Xi defende laços mais estreitos em reunião com rei espanhol enquanto Madri corteja investimentos chineses
O presidente chinês, Xi Jinping, apresentou na quarta-feira ao rei Felipe 6º da Espanha uma visão de cooperação com "grande influência global", no momento em que Pequim busca o apoio de Madri na União Europeia em troca de maior segurança econômica para seu parceiro europeu.
Felipe é o primeiro monarca espanhol a fazer uma visita de Estado à China em 18 anos, enquanto Madri lidera a União Europeia no cortejo de Pequim para novos investimentos depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou fazer com que a Espanha "pague o dobro", a menos que aumente suas contribuições à Otan.
Por sua vez, a China busca superar os atritos comerciais com o bloco de 27 membros em relação ao seu setor de veículos elétricos altamente subsidiado. Além disso, as tensões com a Casa Branca estão pesando sobre sua economia voltada para a exportação, levando as empresas chinesas a buscar novos centros comerciais em regiões como a América Latina e o norte da África -- onde a Espanha tem laços de longa data.
"O mundo precisa de mais forças construtivas dedicadas à paz e ao desenvolvimento", disse Xi a Felipe durante sua reunião no Grande Salão do Povo de Pequim.
"A China está pronta para trabalhar lado a lado com a Espanha para construir uma parceria estratégica abrangente", afirmou Xi, acrescentando que o relacionamento seria mais estrategicamente estável, dinâmico e globalmente influente.
Xi também levantou a perspectiva de empresas chinesas e espanholas "explorarem conjuntamente outros mercados, como a América Latina", informou a mídia estatal.
Ultimamente, Madri tem procurado expandir seus esforços diplomáticos dentro da UE. Em abril, apresentou um novo programa de relações exteriores que pedia maior colaboração com o Japão e a Coreia do Sul na segurança da cadeia de suprimentos, bem como laços comerciais mais profundos com a China.
No entanto, a aproximação com a China traz riscos políticos.
A UE em geral continua desconfiada de Pequim, citando seu apoio à Rússia, sua base industrial apoiada pelo Estado e fluxos comerciais desequilibrados.
Mas o rei oferece a Madri outro caminho. Um monarca constitucional pode se envolver em uma diplomacia sutil que não precisa ser vinculada a um governo eleito quando as relações estão tensas ou politicamente sensíveis.
"A amizade entre a Espanha e a China, sem dúvida, beneficia ambos os povos e é consistente com dois países com uma longa história e uma vocação global", disse Felipe ao seu anfitrião.
"Uma relação de confiança foi forjada", acrescentou.
Em abril, os EUA compararam a decisão da Espanha de buscar laços comerciais mais estreitos com a China a "cortar a própria garganta", depois que o ministro da Economia da Espanha sugeriu que a Europa deveria se alinhar mais estreitamente com Pequim.
Após a reunião, Xi e Felipe supervisionaram a assinatura de 10 acordos que abrangem segurança alimentar e padrões fitossanitários, ensino de idiomas e cooperação em espaço e astronomia, entre outras questões.