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Amazon estende proibição do uso policial de reconhecimento facial

A proibição da ferramenta de software é por tempo indefinido em todo o mundo

31 mai 2021 - 05h10
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A Amazon ampliou sua proibição global do uso do seu software de reconhecimento facial pela polícia, até novo aviso, informou a empresa na terça-feira, 25. Com isso, ela prolonga uma moratória imposta há um ano da tecnologia que tem alimentado controvérsias devido aos problemas envolvendo preconceito racial e detenções insidiosas.

A gigante da tecnologia informou em junho, em meio aos protestos em todo o país contra a injustiça racial e a violência policial, ter decidido proibir por um ano o uso pela polícia do seu software, Rekognition, para "dar ao Congresso tempo suficiente para implementar regras apropriadas para o uso étnico da tecnologia".

Na terça-feira, a companhia anunciou que está estendendo a proibição por tempo indefinido. Um porta-voz da empresa não forneceu mais detalhes a respeito.

Embora tenham sido propostas novas normas federais relacionadas à polícia, os parlamentares no Congresso americano ainda precisam aprovar leis com respeito ao uso da tecnologia pela polícia. Mais de uma dezena de cidades e estados implementaram suas próprias leis proibindo ou restringindo a utilização da tecnologia por autoridades públicas ou a polícia local.

Membros da prefeitura de King County, no estado de Washington, onde fica a sede da Amazon, em Seattle, estão analisando uma proibição neste mês. E em Virgínia, onde a Amazon vem construindo sua segunda sede, conhecida como HQ2, os deputados do estado aprovaram uma das mais rígidas leis sobre reconhecimento facial do país, exigindo que a polícia obtenha aprovação legislativa estadual antes de utilizar qualquer sistema de reconhecimento facial.

O software Rekognition foi vendido para delegacias de polícia locais para os agentes carregarem imagens de algum suspeito potencial e rapidamente procurar por registros que combinem no banco de dados de milhares de fotos de pessoas que já foram presas e outros tipos de imagens.

O primeiro cliente da Amazon, a delegacia do condado de Washington no Oregon, informou ao jornal americano Washington Post em 2019 que havia realizado mais de mil buscas por meio do sistema no ano anterior, incluindo fotos de câmeras de vigilância de lojas e perfis no Facebook.

A tecnologia tem sido criticada pelo seu potencial para erros, particularmente depois de pesquisadores descobrirem que o sistema da Amazon, como outros tipos de software de reconhecimento facial, tem a probabilidade de fazer comparações errôneas quando da análise de fotos de pessoas não brancas.

E foi descoberto que a polícia também usou fotos editadas, desenhos e outras imagens distorcidas na busca de potenciais suspeitos, aumentando o risco de resultados falsos.

Três homens, todos negros, processaram delegacias de polícia nos Estados Unidos alegando prisões por engano ligadas a técnicas de reconhecimento facial. Os três casos estão em andamento.

Amazon é uma das muitas companhias colocando à venda a tecnologia de reconhecimento facial: centenas de algoritmos de reconhecimento facial similares têm sido desenvolvidos, alguns deles são promovidos para uso pessoal, comercial ou pela polícia. IBM e Microsoft deixaram de vender a tecnologia para a polícia no ano passado.

Na última década, o FBI e outras agências federais realizaram centenas de milhares de buscas usando técnicas de reconhecimento facial, segundo dados do governo. E hoje algumas empresas permitem que qualquer pessoa realize buscas com software de reconhecimento facial. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Estadão
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