Rocinha inaugura UPP com 600 agentes e 100 câmeras para monitorar comunidade
A favela da Rocinha inaugurou nesta quinta-feira sua Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) quase um ano depois que as forças de segurança ocuparam a comunidade em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde na semana passada foi registrado o assassinato de um policial.
A unidade, com cerca de 600 agentes para proteger os cerca de 70 mil habitantes da comunidade, conta com tecnologia GPS e um centro de controle para supervisionar as cem câmeras que vigiam uma área de 840 mil metros quadrados.
Durante o ato de inauguração da UPP, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, lamentou porque "durante décadas a segurança e os serviços públicos foram deixados de lado" nas favelas cariocas.
Cabral disse que "o caminho à paz está sendo feito com determinação" e que estas medidas são "um processo permanente para o fim dos governos paralelos", em alusão aos grupos armados.
O evento aconteceu sob fortes medidas de segurança, com soldados do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) postados nos telhados de algumas casas e com centenas de agentes de outras divisões percorrendo o bairro com fuzis na mão.
O comandante da nova UPP, o major Edson Santos, explicou à Agência Efe que "antes a população era refém do narcotráfico" e que, embora a venda de drogas continue com a chegada da polícia, "o governo paralelo das facções criminosas já não existe".
Apesar da expulsão dos grupos de narcotraficantes, dois agentes da Polícia Militar foram assassinados desde o começo da pacificação.
Dois jovens policiais que patrulhavam hoje a favela, que não se identificaram, declararam à Efe que a morte de um de seus companheiros no sábado passado foi um "choque".
Estes agentes, de 21 e 23 anos, destacados na Rocinha desde julho, relataram que "90% das patrulhas precisam ser feitas a pé" já que os veículos de quatro rodas só cabem na rua principal.
Por isso, esta UPP, que é a 28ª a ser instalada em favelas do Rio desde 2008, possui também uma dotação de 12 motocicletas para patrulhar as áreas mais estreitas.
Um vendedor de peixe que vive há 14 anos na Rocinha afirmou à Efe que já nota uma melhoria desde a ocupação. "Fiquei sabendo da morte do policial pelos jornais, nós vivemos tranquilos, sem medo e estamos acostumados a isto", comentou.
No meio da confusão de comerciantes, jornalistas, policiais e políticos, um grupo de turistas argentinos percorria a Rocinha acompanhado de um guia.
"Estou de férias, escutei que esta estava pacificada e quis vir conhecer. Na Argentina não posso entrar em uma comunidade para passear", contou à Efe um dos participantes da excursão. EFE
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