempos de crise, são as planilhas de custo. Sem contar que o Cruze Sedan também pode ser canibalizado por algumas versões do novo Tracker. Mas pelo menos o Cruze Sedan ocupa um bom terceiro lugar entre os médios, com 16% de uma categoria que tem carros como Toyota Corolla, Honda Civic e Volkswagen Jetta. Ele não corre perigo no momento.

Guia do Carro
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