Refluxo Gastroesofágico: impactos das ceias de final de ano
Condição afeta 20% da população mundial e demanda cuidados específicos com o consumo de gorduras, açúcares e bebidas durante as festividades
O Refluxo Gastroesofágico (RGE) é uma patologia do sistema digestivo que atinge cerca de 20% da população global. A condição ocorre quando o conteúdo gástrico — composto por ácidos, líquidos e alimentos — retorna ao esôfago. Durante as celebrações de final de ano, a alteração nos hábitos alimentares pode intensificar a ocorrência dos episódios, exigindo atenção quanto à seleção do cardápio.
De acordo com o gastrocirurgião e endoscopista Eduardo Grecco, determinados itens comuns nas ceias de Natal possuem propriedades que relaxam a musculatura do esfíncter esofágico inferior. Esta válvula atua como uma proteção natural para evitar o retorno do ácido; quando relaxada ou submetida a irritantes diretos, o refluxo é facilitado.
Os grupos alimentares que apresentam maior impacto no trato digestivo durante este período incluem:
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Gorduras e preparações fritas: Pratos como pernil, maionese, salpicão e farofa possuem alto teor lipídico. A gordura retarda o esvaziamento gástrico, mantendo o ácido estomacal por mais tempo no órgão.
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Bebidas alcoólicas e gaseificadas: Itens como espumantes, cervejas e refrigerantes elevam a pressão interna do estômago. O álcool atua como irritante e relaxante do esfíncter esofágico.
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Açúcares e sobremesas: Doces com bases de creme de leite ou chantilly, além de rabanadas e panetones, combinam altas concentrações de gordura e açúcar, atuando como gatilhos para a condição.
Para indivíduos diagnosticados com refluxo em estágio severo e sem controle medicamentoso, a recomendação clínica é a exclusão desses componentes da dieta festiva.
Os sinais clínicos do RGE vão além da azia e da queimação estomacal. A condição pode se manifestar por meio de regurgitação, dor torácica e sintomas atípicos, como tosse crônica, pigarro constante e irritação na garganta.
O tratamento especializado é necessário para evitar o uso indiscriminado de antiácidos, que podem ocultar causas subjacentes do problema. O acompanhamento médico permite um diagnóstico preciso e a definição de uma estratégia terapêutica adequada, especialmente em períodos de maior exposição a alimentos irritantes.