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Sem cessar-fogo para a Ucrânia, Putin sai da cúpula com Trump reabilitado no cenário internacional

Embora os presidentes russo e americano tenham multiplicado declarações positivas e gestos amigáveis após a aguardada cúpula no Alasca sobre a Ucrânia, na prática, nada foi divulgado sobre o conteúdo das discussões. Por outro lado, permanecem as imagens de um presidente russo que voltou a ser considerado um interlocutor credível no cenário internacional. No entanto, segundo Kiev, enquanto o encontro acontecia, o Exército russo lançava mais 85 drones e um míssil contra a Ucrânia, sem dar sinais de um cessar-fogo.

16 ago 2025 - 05h09
(atualizado às 12h03)
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Embora os presidentes russo e americano tenham multiplicado declarações positivas e gestos amigáveis após a aguardada cúpula no Alasca sobre a Ucrânia, na prática, nada foi divulgado sobre o conteúdo das discussões. Por outro lado, permanecem as imagens de um presidente russo que voltou a ser considerado um interlocutor credível no cenário internacional. No entanto, segundo Kiev, enquanto o encontro acontecia, o Exército russo lançava mais 85 drones e um míssil contra a Ucrânia, sem dar sinais de um cessar-fogo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, encontra-se com o presidente russo, Vladimir Putin, em Anchorage, Alasca, EUA, em 15 de agosto de 2025.
O presidente dos EUA, Donald Trump, encontra-se com o presidente russo, Vladimir Putin, em Anchorage, Alasca, EUA, em 15 de agosto de 2025.
Foto: REUTERS - Kevin Lamarque / RFI

Com Pierrick Leurent, enviado especial da RFI ao Alasca.

Desde antes da cúpula acontecer, a imprensa vem afirmando que o encontro a entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, seria de grande valor para o líder russo. Neste sábado (16) sem revelar qualquer plano de paz para a Ucrânia, Trump telefonou para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e também falou com líderes europeus sobre a reunião de três horas com Putin na noite de sexta-feira (15).

Embora os dois líderes tenham afirmado, em uma breve coletiva de imprensa, que tiveram discussões produtivas e fizeram verdadeiros avanços - acompanhados de declarações encorajadoras e gestos amistosos - tudo permanece extremamente vago. Aliás, os jornalistas presentes não tiveram a oportunidade de fazer perguntas a Donald Trump e Vladimir Putin ao final do tão aguardado encontro em Anchorage, no Alasca.

Os objetivos de cada um foram alcançados? 

Apesar da recepção marcada por demonstrações de poder militar ao presidente russo - com aviões de combate de última geração posicionados ao lado do tapete vermelho e sobrevoando no momento do reencontro na pista - Donald Trump não conseguiu o que desejava. O bilionário de 79 anos, que insiste em se apresentar como um potencial ganhador do Prêmio Nobel da Paz, queria garantir um cessar-fogo, o que não aconteceu.

O presidente americano também havia prometido sanções adicionais contra a Rússia em caso de fracasso, mas isso já não está mais em pauta. E quanto aos acordos econômicos entre as duas potências mundiais, também não houve nenhum progresso. 

"Não vi nenhum sinal de que estamos nos aproximando do fim dessa guerra. É legítimo se perguntar se tudo isso valeu a pena", disse Charles Kupchan, pesquisador do Conselho de Relações Exteriores e professor de relações internacionais na Universidade de Georgetown à RFI.

E se o republicano gosta de se apresentar como um negociador excepcional, ele não obteve nenhuma concessão de seu homólogo russo. Apesar do tom bravateiro e das ameaças de "consequências muito graves" para a Rússia, feitas antes do reencontro no Alasca caso o Kremlin não encerrasse a guerra, Donald Trump saiu de mãos vazias. Ainda assim, o ocupante da Casa Branca garantiu que restam "muito poucos" pontos a resolver para encontrar uma saída para a guerra iniciada há mais de três anos com a invasão russa da Ucrânia. "Um deles é provavelmente o mais importante", acrescentou, sem especificar qual. A ausência de resultados evidencia os limites da diplomacia baseada na bajulação, destaca o Washington Post. E também revela os riscos de uma certa admiração do dirigente americano pelo presidente russo. 

Vladimir Putin reabilitado no cenário internacional 

Para Vladimir Putin, por outro lado, o sucesso foi total. Com uma cúpula digna de uma visita de Estado, ele foi reabilitado no cenário internacional e voltou a ser considerado um interlocutor válido — mesmo com suas tropas mantendo a ofensiva na Ucrânia. Essa percepção é compartilhada na Rússia, onde especialistas citados pela mídia destacam a ausência de ameaças de sanções e o prestígio conquistado pelo Kremlin. Tapete vermelho para Vladimir Putin, sorrisos e apertos de mão repetidos, trajeto inesperado com Donald Trump em um tête-à-tête dentro do carro presidencial, imagens que foram amplamente reproduzidas pela televisão russa. 

Nada que indique, no entanto, avanços rumo à resolução do conflito a curto prazo. Mesmo assim, Donald Trump manteve um tom otimista em entrevista à Fox News após o encontro. Ao final, Trump afirmou que poderia se encontrar "muito em breve" com o presidente russo novamente. Ao que Vladimir Putin respondeu, em inglês e com leveza: "da próxima vez em Moscou", enquanto Volodymyr Zelensky lamentava que os soldados russos "continuem matando no dia das negociações." 

Trump conversou com Zelensky e líderes europeus 

Paralelamente à cúpula no Alasca, bombardeios russos atingiram cidades como Soumy (nordeste), onde um mercado central foi afetado. Zaporíjia e Dnipro também foram atingidas. Segundo Kiev, o Exército russo lançou 85 drones e um míssil contra a Ucrânia entre a noite de sexta e sábado, dos quais 61 foram abatidos. Os combates na linha de frente continuam. 

Assim, do lado ucraniano, não houve surpresa quanto à ausência de um acordo de cessar-fogo. A decepção veio, na verdade, das palavras de Donald Trump, que, em vez de pressionar Vladimir Putin, transferiu a responsabilidade para a Ucrânia. Ao microfone da Fox News, ele afirmou que a obtenção de um cessar-fogo "dependia do presidente" Volodymyr Zelensky. 

Ainda assim, Trump relatou sua conversa com Vladimir Putin ao presidente ucraniano e a alguns líderes europeus, segundo informou uma porta-voz da Comissão Europeia. Participaram da chamada, que durou "um pouco mais de uma hora", a presidente da Comissão Ursula von der Leyen, o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte. 

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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