Comparativo SUV turbo: Captur 1.3 desafia o Tracker 1.2

Desde que foi lançado, em 2020, o novo Chevrolet Tracker se transformou num sucesso no segmento B-SUV (compacto). Grande parte do mérito de seu sucesso comercial está no motor 1.2 turbo de 133 cv e 210 Nm. Este ano, entretanto, o Renault Captur foi reestilizado e ganhou três versões com o novo motor 1.3 turbo de 170 cv e 270 Nm. Portanto, vale a pena analisar bem antes de comprar.

Os dois carros usam câmbio automático de 6 marchas, mas no Renault é CVT. O Chevrolet tem ainda versões 1.0 turbo de 116 cv e 160 Nm de torque. Porém, a diferença de potência (-54 cv) e torque (-110 Nm) é muito grande, de forma que só vale a pena para quem busca um carro mais barato (ou não muito potente, mas recheado de equipamentos).

Versões comparadas

O Chevrolet Tracker tem atualmente apenas uma versão 1.2 turbo: Premier (R$ 136.490). Já o Renault Captur tem três versões 1.3 turbo: Iconic (R$ 138.490), Intense (R$ 129.490) e Zen (124.490). As versões do Tracker 1.0 turbo que deixamos de fora deste comparativo são as seguintes: Premier (R$ 127.390), LTZ (R$ 118.490), LT (R$ 109.290) e MT6 (R$ 99.750).

Potência e desempenho

O Chevrolet Tracker 1.2 turbo tem 133 cv de potência com etanol e 132 cv com gasolina (5.500 rpm). O torque máximo de 210 Nm está disponível a 2.000 rpm. Sua relação peso/potência é de 9,6 kg/cv e a relação peso/torque é de 6,1 kg/Nm. Os números do Renault Captur 1.3 são melhores em todos os itens: 170 cv com etanol e 162 cv com gasolina (5.500 rpm); relação peso/potência de 8,0 kg/cv; relação peso/torque de 5,1 kg/Nm.

Apesar desses números, o Captur não é muito mais rápido do que o Tracker. Na aceleração de 0 a 100 km/h o Renault ganha por apenas 2 décimos de segundo (9s2 contra 9s4) e sua velocidade máxima é apenas 5 km/h maior (190 contra 185 km/h). Isso ocorre porque a Renault precisou “segurar” o desempenho do Captur para não deixá-lo muito gastão. Assim, sua grande vantagem -- que é perceptível rodando com os dois SUVs -- está nas retomadas de velocidade. O Captur é mais ágil do que o Tracker na cidade e na estrada.

Consumo urbano e rodoviário

Com 37 cv a menos no etanol e 30 cv a menos na gasolina, o Chevrolet Tracker deveria ser bem mais econômico do que o Renault Captur, mas não é bem assim. Na realidade, a vantagem do Tracker surge somente na estrada, quando normalmente se exige mais potência do motor. Na cidade, os dois carros praticamente empatam no consumo de etanol e de gasolina, com ligeira vantagem para o Tracker. Na estrada, aí sim, o Chevrolet impõe sua proposta mais econômica sobre o Renault, com grande vantagem na gasolina e boa vantagem no etanol. Veja os números na tabela.

Medidas e capacidades

O Renault Captur é um pouco maior do que o Chevrolet Tracker. Os dois carros têm bom espaço interno, mas as dimensões do Captur permitiram que ele tivesse um porta-malas maior: 437 litros contra 393. O Renault mede 4,38 m de comprimento, 1,81 m de largura e 1,62 m de altura. O Chevrolet mede 4,27 m de comprimento, 1,79 m de largura e 1,63 m de altura. Portanto, o Captur só perde na altura. Quanto à distância entre-eixos, mais uma vitória do Captur: 2,67 m contra 2,57 m.

Além de ser mais curto no entre-eixos e um tiquinho mais baixo, o Chevrolet Tracker também é mais rebaixado: seu vão livre do solo é de apenas 157 mm, contra 212 mm do Renault Captur. Os dois carros têm suspensão traseira por eixo de torção e usam rodas de aro 17 com pneus da mesma largura: 215 mm. Entretanto, os pneus do Tracker têm perfil mais baixo: 55% da banda de rodagem contra 60% no Captur. O resultado prático dessas duas combinações pode ser sentido na estabilidade e no conforto. O Tracker é mais estável nas curvas, porém o Captur é mais confortável ao rodar.

Equipamentos

O Chevrolet Tracker tem 6 airbags em todas as versões, enquanto o Renault Captur  tem apenas 4, inclusive na versão topo de linha. Uma clara decisão de economia de custos para segurar o preço do SUV. O Chevrolet dá um banho em itens de segurança, oferecendo ainda alerta de colisão frontal, frenagem automática de emergência, vetorização do torque, assistência de emergência e assistência de recuperação veicular (todos itens indisponíveis no Captur).

Em relação ao Captur topo de linha, o Tracker oferece ainda sensor de estacionamento dianteiro, assistente de estacionamento semiautomático, retrovisor interno eletrocrômico, teto solar elétrico panorâmico, Wi-Fi a bordo e carregador do celular por indução. Para justificar o preço maior, além do motor bem mais potente, o Captur Iconic (+R$ 2.000) oferece câmeras 360°, faróis de neblina, luz traseira de neblina, retrovisores rebatíveis eletricamente e acionamento remoto do motor.

Já o Captur Intense (-R$ 7.000 do que o Tracker) perde as câmeras 360°, os faróis de led, o alerta de ponto cego, os bancos de couro (opcionais) e o acionamento remoto do motor. Finalmente, o Captur Zen (-R$ 12.000) perde ainda faróis de neblina, ar-condicionado automático, sensor de chuva e sensor crepuscular.

Conclusão

O Chevrolet Tracker tem duas vantagens: menor consumo na estrada, maior nível de equipamentos de segurança e internet a bordo. Para quem roda muito mais na cidade, a vantagem do consumo praticamente desaparece. Para quem viaja bastante, a vantagem no consumo é grande, mas a perda nas retomadas de velocidade também são consideráveis.

O Renault Captur está muito bem posicionado depois que ganhou o motor de 170 cavalos. Com três versões, quer podem significar uma economia de R$ 7 mil ou de R$ 12 mil, sua compra é muito mais racional. Principalmente se o consumidor usar o carro mais na estrada e fizer questão de dois itens: maior potência e torque e maior capacidade de enfrentar terrenos ruins, devido ao vão livre mais generoso e aos pneus mais altos. Veja abaixo nossa tabela de pontuação (0 a 5 por item) e depois os vídeos com os dois carros.

*Máxima pontuação possível: 50 pontos.

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